Comércio ambulante oferece riscos à saúde em Ipatinga

IPATINGA - O Parque Ipanema, principal cartão-postal de Ipatinga, está com sua concepção paisagística seriamente comprometida pelas inúmeras barracas que se amontoam ao longo do passeio, logo na entrada. Grande parte das barracas, sem o mínimo de infraestrutura que garanta a higiene e qualidade dos produtos comercializados, ainda oferece um "cardápio", no mínimo, proibitivo: banana verde frita, batatinhas fritas, churrasquinhos e outros alimentos que são uma afronta às coronárias do cidadão e às noções de uma dieta desejável a quem utiliza o parque para caminhadas e exercícios diários, exatamente para preservar a saúde e a qualidade de vida. 
Os poderes públicos, certamente levando em conta a necessidade de sobrevivência dos ambulantes, que se apoderaram do Parque com sua "culinária de rua", não levam em conta a sobrevivência dos demais cidadãos, porque até hoje não tomaram nenhuma providência no sentido de normatizar este tipo de comércio, padronizar as barracas, enfim, estabelecer uma ocupação organizada do espaço urbano. Uma intervenção que se torna ainda mais urgente quando se constitui numa séria ameaça à saúde pública.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Para o ex-secretário de saúde e especialista em saúde pública Fabiano Moreira, a situação merece uma discussão mais aprofundada. Ele defende uma reavaliação da atual infraestrutura das barracas no Parque Ipanema, mas, diz não ser contrário à existência do serviço ambulante no local. Ele recomendou que os poderes Legislativo e Executivo realizem uma audiência pública para debater a questão. "Do ponto de vista paisagístico houve uma perda por causa da desorganização. Seria preciso critérios claros e definidos, tanto do ponto de vista sanitário como estrutural, para melhorar o que hoje se encontra precário", sugeriu.



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MANUSEIO
Os maiores cuidados a serem observados são com o modo inapropriado de manusear, preparar ou estocar a alimentação servida no local. Os riscos de contaminação por bactérias são grandes, o que torna o debate relevante para a saúde pública. No caso dos ambulantes do Parque Ipanema, há registro de barracas que utilizam a água do lago para lavar utensílios.
A não observância dos cuidados com relação à manipulação de alimentos pode ocasionar a intoxicação alimentar. Os perigos da intoxicação estão no desconforto gastrointestinal severo, que pode ser acompanhado de sintomas como cólicas abdominais, vômitos e diarreia.
"As internações no SUS geradas pela ingestão de produtos contaminados, resultantes de diarreias crônicas são consideráveis. E os contaminantes mais comuns são as bactérias, especialmente a Salmonela, Shigella, Estafilococos, Campylobacter jejuni, Clostridium, entre outros", descreveu o ex-secretário. 

RECOMENDAÇÕES
De acordo com a Vigilância Sanitária da Prefeitura de Ipatinga, órgão que deveria fiscalizar a situação no Parque Ipanema, as orientações quanto ao tipo de serviço oferecido no local são claras. Nem tão evidente é o seu cumprimento pelos ambulantes estabelecidos no Parque e noutros pontos da cidade.
Andrea Serrat de Almeida, coordenadora da Vigilância Sanitária, afirmou que as recomendações são de que as barracas devem ser de lona branca, e na sua estrutura deve haver um ponto de água, com pia e um recipiente para armazenar o que foi usado e para lavar as mãos. E ainda um toalheiro de papel com sabonete líquido para lavar as mãos de quem trabalha no local. O adequado é que o profissional use roupas brancas, ou pelo menos um avental ou jaleco branco. As lixeiras devem ser de acionamento automático, para evitar que o manipulador tenha contato com o material descartado. As recomendações para os ambulantes que comercializam churrasquinho são que a carne seja colocada em uma caixa térmica, mas o gelo não pode ficar em contato direto com o produto. 

Barracas não podem produzir refeições
IPATINGA - Uma placa anunciando a venda de marmitex em barraca do Parque Ipanema chamou a atenção de um leitor do DIÁRIO POPULAR, que fez uma imagem e a encaminhou ao jorna. Segundo a Vigilância Sanitária, as barracas não podem produzir a comida no local, mas não é proibida a venda de refeições preparadas em casa. No entanto, os pratos só podem ser servidos no máximo uma hora após o preparo, o que muitos ambulantes acabam não obedecendo.
"Ao consumir pratos como feijão tropeiro, arroz e salada, deve-se ter atenção redobrada. As refeições devem ser consumidos até uma hora do momento em que foram preparados. Caso contrário, as comidas podem azedar no marmitex", alertou Andrea Serrat de Almeida, coordenadora da Vigilância Sanitária.
Caso o ambulante coloque as refeições preparadas em um balcão térmico, na temperatura de 60° o tempo de validade dos produtos é maior. Na barraca ambulante, o máximo que os vendedores podem fazer é um carne na chapa, para ser consumida imediatamente. "Pedimos que os comerciantes ambulantes mantenham todos os produtos tampados. Não é colocar um pano de prato em cima das panelas como fazemos na nossa casa. Temos que pensar nas doenças que devem ser evitadas", ressaltou Andrea. A Vigilância Sanitária proíbe também a comercialização de qualquer produto que leve maionese nas barracas ou mesmo em feiras livres. Só é permitido o produto no sache lacrado.
Quem manipula os alimentos e lida diretamente com os produtos oferecidos na barraca, não pode cuidar da parte financeira. O órgão exige que haja no estabelecimento pelo menos duas pessoas.

Comerciantes querem reconhecimento
IPATINGA - A Associação dos Feirantes de Ipatinga foi criada há sete anos e possui cerca de 300 filiados. A vice-presidente da entidade, Alice Gomes da Silva, disse que tanto os ambulantes das feiras livres como os do Parque Ipanema são comerciantes como qualquer outro.
"A diferença é que não temos condições de pagar imposto. Mas compramos mercadoria como qualquer outro empresário. Temos que vender nossos produtos para sustentar nossas casas", justificou.



fonte: Diário Popular

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