Marina Silva, depois de meses tentando mudar a direção do PV, decidiu, ontem, sair da legenda MÔNICA ALVES/AE |
São Paulo. A ex-senadora Marina Silva anunciou ontem, em evento em São Paulo, a sua saída do PV e de seus principais colaboradores na campanha de 2010, após desentendimentos com líderes da legenda. Em discurso, a ex-senadora ressaltou que a sua decisão é uma maneira de "manter a coerência" e não se trata de uma "saída pragmática, mas sim sonhática. Sem os olhos pregados em calendários eleitorais. Ao contrário, é a negação do pragmatismo a qualquer preço", destacou. "As eleições são parte, não são o fim, não são tudo", acrescentou.
Marina salientou que não ficará como "candidata cativa" a presidente em 2014. "Mas podem ter certeza de que eu quero que esse processo pela nova maneira de fazer política esteja tão forte e vigoroso que tenha um candidato à altura." E que, se houver um candidato com esse perfil, terá o seu apoio. "Eu não sou boa para pedir voto para mim, mas sou boa para pedir voto para os outros", disse, arrancando risos dos presentes.
Segundo Marina, o debate político hoje não pode estar circunspecto à sucessão presidencial. "Chegou a hora de acreditar, chegou a hora de ser ou fazer", afirmou. "Eu acredito no voto consciente. É preciso reagir e chamar as pessoas para falar sobre o nosso futuro."
A ex-senadora afirmou que a sociedade precisar "exigir que os partidos saiam de suas velas práticas e acordem para o presente". Citou movimentos críticos ao sistema político que estão acontecendo na Alemanha e na Espanha.
Disse que o seu papel agora será "sensibilizar os brasileiros que se dispõem a sair do papel de meros expectadores do sistema."
Durante o evento, o ex-deputado Fernando Gabeira afirmou que os partidos estão muito desgastados e cada vez mais distantes da população. Segundo ele, o movimento que surge hoje (ontem) é muito importante porque representa uma resposta a um problema fundamental dos últimos anos, "como aproximar sociedade dos grandes temas, fazer com que exista a possibilidade de participação política de muitas pessoas que querem participar mas não encontram forma de fazê-lo de maneira ética".
Para ele, é necessário, em certos momentos, atuar nas instituições, no Congresso, no Senado. "Vamos olhar os partidos com as suas limitações ou tentar criar um novo? Essa é uma questão fundamental", disse. "Foi fundamental para o PV que Marina fosse sua candidata. Ele estava em situação determinada e de repente se ligou a milhões de pessoas que de outra maneira não votariam nele."
Fonte: O Tempo
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