SIDERÚRGICA: Único hospital que atende pelo SUS pode fechar em 20 dias

A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ficou pronta no fim de 2009. Foram gastos R$ 300 mil na estrutura física e R$ 1milhão e 200 mil com a compra dos equipamentos, por meio de verba do governo estadual. São, ao todo, dez leitos, porém a UTI está fechada. Segundo a administração do hospital, é culpa do governo federal que não teria cumprido as promessas feitas ao prefeito da cidade em fevereiro deste ano. Chico Simões se reuniu, em Brasília, com o responsável pela Secretaria de Atenção a Saúde, órgão ligado ao Ministério da Saúde. Segundo o prefeito de Coronel Fabriciano, na reunião foi prometido que o problema do hospital seria resolvido e que verbas seriam destinadas para fazer melhorias no hospital, porém foi um acordo verbal, não houve assinatura de nenhum documento.

Com o Certificado Nacional de Assistência Social, o hospital ficaria isento de vários tributos federais. Uma economia de R$ 90 mil por mês. O valor representa 20% dos gastos do siderúrgica e iria possibilitar a abertura da UTI. De acordo com a Secretaria de Atenção a Saúde, a verba não foi repassada porque o hospital não comprovou que realizou o mínimo de 60% de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde nos últimos anos. A direção do hospital contesta e informa que chegou a quase 80%. 

Segundo a administração do hospital, para emitir o certificado, o governo federal exige o pagamento de metade da dívida de quase R$ 3 milhões do Hospital Siderúrgica com a união. Ninguém no hospital quis gravar entrevista. Em nota, a assessoria informou que o débito não vai ser quitado, por falta de dinheiro.

Além do governo federal, o hospital também tem dívidas com bancos e fornecedores. O valor total chega a R$ 12 milhões. No ano passado, o atendimento pelo SUS foi interrompido por 90 dias. A reabertura foi possível graças ao repasse de R$ 1 milhão 750 mil do governo do estado dividido em dez meses. Para o prefeito de Coronel Fabriciano, o socorro deveria ser frequente, já que o município gasta R$ 1 milhão e 400 mil com a instituição por ano. Chico Simões vai entrar na justiça contra os governos estadual e federal. Ele informou que vai cobrar do estado e da união, para que esses órgãos parem de se omitirem quanto à saúde do município.

O presidente da Câmara de Coronel Fabriciano, Francisco Pereira Lemos, falou que, todos os hospitais que prestem serviços pelo SUS têm um sistema deficitário e, acredita que o governo deveria fazer algo para mudar essa situação. 

Sem o Certificado Nacional de Assistência Social e o repasse dos governos, a instituição corre o risco de fechar. O Vale do Aço perderia 83 leitos, além da UTI. O caseiro Roberto Rodrigues desabafou que toda a população depende do hospital e caso ele feche será muito ruim para essas pessoas. 

A direção do hospital siderúrgica informou que vai se pronunciar sobre o assunto nesta quinta-feira. Já o governo do estado disse que faz todos os repasses para o hospital de forma regular.


Prazo
O Ministério da Saúde deu 20 dias para fechar o hospital, mas o prefeito garante que será feita uma representação junto ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais, e outra representação no Ministério Público Federal contra o Governo Federal. “Não tem nenhum cunho político nem eleitoral, eu como prefeito realmente não posso me omitir”, explicou Simões. 


O Hospital Siderúrgica faz 80% de seu atendimento pelo SUS e há dois anos tenta inaugurar uma UTI com dez leitos. “Essas coisas, infelizmente, acontecem no Brasil. Talvez seja fechada uma UTI que nem chegou a ser inaugurada”, desabafa o prefeito. 

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