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| Sob controle. Secretário de Saúde de Ouro Branco, Hideraldo Belini, descartou surto da doença |
19-10-2011 09:49
A Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Branco, na região Central de Minas, confirmou ontem que a morte do armador José Antônio da Silva, 19, ocorrida na última sexta-feira, foi causada por meningite C, o tipo mais grave da doença. Esse é o segundo caso confirmado na cidade em apenas quatro dias. Um outro trabalhador, que dividia o alojamento de operários montado pela empresa Gerdau Açominas na cidade, está internado com o mesmo diagnóstico.O paciente, que não teve o nome divulgado, está internado junto com outros 16 operários recrutados pela construtora Paranasa para trabalhar em obras da Gerdau. Todos apresentaram sintomas da doença. A Secretaria de Saúde de Ouro Branco e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) negam que haja um surto de meningite no município.
Ontem, o Ministério da Saúde informou que não recebeu qualquer notificação do Estado sobre os casos em Ouro Branco. A SES nega a informação. Segundo o diretor de Vigilância Epidemiológica, Marcelo Mascarenhas, a comunicação oficial sobre os casos em Minas foi feita anteontem, antes mesmo de os exames confirmarem as suspeitas de meningite C.
Vacinação. O Estado voltou a descartar a possibilidade de vacinação em massa na cidade e nos alojamentos da siderúrgica. Segundo Marcelo Mascarenhas, a essa altura, a tentativa de imunização não teria mais eficácia. "A vacina leva de dez a 15 dias para começar a fazer efeito. Nesse momento, não cogitamos essa hipótese".
O diretor de vigilância enfatizou que os antibióticos ministrados entre os 1.200 trabalhadores dos alojamentos da Paranasa são suficientes para impedir a proliferação da doença. Técnicos da SES estão visitando os alojamentos. Um relatório sobre as condições sanitárias dos locais deverá ficar pronto até o fim desta semana.
Segundo a SES, desde janeiro, foram notificados 792 casos de meningite em Minas, sendo que 117 do total evoluíram para o óbito. Em Ouro Branco foram nove casos registrados neste ano, com três mortes.
A suspeita de surto de meningite em Ouro Branco espalhou preocupação entre prefeitos de cidades vizinhas. Ontem à tarde, representantes de sete cidades se encontraram com o secretário de Saúde de Ouro Branco, Hideraldo Belini. Ele afirmou que não há motivo para pânico.
Conselheiro Lafaiete, distante 20 km de Ouro Branco, colocou em alerta todas as unidades de saúde. Segundo a responsável pela vigilância em saúde da cidade, Aparecida Brigioli, os hospitais foram equipados com kits de coleta para casos suspeitos. "Estamos com receio que outras pessoas sejam contaminadas".
DENÚNCIA
Família reclama de descaso da empresa
Natural de Canindé de São Francisco, em Sergipe, o operário José Antônio da Silva, 19, morto com sintomas de meningite na última sexta-feira, havia chegado a Minas há cerca de dois meses em busca de melhores condições de trabalho para comprar a casa própria na cidade natal.
Segundo um familiar que pediu para não ter o nome divulgado, a população do município está revoltada com as condições da morte do rapaz. "A mãe dele está hospitalizada depois que recebeu a notícia. Ele saiu daqui saudável e nos devolveram apenas o corpo, sem muitas explicações".
A dona de casa Jesuína Maria de Jesus, 36, está apreensiva com o retorno dos outros moradores de Canindé que também viajaram a Minas para trabalhar na construtora. "Estamos com medo de eles chegarem aqui doentes e passarem meningite para os outros moradores", alegou. (CG)
Segundo um familiar que pediu para não ter o nome divulgado, a população do município está revoltada com as condições da morte do rapaz. "A mãe dele está hospitalizada depois que recebeu a notícia. Ele saiu daqui saudável e nos devolveram apenas o corpo, sem muitas explicações".
A dona de casa Jesuína Maria de Jesus, 36, está apreensiva com o retorno dos outros moradores de Canindé que também viajaram a Minas para trabalhar na construtora. "Estamos com medo de eles chegarem aqui doentes e passarem meningite para os outros moradores", alegou. (CG)
Paranasa aceita demissões
A Paranasa informou, em nota, que 400 operários de um total de 2.500 recrutados para a obra em Ouro Branco haviam pedido desligamento até ontem. A empresa alegou que está agilizando o acerto dos salários e negou descaso com os trabalhadores.
