Hospital Municipal de Ipatinga troca soro por álcool, diz mãe

A auxiliar administrativo Fabiana Santos Amorim ficou indignada com o tratamento recebido pelo filho no Hospital Municipal
14-11-2011 17:33
IPATINGA - O menor L.W.A.L, de 4 anos, inalou álcool no Hospital Municipal na noite de anteontem (9). Segundo a mãe da criança, Fabiane Santos Amorim, 34 anos, o menino deu entrada no hospital às 16h52 com forte crise de bronquite asmática. Ao ser atendido pelo médico plantonista, foram prescritas três sessões de nebulização com doses do broncodilatador Berotec e soro fisiológico. 
A criança fez a primeira sessão e, na segunda, reclamou com a mãe de ardência nas narinas e nos olhos. "Achei estranho: quando meu filho começou a fazer a segunda nebulização, ele começou a se queixar. Pensei que fosse manha e insisti pra ele continuar, mas ele continuou reclamando e disse que o nariz e os olhos estavam ardendo muito. Foi quando peguei o aparelho da mão dele, cheirei o líquido e constatei que era álcool", declarou a auxiliar administrativo Fabiane Santos Amorim.
A mãe da criança contou que, ao perceber o erro, imediatamente chamou a enfermeira, de nome Vera, que seria a responsável por dosar os medicamentos. "Chamei a enfermeira Vera, mas ela falou que só entrou com o aparelho para que a coordenadora dos estagiários fizesse a dosagem dos medicamentos. Reclamei da falta de atenção e eles trocaram o líquido. Esperei até que o cheiro passasse por completo e dei o nebulizador para meu filho continuar o tratamento", explicou Fabiane.

RECLAMAÇÃO
Depois que o filho terminou as sessões, por volta de 21h30, Fabiane e a mãe, a dona-de-casa Eunice de Fátima Santos Amorim, decidiram formalizar a reclamação e acionar a polícia para registrar um boletim de ocorrência. "Primeiro eu pedi para falar com a responsável pelas medicações, mas me disseram que ela já tinha ido embora. Então fui reclamar no guichê e pedi a cópia do prontuário do meu filho, mas me disseram que o xérox já havia fechado e não teria como emitir a cópia do documento. Liguei para polícia, mas esperei umas duas horas até que eles chegassem e como não chegaram, decidi ir para a casa e voltar no dia seguinte", detalhou a auxiliar administrativo.
A mãe da criança informou que no hospital as enfermeiras tentaram justificar o ocorrido. "Quiseram me falar que o cheiro do álcool foi causado pela limpeza da máscara de nebulização, mas é mentira. Como o cheiro só veio na segunda inalação, sendo que a máscara não foi limpa depois que meu filho começou o tratamento? Essa hipótese é falsa, o odor era muito forte e uma limpeza não faria com que o nariz do meu filho ardesse e os olhos lacrimejassem. O que aconteceu foi um erro e podia ter consequências piores", afirmou.
Ainda segundo Fabiane, na manhã seguinte (10), o Boletim de Ocorrência foi registrado. Ela também teve acesso à cópia do prontuário do filho. "Estive no hospital ontem e me fizeram esperar duas horas até que liberassem o prontuário do meu filho. Tentaram de todas as formas dificultar, disseram que não estavam encontrando o documento, até que eu chamei uma policial que estava no local e pedi ajuda. Só depois do pedido da policial me entregaram o xerox do documento", explicou.

DESCASO
Fabiane lembrou ainda o comentário que ouviu de uma enfermeira no hospital: "Depois que trocaram o remédio, uma enfermeira que eu não sei o nome virou para o meu filho e falou assim: 'Ué, bebê, pensaram que você era alcoólatra?' Achei isso um absurdo muito grande, um comentário muito inoportuno para o momento, pois o que aconteceu não foi tão simples assim. O meu filho sabe falar e reclamou comigo, mas e se ele fosse um bebê?", indignou-se.
"Acompanhei a minha filha depois que ela saiu da sala e pude perceber como eles estavam indiferentes à situação. Quando Fabiane me contou o que tinha acontecido, eu fiquei muito preocupada, mas no hospital ninguém parecia ligar", acrescenta Eunice de Fátima Santos, avó do menino. A mãe disse ainda que percebeu alterações na criança, como uma crise de tosse muito forte e ânsia de vômito.

Fonte: Diário Popular

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