Advogada é presa ao tentar subornar PM

14-11-2011 17:23

A Polícia apreendeu, além da droga, os R$ 10 mil levados pela advogada até os policiais
IPATINGA - A apreensão de 1,5 quilo de maconha custou caro para Wellison Patrick de Oliveira, de 20 anos, e sua advogada C.L., de 34 anos, ambos presos na noite de quinta-feira (10), pela Polícia Militar.
O rapaz foi preso por tráfico de drogas e a mulher por corrupção ativa. Ela também foi autuada por associação ao tráfico de drogas. Wellisson ofereceu R$ 10 mil a militares que o flagraram com 1 quilo de maconha depois de uma ação surpresa da PM na avenida José Julio da Costa, nas imediações da Estação Ferroviária. 
C. foi acionada via telefone pelo cliente detido, que lhe pediu para providenciar o montante oferecido no suborno. 
Motivados a flagrar a ação criminosa, os policiais foram até o posto Faisão, situado às margens da BR-381, no bairro Veneza, para acompanhar o encontro entre o cliente e a advogada, conforme havia sido combinado.

PRISÃO NO CIDADE NOBRE
A atuação da Polícia começou com a apreensão de 460 gramas de maconha no interior do veículo Fiat Palio (placa CLI-7109), interceptado na rua Graciliano Ramos, bairro Cidade Nobre, por uma viatura da PM.
O automóvel trafegava pela avenida Monteiro Lobato, no mesmo bairro, por volta das 17h de quinta. No carro, havia quatro pessoas, e um deles fumava um cigarro dentro do veículo, o que chamou a atenção da viatura que patrulhava o local.
Ao perceber que seria abordado pelos policiais, o motorista do carro fugiu pela via pública e avançou um sinal vermelho. Mas eles acabaram interceptados. Durante busca pelo interior do carro, foram encontradas as porções de maconha.
No carro, estavam os menores G.H.M., de 16 anos, V.R.F., de 17 anos, H.A.O., de 16 anos, e ainda Everton Gomes Ximendes, vulgo Largatão, de 22 anos. Todos confirmaram para a PM que fizeram uso de maconha.
No veículo, foi localizada ainda uma balança de precisão, cigarro de maconha e uma mochila contendo a barra prensada de maconha, além de uma lista com nomes e valores. Um dos adolescentes assumiu a propriedade da droga.
Esse adolescente revelou aos policiais que adquiriu o entorpecente pelo valor de R$ 420, de um indivíduo identificado como 'Pezão do Game' - posteriormente identificado como Wellisson. Para confirmar a informação dada os policiais, o menor ligou novamente para o fornecedor e encomendou mais 1 quilo de maconha, a ser entregue na avenida José Júlio da Costa.
Foi então que a PM abordou Wellisson. Ele estava na companhia de Tiago Fabrício Ramos, vulgo Motoca, de 24 anos. Os dois estavam no Celta prata (placa HMT-8933). Além da droga, foram apreendidos R$ 1 mil em dinheiro e ainda dois dólares americanos. O flagrante ocorreu por volta das 20h30 de quinta-feira.

FUGA

Durante a prisão de Wellisson, seu comparsa Tiago conseguiu fugir pelo matagal que fica nos fundos do Century Hotel. O rapaz escapou do cerco policial e pegou um táxi na Estação Ferroviária. Ele pediu uma corrida até o bairro Veneza. Só que taxista desconfiou do passageiro e, coincidentemente, ao avistar uma viatura na BR-381, próximo ao Posto Faisão, resolveu parar e sinalizar para os policiais. Os militares abordaram o carro e prenderam Tiago. A prisão dele foi feita por volta 21h, cerca de 30 minutos após a fuga.

OFERTA 'INDECENTE'

Enquanto Tiago permanecia foragido, a PM tentou obter de Wellisson a identificação de seu comparsa, mas o rapaz não deu nenhuma informação. Foi durante os questionamentos feitos pelos militares que Wellisson ofertou R$ 10 mil pela sua liberação.
Diante da oferta de suborno, o rapaz pediu para fazer uma ligação para uma pessoa identificada inicialmente como 'Carol'. Ele ligou para a mulher e comunicou sua prisão. Na conversa, Wellisson combinou que ela se dirigisse ao Posto Faisão para encontrar com militares. Na ocorrência consta ainda que o autor 'disse que queria que a mulher acompanhasse a ocorrência, pois ela era advogada'. 

FLAGRANTE DE CORRUPÇÃO

Wellisson fez várias ligações de seu telefone particular para a advogada. E numa dessas conversas a advogada passou para ele as características de seu carro e o local em que se encontrava. Foi então que por volta das 23h os policiais visualizaram o Toyotta Corola (placa HIO-7727) parado no posto de combustível, com uma mulher dentro. 
Um militar se aproximou do veículo e a mulher logo o questionou 'onde estava o menino'. A advogada foi informada pela autoridade policial que Wellisson estava em outra viatura. 
Após a informação, a mulher entregou para ao militar a quantia de R$ 10 mil, em dinheiro, com notas de R$ 50 e R$ 100. Ela ainda questionou o policial se "isso resolveria o caso", numa alusão à liberação dos presos. Diante do flagrante do suborno, os outros militares se aproximaram do veículo e deram voz de prisão para a advogada.

OAB tentará prisão domiciliar

IPATINGA - A advogada C.L. foi encaminhada ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Ipatinga. Como é advogada, tem direito a comodidade especial. O presidente da 72ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Eduardo Figueiredo, foi chamado para acompanhar o caso, conforme determina o Estatuto da Advocacia.
Ele visitou as instalações, no Ceresp, onde a advogada passou a noite de ontem. Conforme Eduardo Figueiredo, o presídio não oferece condições adequadas para a prisão da advogada, nos termos da legislação, que garante ao membro da OAB "não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado-Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar". 
Eduardo adiantou que tentará converter a prisão em domiciliar.
No âmbito interno, a advogada está sujeita a processo disciplinar, com possibilidade de ter suspenso o direito de advogar.



Fonte: Diário Popular

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