Numa reunião com o secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge, representantes da Gerdau receberam orientações sobre como conduzir a situação. Em nota, o órgão informou que acompanha os casos e faz investigação epidemiológica na cidade. (CG)
Numa reunião com o secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge, representantes da Gerdau receberam orientações sobre como conduzir a situação. Em nota, o órgão informou que acompanha os casos e faz investigação epidemiológica na cidade. (CG)
MINI ENTREVISTA
Jenilson Alves de Lima
"Aqui somos tratados como indigentes"
Como vocês ficaram sabendo dessa oportunidade de trabalho em Ouro Branco?Há dois meses, um agenciador da empresa esteve lá no interior de Sergipe oferecendo muitas vagas. Eles prometeram bom salário e ótimas condições de moradia, o que não aconteceu.
Como você ficou sabendo que o seu primo (José Antônio) estava doente?Ele saiu passando mal do alojamento. Só depois de dois dias da morte dele é que fui comunicado. Sou o único parente dele aqui e achei um desrespeito. Se a gente tivesse algum problema de saúde, eles não teriam nos contratado. Ele pegou meningite aqui.
Você vai continuar aqui?
Não. Estou só esperando o meu acerto para ir embora, mas eles estão enrolando.
Quais são as condições do alojamento? Péssimas. Trabalhamos de segunda a sábado e dormimos no meio de muita sujeira. Somos tratados como indigentes. Pode ter certeza de que tem mais gente doente. (CG)
Como você ficou sabendo que o seu primo (José Antônio) estava doente?Ele saiu passando mal do alojamento. Só depois de dois dias da morte dele é que fui comunicado. Sou o único parente dele aqui e achei um desrespeito. Se a gente tivesse algum problema de saúde, eles não teriam nos contratado. Ele pegou meningite aqui.
Você vai continuar aqui?
Não. Estou só esperando o meu acerto para ir embora, mas eles estão enrolando.
Quais são as condições do alojamento? Péssimas. Trabalhamos de segunda a sábado e dormimos no meio de muita sujeira. Somos tratados como indigentes. Pode ter certeza de que tem mais gente doente. (CG)
Saiba mais
A doença. A meningite é a inflamação das meninges – membranas que envolvem o protegem o Sistema Nervoso Central. Pode ser causada por vírus, fungos ou bactérias. O tipo mais comum é a provocada por bactérias (meningococos e pneumococos).
Os sintomas. Entre os principais sintomas, que podem ocorrer entre três e cinco dias após a contaminação, estão febre alta, dor de cabeça, rigidez no pescoço, dificuldade de encostar o queixo no peito e inquietação (no caso dos bebês).
A transmissão. O contágio acontece pelo contato direto com os doentes, mas pode ocorrer pelo ar, como uma doença respiratória.
A proteção. No Brasil, a vacina contra a meningite está incluída no programa nacional de imunização. Em relação à meningocócica, apesar de existir a vacina, o controle é menor. Existem 13 grupos de bactérias e as vacinas disponíveis atualmente não conseguem garantir total imunidade. Contra o tipo pneumocócica, também há programa oficial de imunização. Geralmente, a vacina só começa a agir no organismo entre dez e 15 dias após a imunização.
Fonte: O Tempo
Os sintomas. Entre os principais sintomas, que podem ocorrer entre três e cinco dias após a contaminação, estão febre alta, dor de cabeça, rigidez no pescoço, dificuldade de encostar o queixo no peito e inquietação (no caso dos bebês).
A transmissão. O contágio acontece pelo contato direto com os doentes, mas pode ocorrer pelo ar, como uma doença respiratória.
A proteção. No Brasil, a vacina contra a meningite está incluída no programa nacional de imunização. Em relação à meningocócica, apesar de existir a vacina, o controle é menor. Existem 13 grupos de bactérias e as vacinas disponíveis atualmente não conseguem garantir total imunidade. Contra o tipo pneumocócica, também há programa oficial de imunização. Geralmente, a vacina só começa a agir no organismo entre dez e 15 dias após a imunização.
Fonte: O Tempo
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