Assassino da ex-namorada não vai mais a júri

José Wanderley ao lado da ex-companheira, que foi morta há quase 10 anos


IPATINGA – A sessão do Tribunal do Júri de Ipatinga que levaria o metalúrgico José Wanderley de Andrade, de 56 anos, ao banco dos réus, na próxima quinta-feira (7), não irá mais acontecer. No dia 12 de junho de 2001, ele assassinou a ex-namorada, a agente administrativa Irene Agripina Borges, 42. O crime aconteceu na casa dos pais da vítima, situada na esquina das ruas Gaspar de Lemos e Fagundes Varela, no Bairro Bom Retiro. Entretanto, exames apontaram que José Wanderley é portador de insanidade mental. O julgamento foi cancelado e o processo que cuida do caso está suspenso. 

Na tarde desta sexta-feira (1º), o jornal VALE DO AÇO conversou com os advogados do réu, João Pereira da Silva e Teresinha Baessa Rocha Pereira da Silva. “Fomos contratados pela família de José Wanderley para defendê-lo e logo percebemos que ele tinha algum distúrbio. Além de ter matado a Irene, ele tentou suicídio e também já tentou assassinar outra ex-namorada. É uma pessoa que sempre está desconcentrada e ‘aérea’”, discorreu Teresinha Baessa. “Não sou psiquiatra e, para comprovar a minha desconfiança, eu pedi um exame de insanidade mental, que foi deferido”, completou a advogada. 

Ainda conforme a defensora, a família do réu não pagou os honorários conforme o combinado e ela e João Pereira tiveram que deixar o caso. “Só de conversar com José Wanderley é possível notar que ele é uma pessoa perturbada. Não age como alguém que seja normal e, caso fosse condenado, eu ficaria com a consciência pesada”, concluiu Teresinha Baessa.

Prisão 
Depois de assassinar Irene em 2001, José Wanderley permaneceu por mais de nove anos foragido. Ele só foi preso na tarde do dia 27 de dezembro do ano passado, em um sítio do Bairro Petrópolis, em Timóteo. Na ocasião, ele foi trazido para a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (1ª DRPC) de Ipatinga e começou a se sentir mal pouco antes de prestar depoimento. José Wanderley teve que ser socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal de Ipatinga (HMI). Suspeitava-se que, ao perceber que seria capturado pela PC, ele tenha tentado cometer suicídio ingerindo veneno, o que foi confirmando pela advogada Teresinha Baessa nesta sexta-feira. 
Quando foi capturado, José Wanderley afirmou que tinha residência fixa em Macaé (RJ) e que havia chegado recentemente ao Vale do Aço passar o fim de ano com a família, mas a suspeita era de que ele já estava escondido em Timóteo.  

O assassinato 
José Wanderley não aceitava o fim do relacionamento imposto por Irene e resolveu matá-la no Dia dos Namorados. A agente administrativa trabalhava a mais de 20 anos na Caixa dos Empregados da Usiminas (Caixinha), era muita conhecida e querida na região do Bom Retiro. Por volta das 6h30 de uma terça-feira, ela tomava banho quando o ex-namorado entrou na casa, após abrir o portão localizado nos fundos. O metalúrgico, que trabalhava numa empreiteira que presta serviços à Usiminas, teria usado uma chave que roubou de sua ex-namorada. A filha da vítima viu o assassino entrar e ainda chamou pelo avô, o aposentado Sebastião Martins Borges. 

José Wanderley invadiu o banheiro efetuando um disparo, mas errou o alvo e acertou o chão. Logo após o primeiro tiro, Irene, o pai e sua filha, na época com 11 anos, entraram em luta corporal com o metalúrgico. Ele foi arrastado pelo aposentado até uma varanda nos fundos. Assim que Irene voltou para o interior da casa, o homicida se virou de repente e abriu a porta da cozinha com um chute. Sem hesitar, ele efetuou um disparo que atingiu o peito da ex-namorada. O assassino fugiu correndo com a arma do crime pela Rua Fagundes Varela. 

Vizinhos que escutaram os tiros socorreram Irene ao HMC, mas ela morreu antes de ser atendida. O projétil atravessou o coração. A vítima deixou três irmãos. 

Atualmente recolhido no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Ipatinga, José Wanderley deverá ser mandado para um hospital psiquiátrico nos próximas semanas. Como foi constatada a insanidade mental, ele seria completamente incapaz de entender o ato delituoso do fato, ou seja, não sabia o que estava fazendo quando matou a mulher. Desta forma, como prevê a lei, não pode ser submetido a julgamento. Outros exames deverão ser feitos para que a insanidade mental seja ratificada.fonte: JVA online  

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