Médicos do Vital Brazil ameaçam greve na segunda

29/06/2013 00:50 

Os 146 médicos do Hospital Maternidade Vital Brazil em Timóteo ameaçam entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (1º). Um dos motivos seria a retenção dos honorários da categoria que, segundo os médicos, estariam sendo retidos pela entidade desde 2011. A situação teria se agravado no ano passado, quando aconteceu também o corte de serviços considerados essenciais, como a neurocirurgia e cirurgia pediátrica. Segundo estimativas, o hospital atende a aproximadamente 250 mil pessoas que fazem parte da microrregional de Coronel Fabriciano.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Vale do Aço, Ronaldo Abreu, na noite desta quinta-feira (27), ocorreu uma reunião com a participação das diretorias clínica e do hospital, Ministério Público (MP), representante da Prefeitura de Timóteo, sindicato e Conselho Regional de Medicina (CRM). “Tanto o MP quanto o CRM acham justo que a categoria faça a paralisação por não haver acordo entre as partes. Se os honorários não forem pagos até este sábado (30), a paralisação começa na segunda. Durante as negociações, a Sociedade Beneficente São Camilo colocou como condição para efetuar o pagamento um aumento de produção dos médicos”, explicou Ronaldo Abreu. Segundo ele, os atendimentos de urgência e emergência e de obstetrícia serão mantidos, mas não será feito nenhum atendimento eletivo, como consultas, exames e outros que estiverem já programados. “Ela paga todos os funcionários e somente os médicos que estão sendo deixados de fora. Ou seja, quem permite que o Hospital tenha algum valor fica sem receber seus honorários. E nós não somos mais escravos para aceitar essa situação”, salientou o presidente do Sindicato dos Médicos do Vale do Aço.

Questão assistencial
Para o Diretor Clínico do Vital Brazil, o cardiologista Ezio Guilherme da Silva, o que vem ocorrendo é um retrocesso, e se não for resolvido, pode gerar uma situação semelhante a vista recentemente em Coronel Fabriciano, com o Hospital Siderúrgica. O local era o principal centro médico da cidade, mas teve que fechar as portas devido a dificuldades financeiras, até que o Governo do Estado resolveu intervir. “Queremos que o hospital tenha o amparo das especialidades médicas que foram cortadas pela entidade desde o início do ano e que achamos ser importantes para a população. Mas os médicos não podem pagar essa conta. Não somos funcionários do hospital, recebemos Pro labore como pessoas jurídicas. O atraso que começou em 2011 ficou pior em 2012. Já negociamos o pagamento em seis vezes, mas os atrasos acontecem e muitas vezes, por fim, deixam de nos pagar”, lembra.

“Estamos preocupados com a questão assistencial do Vital Brazil, mas para resolver o problema financeiro, a Sociedade Beneficente São Camilo tem que fazer a parte dela. E não jogar tudo em cima dos médicos. Muitos colegas especializados se cansaram da situação e deixaram o hospital, que vem tendo sua qualidade decaindo”, salienta o médico Ezio Guilherme. 


Vital Brazil desmente ausência de pagamento de honorários

 
Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, a diretoria do Hospital Vital Brazil assegura que não existe débitos relativos há nenhum mês no que diz respeito aos honorários médicos. Até a data desta sexta-feira (28), todos os profissionais do corpo clínico estão com honorários recebidos. O que há é um atraso de apenas oito dias, referente ao vencimento de 20 de junho, mas que deve ser quitado até segunda-feira (1º), quando a direção terá recebido os repasses de verba de convênios, governo e SUS.
A direção propôs pagamento fracionado de metade do valor vencido em 20 de junho nesta semana e a outra metade na próxima, mas o pequeno grupo de médicos que se queixa do atraso recusou. A direção do Hospital comunicou a situação na Promotoria de Timóteo e aguarda recebimento de verbas para repassar aos médicos. 

“Reiteramos que, num quadro de 145 profissionais no corpo clínico, apenas um grupo de 10% se queixou de tal atraso. Esperamos que nenhuma greve seja realizada para que nenhum paciente seja prejudicado. O Hospital sempre respeitou muito a classe médica, aumentou desde 2010 os honorários em relação a outras instituições de saúde e cumpriu todas as negociações feitas até hoje”. A nota acrescenta ainda que a neurocirurgia deixou de ser uma especialidade do Hospital devido à baixa demanda e alto custo. Todos os pacientes que necessitam desse tipo de assistência são transferidos para o hospital referência na região. O mesmo caso acontece com as cirurgias pediátricas. A nota frisa também o alto custo para manutenção destas especialidades, e ressalta que são poucos os pacientes que necessitam desses procedimentos cirúrgicos. 


Fonte: JVA Online

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