Levantamento feito pelo Hoje Em Dia, com base nas declarações de bens apresentadas pelos parlamentares ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nos dois últimos pleitos, mostra que 31 deputados estaduais (dos 49 que tentaram e conseguiram a reeleição neste ano) aumentaram, somados, o patrimônio em R$ 36,361 milhões desde a eleição anterior, em 2006. Outros seis contabilizaram perdas de recursos e bens no mesmo período.
De acordo com o levantamento, o deputado mais rico da Assembleia Legislativa de Minas atualmente é Jayro Lessa (DEM): R$ 40 milhões declarados. Ele está no rol dos que perderam patrimônio nos últimos quatro anos. Na eleição de 2006, o deputado declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 42,3 milhões. Ou seja, de lá para cá, perdeu R$ 2,3 milhões.
Como deputado, Jayro Lessa poderia ter uma renda bruta máxima de R$ 1 milhão por mandato, considerando-se a soma de todas os ganhos a que um parlamentar tem direito, como auxílio moradia e “verba paletó”. Isso, se ele não gastasse nem um centavo do que recebe.
Mesmo milionário, o deputado não tem veículos registrados em nome próprio e tem poucos imóveis – nenhum na capital mineira.
A explicação: o deputado diz que perdeu dinheiro quando entrou para a política. Jayro Lessa alegou ainda que gasta o dinheiro que ganha como deputado com os eleitores da sua base eleitoral, em Governador Valadares, no Leste de Minas. “A miséria é muito grande na minha região. Tem que ajudar muita gente”, afirmou.
Para o deputado, o salário de um parlamentar é pequeno, o que impossibilita o enriquecimento. “Não sei como enriquecem (alguns colegas). É um milagre”, afirmou.
Empresário, Jayro Lessa preside, desde 1970, o Grupo VDL, formado por empresas revendedoras de peças e veículos, inclusive caminhões e ônibus, indústrias têxteis, siderúrgica e fundição, postos de gasolina, transportadora de carga e transporte urbano de passageiros, com atuação em várias cidades dos estados de Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo, conforme a página dele no portal da Assembleia Legislativa. Ele se elegeu pela primeira vez em 2002.
O deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT) também aparece na lista dos que perderam patrimônio de 2006 para 2010. O parlamentar começou a atual legislatura com R$ 7,7 milhões. Após quatro anos na Assembleia, será empossado para o novo mandato, em 2011, com patrimônio declarado de R$ 4,8 milhões – R$ 2,9 milhões a menos.
A maior parte do patrimônio de Alencar é proveniente de imóveis. Em 2006, ele declarou ter R$ 5,5 milhões em apartamentos, apart-hotéis, lotes e galpões em Belo Horizonte, Itabirito, Betim, Brasília, São Paulo e Cabo Frio (RJ). De lá para cá, o setor imobiliário foi alvo de um “boom”, com supervalorização de imóveis, conforme dados do setor. Mesmo assim, em 2010 o deputado do PDT disse à Justiça Eleitoral que agora seus imóveis totalizam R$ 3,5 milhões, ou seja, R$ 2 milhões a menos. Alencar disse que “perdeu dinheiro com a política”. Ele alega que descuidou dos negócios para cuidar do mandato.
A desvalorização dos bens teria atingido também uma aeronave de Alencar. Há quatro anos, ele informou ao TSE ter o avião Sêneca 1 - prefixo PTJOB no valor de R$ 200 mil. Na lista atual de bens, o valor declarado para o mesmo foi de R$ 56.500.
Ao ser questionado sobre como conseguiu reduzir o patrimônio, o deputado questionou a cifra.
“Não foi isso tudo não. Onde você viu isso? No Imposto de Renda?”
Quando informado de que os dados eram os declarados por ele mesmo ao TSE, o deputado deu uma nova explicação. Disse que teve que “vender algumas coisas” porque ficou desempregado ao entrar para a política.
“Eu trabalhei em uma rádio e tinha uma grande audiência. Tive que largar a rádio porque não tinha como compatibilizar as duas coisas. Aí, perdi dinheiro. Digamos que fiquei sem uma fonte de renda”, justificou o pedetista.
Alencar da Silveira é jornalista e radialista e está no quarto mandato como deputado estadual.
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