Falsários são flagrados em exame de legislação em Ipatinga

06-10-2011 11:18
IPATINGA - Dois candidatos que faziam exame de legislação no Centro Vocacional Raimundo Fagner, no bairro Veneza, na tarde de segunda-feira (3), foram presos pela Polícia Civil. A banca examinadora desconfiou das carteiras de identidade apresentadas no início do exame. 
De acordo com Werley Glicério, chefe da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) da Delegacia Regional de Ipatinga, foi detida Ana Cristina da Silva, de 35 anos, e Luzinaldo Lopes, de 60 anos.
A farsa foi descoberta quando um dos examinadores pediu novamente a carteira de identidade dos dois candidatos na saída da prova. O homem tentou escapar da abordagem e saiu correndo, mas foi capturado por peritos que aplicavam a prova.
Depois de detido, Luzinaldo confessou a farsa e disse que os documentos de identidade eram falsos. A mulher apresentou o documento de identidade e não admitiu a falsificação imediatamente. 
Os dois faziam provas em nome de Fernanda de Fátima Pinto e Antônio Cosme dos Santos, respectivamente. A mulher tirou 28 pontos no exame e o homem 23. Os dois presos residem em Belo Horizonte.

DESCONFIANÇA
"Por determinação do delegado regional João Xingó, que pediu para apurarmos indícios de falsificação e fraudes para conseguir habilitação, demos início às investigações. E quando pegamos essas identidades na hora do exame de anteontem, desconfiamos", contou Werley Glicério 
Segundo o chefe da Ciretran, Ana Cristina e Luzinaldo fizeram a prova normalmente, e ainda sentaram um atrás do outro na sala onde foi realizado o exame.
As pessoas entraram e fizeram a prova normalmente. Na saída os examinadores pediram novamente que os dois candidatos apresentassem o documento de identidade frio, só que um dos candidatos fugiu. Não foi apurado inicialmente nenhum parentesco entre os dois presos na noite de segunda-feira.
"A forma como eles agiram era muito profissional. Se não tivéssemos olho clínico naquele momento e nem estivéssemos investigando anteriormente a situação, e as identidades não fossem conferidas, dificilmente teríamos descoberto, pois a falsificação era muito boa", disse.

FALSIFICAÇÃO

Agora, a Polícia Civil vai apurar se essa é a primeira vez que o golpe aconteceu em Ipatinga. O chefe do Ciretran admitiu que a manobra pode ter acontecido outras vezes, e passou despercebido.
"Acredito sim que tenha acontecido outras vezes, pois os dois candidatos estavam muito à vontade. Pela atitude deles durante a prova, acho que fizeram outras vezes e tiveram êxito", falou.
Um inquérito policial foi aberto para apurar os fatos. A suspeita é que uma quadrilha especializada em falsificação de documentos esteja por trás da fraude detectada em Ipatinga. A suspeição ainda é de que a ramificação criminosa atue em todo o Estado.

PUNIÇÃO
As pessoas para quem os falsários faziam o exame de legislação vão ter a pauta bloqueada pelo Departamento de Trânsito da capital. A solicitação vai ser feira pelo Ciretran de Ipatinga.
"Vamos colocar um bloqueio administrativo para esses candidatos no sistema. Eles estarão impedidos de tirar habilitação até o final da apuração dos fatos. Pegaremos todos os componentes da quadrilha. É um grupo organizado. Levantaremos todos os envolvidos e no final do inquérito vamos responsabilizar todos", garantiu Werley.

R$ 150
Ana Cristina e Luzinaldo não quiseram dar detalhes sobre a falsificação dos documentos. A mulher disse que receberia R$ 150 pelo exame. O homem contou que chegou a receber R$ 2 mil em serviços anteriores, ele inclusive possui passagem por falsificação e lesão corporal. Já a mulher não tinha passagem.
Ana Cláudia relatou que foi aliciada por um homem quando estava em bar no bairro Horto, em Belo Horizonte. Luzinaldo informou que foi procurado próximo ao Detran da capital. O homem confessou aos policiais que já fez prova em lugar de outras pessoas em Contagem e outras cidades da região metropolitana de BH.
"O Luzinaldo nos disse que era procurado por pessoas nas proximidades do Detran, e lá eram modificados os endereços para Ipatinga sem a participação ou interferência do Ciretran da delegacia regional da cidade ou da região. Tudo era feito na capital", explicou o policial.

IDENTIDADES
A informação de que o documento de identidade fornecido para os examinadores partiu dos candidatos detidos anteontem. A questão da emissão do documento falsificado é um outro crime também a ser apurado. Mas os documentos vão ser periciados pela equipe da Polícia Civil.
"Temos que verificar como eles conseguiram esse espelho para falsificar os documentos, por isso a investigação é mais complexa. Vamos apurar como se formou a quadrilha. Não é apenas a prova de legislação, mas o documento civil de identificação, com o qual eles poderiam praticar diversos crimes com comprar em nome de outras pessoas. E ainda fazer outros documentos com a carteira fria", alegou.

Fonte: Diário Popular

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