Por medo, família do cruzeirense morto não quer prisão

4164800039Otávio Fernandes teve a cabeça esmagada e chegou morto do HPS

O pai do repositor Otávio Fernandes, 19 anos, integrante da torcida organizada Máfia Azul que morreu na noite de sábado (27) no confronto com integrantes da Galoucura, na Savassi, não quer que os culpados pela morte do filho sejam presos. O serralheiro José Camilo Gonçalves Fernandes, 42 anos, tem a mesma opinião que o irmão gêmeo da vítima, o estudante Gustavo Fernandes. A posição sinaliza o temor de represálias. A família mora no Bairro Solar, na Região do Barreiro, onde há uma rixa história entre torcedores dos dois times. 

Enquanto aguardava a liberação do corpo do irmão, Gustavo Fernandes afirmou que prender os assassinos não devolveria a vida do seu irmão. “Meu irmão morreu. Não adianta prender ninguém agora”, desabafa.

O pai disse que Otávio era 'torcedor doente' do Cruzeiro. “Ele tem uma tatuagem no peito do símbolo da Raposa”. Externando os sentimentos de dor e revolta, José Camilo defendeu o fim das torcidas organizadas. “Deveriam acabar com as torcidas organizadas. Infelizmente, meu filho não foi o primeiro e nem será o último a morrer entre brigas de torcida. Não adianta prender os assassinos e nem culpar a polícia".

O corpo de Otávio Fernandes, 19 anos, será levado para Montes Claros, no Norte de Minas, onde será enterrado.  Os outros dois torcedores que ficaram feridos continuam internados no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). O estado de ambos é estável.

Conforme a assessoria do hospital, Rodrigo Marques Oliveira, 39 anos, sofreu fratura no braço, no rosto e um corte na cabeça. O homem passou por uma cirurgia pela manhã e não corre risco de morte. O outro torcedor, identificado como Flávio Celso de Silva, 35 anos, levou um paulada na cabeça e ainda está confuso. O estado dele também estável. Não há previsão de alta para os pacientes.

A Polícia Militar (PM) informou nesta manhã que até o momento nenhum suspeito foi preso. Imagens das câmeras de segurança do Pátio Savassi, que fica ao lado do Chevrolett Hall, serão utilizadas na identificação dos agressores.

De acordo com a polícia, os torcedores do Cruzeiro passavam pelo local a caminho do Rio de Janeiro, para assistir à partida entre o time mineiro e o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.

Um dos ônibus parou no local e um grupo teria descido e começado a cantar hinos do clube. Dentro do Chevrolet Hall, dezenas de atleticanos assistiam ao evento, que teve a participação de César Gordinho Augusto. Ele é integrante da Galoucura, torcida organizada do Atlético-MG, e dá aulas de artes marciais para os atleticanos.

Ainda segundo a PM, cerca de 40 torcedores saíram do local e usaram placas de trânsito e cavaletes de ferro como armas para atacar os cruzeirenses. A briga generalizada durou poucos minutos, mas foi o suficiente para deixar várias manchas de sangue que ainda podiam ser vistas na calçada no início da manhã deste domingo.

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso e deve requisitar imagens gravadas pelas câmeras de segurança de um shopping, que fica ao lado da casa de eventos, para tentar identificar os responsáveis pelas agressões. Na manhã deste domingo, Silva continuava internado em estado grave no HPS.

Testemunhas disseram que os integrantes da Galoucura quebraram placas de trânsito e utilizaram as barras de ferro de sustenção para partir para cima dos torcedores da Máfia Azul.

Os  torcedores celestes foram encaminhados pelo Samu para o Hospital de Pronto-Socorro Jõao XXIII (HPS). Otávio Fernandes já chegou morto e Rodrigo Marques Oliveira foi levado para a sala de ressuscitação.

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