Lei em desuso abre caminho para motorista embriagado nas BRs

Criada como mais uma alternativa para frear a trágica relação entre álcool e direção, a lei que impede a venda de bebida às margens de rodovias federais caiu em desuso. Um recurso contra a medida provisória, publicado no ano passado, flexibilizou a norma, possibilitando o comércio nas estradas que cortam o perímetro urbano. Sem a proibição, estar embriagado ao volante nas BRs é um comportamento de risco frequente.
Por dia, 11 motoristas são multados na malha rodoviária de Minas após dirigir sob o efeito de cerveja, cachaça, vodca e outros destilados. Só no primeiro trimestre de 2013, o número de autuações saltou 82%, se comparado ao mesmo período de 2012. Nos três primeiros meses deste ano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) aplicou exatas mil multas, contra 549 no ano anterior.

Risco Frequente
Encontrar um condutor arriscando a própria vida e a de outras pessoas por ingerir bebida alcoólica e pegar no volante não é tarefa difícil. A reportagem do Hoje em Dia percorreu algumas estradas e constatou a livre comercialização em todos os estabelecimentos visitados.
Logo na primeira parada foi flagrado um ato de desrespeito. Bastaram dez minutos em um restaurante no km 471 da BR-040, em Sete Lagoas, região Central, para confirmar a primeira irregularidade.
Sentado, sozinho, em um das mesas do restaurante, um homem bebia tranquilamente uma garrafa de cerveja. Pouco tempo depois, foi ao estacionamento e seguiu, na companhia de outras duas pessoas, dirigindo um Palio Weekend. Tudo isso a pouco mais de 200 metros do posto da PRF, no sentido Brasília da 040.
Para o presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), Fábio Nascimento, abusos como esse são inadmissíveis. Ele reforça que a bebida alcoólica diminui a eficiência cerebral do motorista, prejudicando o tempo de reação nas manobras. Diante das estatísticas de condutores embriagados, o médico lamenta ineficácia da legislação que proíbe a comercialização nas estradas.
Nascimento avalia que toda regra capaz de inibir a embriaguez dos motoristas, seja nas rodovias ou vias urbanas, é importante para diminuir a violência no trânsito.
“Ela (lei) deveria valer para todos. Porém, não basta só a regra existir. É preciso oferecer condições para que seja cumprida. Ou seja, a fiscalização tem que ser constante, e não é novidade o fato de não haver policiais suficientes para desempenhar esse papel”, afirma o presidente da Ammetra.

Fonte: Hoje em Dia

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