Uma família pede socorro

Esposa de gari que se acidentou em caminhão compactador de lixo, manicure precisa de ajuda para cuidar de filhos deficientes

JULIANY FERREIRA

ALÉM DAS CONTAS atrasadas, a manicure Marilda, 39, sofre com a precariedade da casa

IPATINGA – A manicure Marilda Aparecida de Carvalho, de 39 anos, moradora do Bairro Bom Jardim, em Ipatinga, está enfrentando muitas dificuldades. Mãe de quatro filhos, dois deficientes, a renda da família não está sendo suficiente para manter as despesas da casa. Marilda conta com a ajuda de igrejas, amigos e até mesmo pessoas desconhecidas para conseguir alimentos, comprar os medicamentos que não são fornecidos pela rede pública, pagar as contas da casa e, ainda, manter em dia a mensalidade da van escolar de seu filho mais novo, que com problemas na visão conseguiu uma vaga na Escola Municipal Altina Olívia Gonçalves, no Bairro Iguaçu.
O marido da manicure, Josué Francisco dos Santos, 43, que trabalhava como gari em Timóteo, recebe desde 2002, quando se acidentou no caminhão compactador de lixo, o benefício previdenciário (auxílio-doença) de R$ 340. O movimento da mão esquerda ficou comprometido. O dinheiro é complementado pela aposentadoria de Josiane Carvalho dos Santos, 15, filha do casal. E pelo trabalho de Marilda, que sempre que pode faz faxina, no valor de R$ 35 cada, e cobra R$ 6 para fazer pé e mão das pessoas que vão à sua residência. “Se eu morasse na parte baixa do bairro ou pudesse ir até a casa de minhas clientes, poderia cobrar o dobro do preço pelo meu serviço de manicure. Mas como o acesso é difícil, cobro esse valor para ver se atraio mais clientes”, conta.
Paralisia

JULIANY FERREIRA

Josiane, 15, com mais de 100 quilos, tem paralisia cerebral, usa fraldas descartáveis e se locomove arrastando-se pelo chão

Josiane, a filha aposentada de 15 anos, é portadora de paralisia cerebral, usa fralda descartável e sofre com obesidade. “Quando a Josi passa mal e preciso chamar uma ambulância, tenho que contar com a ajuda dos vizinhos para descer a escadaria da minha casa. Ela está pensando 102 quilos, e se locomove arrastando o bumbum no chão. O meu sonho era conseguir um carrinho adaptado pra ela. E também transformar essa escadaria numa rampa, para facilitar o acesso. Já estive na Prefeitura e solicitei essa rampa, mas até hoje eles não vieram aqui”, falou, realçando que precisa de fraldas geriátricas para a filha. “Estive no Centro de Referência em Assistência Social (Cras) pedindo fraldas. Mas nem sempre eles podem me ajudar, pois os idosos têm preferência lá”, pontuou, para continuar: “Estou lutando há dois anos para comprar um carrinho especializado para a Josi. Quando fui para São Paulo, com o objetivo de buscar tratamento para a minha mãe, que havia operado de aneurisma cerebral, para a Josiane e para o Cleiton, 12, que tem uma lesão no cérebro, eu cheguei a escrever uma carta pro Programa do Gugu pedindo ajuda, e fui até selecionada, mas minha mãe faleceu, e como não fui chamada voltei para o Vale do Aço”, contou.
Em São Paulo, Marilda descobriu que Josiane desenvolveu um tumor no cérebro. “Notei que estava crescendo um caroço na nuca dela e procurei o hospital. Lá eles fizeram um exame e constataram um tumor de 5,7 X 1,9 cm. Depois disso já se passaram quase dois anos. Quando penteio o cabelo dela, percebo esse caroço, e desde que mudamos para Ipatinga já vi outros dois caroços semelhantes a esse na cabeça dela. Procurei a rede de saúde aqui pedindo ajuda. Contudo, ainda não nos chamaram para fazer a tomografia, e eu não tenho condições para pagar esse exame”, falou, enfatizando que a médica sempre vai até sua residência para ver a Josiane. Como se não bastasse, recentemente Marilda consultou e descobriu um nódulo na mama. “Agora estou aguardando os exames para ver no que vai dar”, disse.
As outras duas filhas do casal, Cleivislaine, 19, e Cleidiane, de 17, ajudam a família da maneira que podem. “A Cleivislaine conseguiu um trabalho na Drogaria Pacheco, mas o dinheiro que ela recebe lá é o suficiente para que ela pague o seu cursinho. Já a Cleidiane está concluindo o ensino médio e já distribuiu vários currículos, mas por ela estudar no período matutino, está muito difícil de conseguir um emprego. Mesmo assim elas me ajudam muito aqui em casa e cuidam dos irmãos quando eu consigo alguma faxina”, disse Marilda.
Ajuda

JULIANY FERREIRA

O quarto onde ela dorme com o mairdo e um dos filhos

As contas da família estão atrasadas. “A nossa conta de luz está atrasada há um mês. Já a de água foi para o segundo mês sem pagamento, com previsão de corte para esta sexta-feira (17). Estou sem gás em casa há mais de 30 dias, mas o gás não me faz muita falta, pois utilizo o fogão à lenha”, expôs.
A manicure também pede presentes de Natal para seus filhos e telhas para sua casa. “Se alguém puder me ajudar, será muito bom. O Cleiton precisa de material de escola (voltado para pessoas com deficiência visual) e também me pediu um videogame. Também preciso de telhas, porque com a chuva, estão ocorrendo muitos vazamentos, parte do reboco da laje caiu. Ganhei três sacos de massa corrida, e meu marido mesmo refez parte do nosso teto. No entanto, devido aos vazamentos, está mofando tudo”, finalizou.
Contato
Quem puder ajudar a família de Marilda pode encontrá-los na Rua Dama da Noite, no Bairro Bom Jardim, em Ipatinga. O telefone para contato da família é (31) 3826-1725.

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