Vítimas de soterramento são resgatadas com vida em Ipatinga

Minutos depois, Ilderlano deixou o local, sendo encaminhado com cilindro de oxigênio direto para a ambulância do SAMU


IPATINGA - Duas horas e vinte minutos. Esse foi o tempo que dois funcionários de uma construtora de Ipatinga permaneceram soterrados em um campo de obras para construção de um prédio, situado entre as ruas Pedras Preciosas e Diamante, no bairro Iguaçu. Em uma ação conjunta, os profissionais do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e voluntários conseguiram resgatar com vida Ilderlano Adriano Rodrigues, 27 anos, e Marcos Antônio Paulo Freitas, 31 anos. 
Momentos antes do acidente, registrado às 11h20 da manhã de ontem (1º), eles trabalhavam na retirada de terra para o início da fundação do prédio. O corte de terra era realizado por debaixo de um muro que veio abaixo. Por sorte, nenhuma das placas do muro atingiu os funcionários na cabeça, o que poderia resultar em traumatismo craniano. Além disso, mesmo sendo grande volume de terra que desceu com o muro, as vítimas não tiveram seus corpos completamente soterrados. 


Os militares do Corpo de Bombeiros lutaram contra o tempo, pois as vítimas tinham a região torácica comprimida pela terra, o que comprometia o aparelho respiratório. A todo momento, os bombeiros revezavam as escavações, dialogando com os dois. Eles indagavam se os homens estavam bem ou sentiam dores. Frases de motivação também faziam parte da estratégia dos militares para evitar que as vítimas perdessem a consciência. 


Por quase duas horas e com ajuda de voluntários, os nove militares do Corpo de Bombeiros, comandados pelo capitão Jefferson Oliveira, escavaram ininterruptamente. Porém, somente com a chegada de uma retroescavadeira foi possível a retirada de toda a terra que prendia as vítimas. Os primeiros socorros foram feitos por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). 
O primeiro a ser resgatado foi Marcos Antônio. Aparentemente tranquilo, ele chegou até a conceder entrevista enquanto era imobilizado em uma maca. "Graças a Deus está tudo bem. Estamos salvos. Apenas sinto dor nas pernas". Ele ainda chegou a mencionar se tinham encontrado uma quantia em dinheiro que caiu de seu bolso. 


Minutos depois, Ilderlano deixou o local, sendo encaminhado com cilindro de oxigênio direto para a ambulância do SAMU. Ao final do resgate, os profissionais foram aplaudidos pelos populares que estavam presentes.

IRREGULARIDADES
O coordenador da Defesa Civil, Noé Pedro, em entrevista à imprensa que realizou a cobertura do resgate dos vítimas de soterramento no bairro Iguaçu, salientou que não foram observadas algumas normas de segurança. Ele constatou a ausência de análise de risco e de vistoria prévia nos imóveis ao redor. "São medidas simples e obrigatórias em qualquer obra de médio ou grande porte. Observamos aqui a ausência até mesmo de escoras nos muros, o que poderia evitar um desabamento repentino. Moradores dos imóveis ao lado não foram procurados, ou seja, não fizeram uma vistoria prévia. Por sorte, esses profissionais não pagaram com a vida a irresponsabilidade de quem tinha o dever de zelar pela segurança de todos", alertou Noé Pedro. 
O capitão Jefferson Oliveira, que recentemente assumiu o comando do Corpo de Bombeiros no Vale do Aço, chegou a se emocionar ao término do resgate. "Amo o que faço e confesso que não existe alegria maior do que salvar a vida de uma pessoa. Foi um trabalho cansativo, não poderia deixar de agradecer a todos. Deixo esse local com a certeza do meu dever cumprido", finalizou. 


O empresário Luciano Souza entrou em contato com o DIÁRIO POPULAR e disse que todos procedimentos legais foram tomados para o início de sua obra. Ela afirmou que contratou uma empresa especializada para o serviço e que as vítimas e seus familiares estão tendo total assistência. (Rodrigo Neto) fonte: Diário Popular

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