Homem é executado em boate no Ayrton Senna em Ipatinga

O corpo de Cláudio José foi encontrado do lado de fora da boate Griffe 111: acusados adulteraram a cena do crime
08-11-2011 11:01
IPATINGA - O ajudante Cláudio José Silva, de 35 anos, foi morto com um tiro na nuca depois de uma confusão no interior da boate Griffe 11, no Residencial Ayrton Senna, em Ipatinga. A vítima teve o corpo arrastado para o lado de fora da danceteria e jogado na calçada.
A bala que atingiu Cláudio também acertou de raspão um rapaz identificado como Gilberto Paraguai Lopes, de 19 anos. O homem morto residia no bairro Iguaçu e tinha várias passagens por envolvimento com o tráfico de drogas.
Populares que estavam dentro da casa acionaram a Polícia Militar e contaram que uma pessoa havia sido baleada. Uma viatura esteve no local e os militares averiguaram que a vítima já não tinha sinais vitais. O óbito foi ratificado por uma equipe do SAMU.
Segundo o sargento Adilson Pereira, os policiais chegaram à porta da boate às 4h40, mas só foram atendidos pelo proprietário Marcos Oliveira 30 minutos depois, quando já estava acompanhado de seu advogado.

MARCAS DE SANGUE
Assim que foi permitida a entrada dos militares no interior da casa noturna, foram constatadas marcas de sangue pelo chão e havia uma marca de tiro próximo a uma caixa de som. "Os seguranças negaram qualquer envolvimento com o fato e também que houvesse ocorrido tiros dentro da boate. Mas, temos depoimentos de outras pessoas que comprovam que a vítima foi arrastada para o lado de fora", reforçou o policial.

ADVERTÊNCIAS
A boate já foi cenário de várias batidas policiais e o proprietário Marcos vinha sendo constantemente alertado pela Polícia Militar por causa das ocorrências registradas: pessoas armadas, menores no local, pessoas portando e consumindo drogas. No mês de maio deste ano foram localizadas nos arredores da boate várias porções de drogas e adolescentes dentro e fora da casa noturna.
Na ocasião, o proprietário alegou que possuía uma equipe de 15 seguranças e detectores de metal para a identificação e revista dos frequentadores, além de câmeras internas e externas para garantir o monitoramente de quem entrava e saía da danceteria.
A equipe da Polícia Militar que esteve no local da ocorrência constatou que as câmeras estavam desligadas.

FRAUDE

Dois inquéritos policiais foram abertos em virtude do homicídio registrado na boate Griffe 111. O delegado Ricardo Cesari esteve no local do crime juntamente com a equipe da perícia da Polícia Civil. Contudo, foi o delegado Rodrigo Manhães quem ouviu testemunhas do caso.
"Em relação ao homicídio em si não houve flagrante do autor, pois ele fugiu, embora nós já tenhamos algumas informações a respeito. O crime foi desmembrado em um outro procedimento, de fraude processual. O proprietário e os seguranças da boate, após o cometimento do crime que ocorreu no interior do estabelecimento, retiraram o corpo e violaram totalmente a cena do crime", confirmou Manhães.
O mais grave para o policial foi o proprietário ter trancado a porta do estabelecimento depois de ter arrastado o corpo. 

FLAGRANTE
Foi arbitrada uma fiança de R$ 20 mil para que todos os três funcionários e Marcos fossem liberados. Mas, como eles não pagaram o valor estipulado pelo delegado, acabaram remetidos ao Ceresp ainda na noite de domingo.
"Em princípio eles negam, mas nós temos testemunhos de outras pessoas, afirmando categoricamente que viram os seguranças retirando o corpo lá de dentro a mando do proprietário. Isso tudo para fazer com que de alguma forma o ocorrido não desse problema para eles, além de todas as marcas que existem no interior da boate, como a poça de sangue. À medida que o corpo foi arrastado foi deixando uma marca que já foi objeto de exame pericial: o perito confirmou tudo isso", justificou o delegado.



Fonte: Diário Popular

0 comentários: