O Hospital Márcio Cunha é o que mais atende pelo SUS no Vale Aço, mas já está atuando dentro da margem de segurança recomendada |
De acordo com o médico Mauro Oscar Soares, atual gerente de assistência do Márcio Cunha, o hospital conta com 496 leitos e desse total, cerca de 330 são ocupados por pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital é o que mais atende pelo sistema na região, mas já vem trabalhando dentro da margem de segurança recomendada.
PREJUÍZOS
De acordo com Mauro Oscar, o Márcio Cunha vem tendo dificuldades com os repasses de verbas dos Governos Estadual e Federal. A cada R$ 10 gastos no atendimento aos pacientes do SUS, apenas R$ 4 são repostos, sendo que o restante tem ficado a cargo do próprio HMC.
Em 2010, o prejuízo da instituição superou os R$ 7,7 milhões e em 2011, até o momento, as perdas operacionais já chegam aos R$ 7 milhões com relação aos custos do SUS.
Além da verba insuficiente, o gerente de assistência reclama a demora nos repasses, que chegam com meses de atraso. Como exemplo, ele contou que até o momento não houve o pagamento dos gastos do HMC feitos no primeiro semestre desse ano.
O Márcio Cunha e o Hospital Municipal de Ipatinga são os responsáveis pelos atendimentos do SUS na cidade. E tanto em um, como no outro, a situação é alarmante.
HOSPITAL MUNICIPAL
O Hospital Municipal vem recebendo uma média de 474 pessoas por dia e internando outras 173 pessoas. No acumulado do mês de junho, foram registrados 14.208 atendimentos e desses, 922 vieram de Santana do Paraíso, 391 de Ipaba e 232 de Coronel Fabriciano.
Já o Márcio Cunha realizou, de janeiro a maio deste ano, mais de 700 mil atendimentos particulares e públicos, entre cirurgias, partos, internações e pronto-socorro, o que representa que 147 mil pessoas foram atendidas por mês na unidade. Só em 2010, mais de 88 mil pessoas passaram pelo Pronto-socorro do HMC.
Na instituição, são atendidos pacientes de 33 municípios da macrorregião do Leste de Minas, que totaliza cerca de 700 mil habitantes. No ranking dos pacientes de outras cidades, Coronel Fabriciano aparece em primeiro lugar, com cerca de 5% dos atendimentos. O número aumentou em relação a 2009, ano em que a crise do Hospital Siderúrgica teve início. Até aquele ano, atendimentos a fabricianenses ficavam na casa dos 3%.
"NÃO" AOS VIZINHOS
Quem também teve uma sobrecarga em seus atendimentos por conta da crise do Siderúrgica foi o Hospital e Maternidade Vital Brazil, em Timóteo. Nos últimos dois anos, o centro médico triplicou o seu número de consultas e somente no mês de junho deste ano foram 7.300, desses, 75% foram feitos pelo SUS. Segundo a diretoria da entidade, somente com pacientes de Fabriciano, são gastos mensalmente, R$ 120 mil.
Por esse motivo, na última quarta-feira (6), a direção do Vital Brazil informou que só irá realizar os atendimentos de urgência e emergência através do SUS, com o objetivo de equilibrar as contas do hospital, que possui um déficit mensal de cerca de R$ 600 mil, e também porque atualmente trabalha com 95% de sua capacidade.
A medida, que passa a valer para o próximo mês, veio junto com o anúncio da Prefeitura de Timóteo de que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município também deixará de receber pacientes de outras cidades.
O motivo é o mesmo: sobrecarga de atendimentos a vizinhos e prejuízos aos timotenses. De acordo com a Secretaria de Saúde da cidade, a UPA faz mensalmente cerca de cinco mil atendimentos e recebe todos os dias várias ambulâncias de outras cidades, principalmente de Fabriciano, Marliéria e Jaguaraçu.
COLAPSO
Com a notícia da negativa de Timóteo em receber os vizinhos, Ipatinga deverá abrigar pacientes de todas as outras cidades. Mauro Oscar, do HMC, disse que é possível que haja um colapso na instituição. Já o Hospital Municipal, que também enfrenta dificuldades nos atendimentos, pode entrar em caos. Na semana passada, durante uma audiência na Câmara dos Vereadores de Ipatinga, o coordenador do antigo pronto-socorro, Salomão Maciel Dias, informou que atualmente, o Hospital vem trabalhando com uma taxa de ocupação de quase 200% e disse que, há dias em que "é como se houvesse dois hospitais dentro de um".
No mês de maio, a Fundação São Francisco Xavier (FSFX), que administra o Márcio Cunha, deu início a uma série de obras que irão, inclusive, aumentar a capacidade do pronto-socorro e dos atendimentos do SUS no local. Com investimentos acima de R$ 33 milhões, serão reformados os 1200 m² do pronto-socorro e construídos outros 1800 m².
A obra prevê uma área exclusiva para pediatria, com consultórios, leitos, espaço para os setores de apoio, ampliação dos setores de acolhimento e classificação de risco, recepção, salas de espera, ambulatório de trauma e ambulatório para atenção aos pacientes em choque. Os trabalhos, porém, estão previstos para serem finalizados somente em 2015.
Fonte: Diário Popular
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