Famílias da rua Amazonita em Ipatinga se negam a deixar suas casas

Os moradores que devem ter suas casas desapropriadas se recusam a sair para morar de aluguel
14-10-2011 10:08
IPATINGA - O impasse com os moradores da rua Amazonita parece não ter fim. A população ribeirinha que mora às margens do Ribeirão Ipanema foi convocada pelo Departamento de Habitação e Interesse Social para uma reunião ontem às 18h na Prefeitura. 
A pauta do encontro foi uma tentativa de conciliação da proposta de aluguel social feita pela Prefeitura. As famílias precisam ser retiradas de suas casas para a continuidade das obras da avenida Manaim. O embaraço maior é porque a Administração Municipal se recusa a indenizar o que foi gasto com benfeitorias nas moradias. 
A situação tem sido acompanhada de perto pelo Ministério Público e pelos vereadores integrantes da Comissão de Urbanismo da Câmara. Contudo, os parlamentares não foram cientificados do encontro de ontem, feito na sala de reuniões da Secretaria de Obras.
Segundo o vereador Nilson Lucas (PMDB), o impacto social das obras da Avenida Sanitária solicitado pelo MP e a comissão legislativa foi entregue pelos técnicos da Secretaria Municipal de Obras na semana passada. 
Mas os levantamentos não contêm todas as informações requeridas, como o número total de pessoas atingidas pela obra e o valor dos benefícios a serem pagos a essas famílias, além do prazo de conclusão dos apartamentos na Vila da Paz. 

IMPASSE
Elizabeth Santos Soares, 51 anos, veio da cidade de Guanhães e mora na rua Amazonita há mais de 10 anos. A dona-de-casa quer sair do local, mas para uma casa própria. A moradora ainda afirmou que não tem condições de manter um aluguel, já que ela e seu marido têm problemas de saúde e não podem trabalhar. "Se não for para casa própria não saio. Só se o trator passar por cima", disse Elizabeth.
A diarista Geralda do Nascimento, 50 anos, também recebeu uma proposta feita pela Prefeitura de aluguel social. Só que essa proposta ela não aceita. Para ela, o melhor seria uma nova moradia.
"Para sair daqui só se for para uma casa minha, porque troquei uma moradia no bairro Bethânia por esta por ficar mais perto do Centro. A minha moradia está em localização privilegiada, pois está perto das principais áreas da cidade", falou.
Geralda garantiu que não vai aceitar a proposta de aluguel, porque sabe de moradores que passaram por situações semelhantes. Ela falou que outros foram morar de aluguel e a Prefeitura acabou os deixando na mão. "Para o aluguel minha família não vai. Sei de pessoas que a Prefeitura falou que ia pagar e não pagou", afirmou.

PROMESSA NÃO CUMPRIDA

Maria da Penha, 45 anos, é uma prova de que a Administração Municipal não cumpriu com o combinado. Durante a época da chuva, Maria teve sua casa soterrada. Ela e as famílias foram retiradas de casa pela equipe da Defesa Civil para uma moradia de aluguel. 
O pagamento do aluguel no valor de R$ 250 reais foi honrado pela Prefeitura apenas durante dois meses. A partir do terceiro mês, Maria recebeu a informação de que a Administração Municipal não teria mais condições de pagar pela locação do imóvel, por isso ela teve que voltar a morar na casa soterrada.
"A Prefeitura retirou eu e minha família da casa falando que pagaria aluguel, só que depois de dois meses eles alegaram que não tinham mais condições de pagar. Tive que voltar para minha casa do jeito que ela tava, correndo o risco de mais desabamento, já que só meu marido trabalha e recebe um salário", revelou
Ainda de acordo com Maria, por esse motivo, os outros moradores da rua Amazonita têm receio de sair do local e ficarem abandonados sem lugar para morar, já que a maioria, como ela, não tem condição de pagar aluguel.

R$ 150 mil
Segundo o morador Osmar Marque Sobrinho, a sua situação é ainda pior, pois ele mora na área que será desapropriada e não foi convocado para a reunião de ontem. Ele alegou que funcionários da Prefeitura estiveram nas outras residências, e não chegaram na dele. 
Osmar mora há 13 anos no local e fez muitos investimentos no seu imóvel - ele inclusive tem escritura do seu lote. Ele defendeu que a Prefeitura deve se reunir com cada família para escutar a proposta de cada um. "Não quero perder meu lar, mas se é preciso sair, que seja por uma nova moradia. E o valor que quero pelo meu imóvel é R$ 150 mil, por menos que isso não saio daqui. A indenização tem que ajudar a construir uma nova casa onde eu e minha família possamos viver dignamente", justificou. 

Fonte: Diário Popular

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