MORTE DE CASAL FABRICIANO: Família denuncia ameaça e contesta latrocínio

Maria do Socorro disse que irá procurar a Justiça e a televisão para expor seus questionamentos
06-10-2011 11:14
FABRICIANO - A dor de perder um filho é um sentimento que demora muito para passar. Essa é a realidade da dona-de-casa Maria do Socorro Barbosa Lima, de 58 anos. Ela é mãe da promotora de vendas Márcia Barbosa Lima, de 40 anos, morta em um duplo homicídio ocorrido no dia 15 de agosto, no bairro Belvedere, em Coronel Fabriciano.
Passados quase dois meses desde o episódio, a família resolveu quebrar o silêncio em torno da morte da filha, e recebeu na tarde de ontem a reportagem do DIÁRIO POPULAR para uma entrevista exclusiva.
Num desabafo, Maria do Socorro disse que só agora os familiares conseguem falar sobre o ocorrido. Mas o clima dentro de casa permanece triste.
"A situação esta péssima, pior não tem jeito. Destruíram minha família toda. A gente não dorme e nem come, não temos vontade mais de viver de tanto sofrimento. Minha filha era uma menina espetacular, trabalhadora, muito boa e de caráter. Todo mundo queria muito bem a ela", falou.
Os parentes não acreditam na versão de latrocínio, roubo seguido de morte, apresentado pela polícia investigativa. 
Eles afirmam que Márcia estava sendo ameaçada de morte há quase um ano, por isso suspeitam que o crime tenha sido encomendado.
"A gente pensa que está tudo errado. Os que foram presos não falam coisa com coisa. As pessoas cobram da gente, pois acreditam que o crime tenha um mandante. Aliás, nós temos certeza que tem. Você pode sair na rua e perguntar a qualquer pessoa. Não batem as informações que eles falam. Acho que se a família fosse rica já tinham descoberto, porque o negócio é dinheiro", reclamou.
Outro ponto da investigação contestada pelos parentes é a motivação do crime ter sido para o roubo de um par tênis e o aparelho celular das vítimas. "Para roubar um celular não precisavam ir para o lado da Biquinha e nem matar ninguém. Roubar eles fazem isso em qualquer lugar, na rua mesmo. Roubaram o celular que ficou simplesmente jogado", questionou Maria.
Os parentes questionam ainda o tiro dado na nuca das vítimas. Eles argumentam que um usuário de droga não teria capacidade para efetuar um disparo certeiro, como ocorreu com as vítimas. "Se eles tivessem roubando para usar droga, como foi dito, teriam vendido o celular. O celular não teria ficado jogado na casa de um dos presos. Para roubar não precisariam dar um tiro de misericórdia. Tiro de misericórdia quem dá é um profissional", opinou. 

AMEAÇAS
Maria do Socorro revelou que a filha afirmou ter sido ameaçada há meses atrás por uma mulher. O fato foi cientificado para a Polícia Civil. Segundo a família, cinco amigos da vítima confirmaram para os investigadores a existência dessa mulher.
"Essa pessoa que estava ameaçando minha filha, pelo que sei, não foi chamada para depor. Nós queríamos que ela fosse intimada. Os amigos e primos da Márcia foram chamados para depor. Todos foram chamados, então qualquer suspeito teria que ser chamado para depor?, explicou a dona-de-casa. 
A filha contou à mãe o nome da mulher que a estava ameaçando. O motivo da discórdia, segunda Márcia, eram ciúmes da amizade entre ela e o marido da tal mulher.
"A Márcia me explicou que gostava desse rapaz como se fosse irmão dela. Não estou falando que é essa mulher, por hipótese alguma, só queria que ela fosse depor igual todo mundo, se ela ainda não foi", pediu.

VIAGEM
Quando a filha saiu para caminhar, Maria do Socorro e seu marido, Ivan da Costa Lima, de 71 anos, estavam viajando. A família retornou da viagem no domingo à tarde, dia 14 de agosto. Mas eles só tomaram ciência do sumiço de Márcia por volta da meia-noite.
Sobre um possível relacionamento da vítima com 'Borrão', o metalúrgico José Carlos de Oliveira Froes, de 48 anos, encontrado morto ao lado da vítima, a família disse que não tinha conhecimento do envolvimento deles. 

QUESTIONAMENTO
Os familiares afirmaram ter procurado a Polícia Civil de Coronel Fabriciano há duas semanas para manifestar a incredulidade na versão de latrocínio. 
"Se tiver mandante, quero que ele pague e vá para a cadeia. Queremos justiça. A gente não acredita que eles foram mortos por conta de um aparelho celular e um par de tênis. Com certeza não foi. A pessoa que me atendeu na Delegacia daqui disse que não tinha mandante e que foi só mesmo para roubar o tênis e o celular. Ainda falei com ele que para roubar tênis e celular não tinha que deixar os dois pelados. Aí ele me disse que foi pura covardia e droga", contou.
A mãe de Márcia disse que vai procurar a justiça para contestar as informações obtidas junto à polícia investigativa. "Acredito que uma pessoa drogada não consiga dar apenas um tiro. O drogado daria uma porção de tiro. A família não acredita nessa versão. Não tem lógica. Enquanto tivermos dúvida, vamos procurar a justiça", reafirmou.
"Se precisar, iremos na televisão, procuraremos investigação de Belo Horizonte. Pago meus imposto e sou cidadã brasileira. Não deixaremos impune. Queremos a verdade. Estamos cansados de sofrer. Eles me encontram na rua e questionam se estou deixando a morte da minha filha ficar esquecida. Estamos aguardando a família ficar mais forte para aguentar falar", justificou Maria do Socorro.


DOIS ACUSADOS JÁ FORAM PRESOS

FABRICIANO - As investigações feitas pela Polícia Civil de Coronel Fabriciano apontaram a participação de duas pessoas no duplo homicídio. São eles: Cleverson Elias Nascimentos, de 26 anos, e Anatólio Fernandes da Silva, de 69 anos.
O primeiro deles foi preso no dia 3 setembro e o outro em 13 de setembro. Cleverson confessou o crime; já Anatólio negou qualquer envolvimento no crime. O aparelho celular de Márcio foi encontrado na residência do primeiro suspeito.
Cleverson contou aos policiais que usava drogas na companhia de uma segunda pessoa na área em que o casal fazia caminhada na área da Biquinha. Foi então que ele decidiu assaltá-los. 
Durante o crime, José Carlos teria reagido ao assalto e por isso foi executado com um tiro na nuca. Já Márcia teria sido morta por ter testemunhado a execução do companheiro de caminhada. Essa versão descartou uma das hipóteses de crime passional, trabalhadas pela Polícia Civil.
A co-autoria atribuída a Anatólio foi constatada em depoimentos colhidos pela policia investigativa, que não foram divulgados. Ele foi preso em virtude de um mandado de prisão preventiva expedido pela justiça. O homem negou qualquer envolvimento no duplo homicídio 

POLÍCIA CIVIL
Após ouvir a família de Márcia, a reportagem do DIÁRIO POPULAR tentou, por várias vezes, contato telefônico com a Delegacia da Polícia Civil de Coronel Fabricano, porém sem sucesso. 



Fonte: Diário Popular

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