Hospital Siderúrgica: Falta de informações aflige empregados

Eva trabalha no Siderúrgica há 15 anos e não sabe se conseguirá retornar ao emprego: “Tenho dois filhos para cuidar” - Foto: Vinicius Ferreira/Portal JVA online
FABRICIANO – Desde o último dia 15, o Hospital Siderúrgica, em Coronel Fabriciano está de portas fechadas, com uma previsão de reabertura e retorno do atendimento de urgência e emergência para o final do mês de setembro. Enquanto se define qual será a nova entidade mantenedora a gerir o primeiro hospital inaugurado na região, com 75 anos de história, os seus mais de 200 funcionários vivem um clima de completa insegurança. A não ser as notícias divulgadas pela imprensa, eles não têm informações sobre a garantia dos seus empregos ou mesmo se receberão os salários dos meses de julho e agosto.

A Associação Beneficente de Saúde São Sebastião (ABSSS) foi notificada pelo Ministério Público do Trabalho e esteve reunida nesta terça-feira (26), juntamente com Aguiar dos Santos, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo (Sindeess) para encontrar uma solução para este impasse. “Foram tomados alguns encaminhamentos na reunião, para defender a manutenção dos empregos e o recebimento dos salários dos funcionários do hospital. Tudo depende da manutenção do repasse que a Prefeitura de Fabriciano fazia mensalmente para a entidade mantenedora. O prefeito deverá ser comunicado pelo MP, para que continue a fazer o repasse, de modo que sejam mantidos os salários, os empregos e para que, possivelmente, o Siderúrgica seja reaberto antes do prazo estabelecido de 60 dias. A própria mantenedora afirmou que os trabalhadores não serão prejudicados, mas queremos que isto seja estabelecido como um acordo trabalhista, para dar mais garantias aos funcionários da entidade”, afirmou Aguiar. 



Funcionários sem garantias
Eva Martins trabalha no Hospital Siderúrgica há 15 anos. Hoje, com 39, não tem garantias de que irá retornar ao trabalho. Divorciada, recebendo uma pequena pensão do ex-marido e com dois filhos pequenos com problemas de saúde, a agente administrativa do hospital teme pelo seu futuro. “Sei que a principal preocupação do hospital deve ser atender as pessoas, e isto parece estar bem encaminhado. O que tem me preocupado é que, falam de tudo, menos dos problemas dos funcionários. Não sei se a gente vai conseguir voltar a trabalhar, nem se iremos receber nestes dois meses parados. Não temos informações oficiais, apenas as que recebemos via imprensa. Há boatos de que devemos retomar as atividades no começo de agosto, mas ainda não sabemos de nada. Ninguém me ligou, ninguém falou nada”, revelou Eva.

Quando o hospital foi fechado, Eva e os outros funcionários pensavam que a paralisação seria de apenas dez dias, e não 60. “A diretoria disse que era pra gente esperar cerca de dez dias em nossas casas, tempo para algumas reuniões, e que nelas iriam definir se iriam retornar como mantenedora ainda ou se teria uma nova entidade, mas que tudo seria rápido. Deixaram claro para a gente que o mês de julho seria pago. Mas e agosto? Dois meses é muito tempo para ficar em casa sem saber o que fazer. Devemos procurar outro emprego ou ficar em casa esperando uma resposta? Muita gente já pediu conta por causa desta indefinição”, contou a agente administrativa.

Exames não entregues
Eva explicou também que há muitos exames no Siderúrgica que já deveriam ter sido entregues para os pacientes, muitos deles biópsias, de pessoas com suspeita de câncer. “Tem muitas pessoas que fazem cirurgias e as biópsias, e estes exames chegam após 40 dias, 45. São exames importantes, e as pessoas que pediram precisam estar o mais rápido possível com os resultados nas mãos para começar um tratamento. Tem muita gente que vai para a porta do hospital em busca do seu exame e não consegue pegar”, disse Eva. Segundo ela, o problema é o mesmo para quem requisitou fichas na Secretaria de Saúde, necessárias para a emissão do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) ou algum processo judicial.

Troca de mantenedora
Além da insegurança sobre o retorno das atividades, a troca da mantenedora é outra questão que tem tirado o sono dos empregados do Siderúrgica. “Não temos garantias de que seremos mantidas no emprego. Conheço quem está, mas não conheço quem vai vir. Não sei se vão querer os nossos serviços. Estamos nesta indefinição. Trabalho lá há 17 anos e tenho um vínculo com o lugar. Mas tenho que ser realista. Tenho família, tenho filhos para cuidar e estou com medo de não voltar a trabalhar. Do mesmo jeito que eu estou preocupada comigo, sei de pessoas da limpeza que mal sabem perguntar uma coisa para obter respostas. Como estas pessoas vão conseguir novo emprego? Muitos funcionários têm 20 anos de trabalho, pessoas com mais de 40 anos, que sabemos que não irão conseguir emprego em outro lugar. Mercado de trabalho não está fácil, e eu tenho certeza da dificuldade que é, principalmente em um país onde não é a experiência que conta, mas sim o biotipo, as indicações”, afirmou Eva.

Nota
A assessoria da Associação Beneficente de Saúde São Sebastião (ABSSS) informou que a entidade pretende manter o emprego dos funcionários, e afirmou que já existem outras reuniões agendadas para que o assunto seja discutido.

Fonte: JVA online

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