Medo silencia testemunhas em Fabriciano

O delegado Gustavo Cecílio disse que as testemunhas preferem se calar a contar o que sabem
FABRICIANO - Os quase 20 casos de homicídios registrados em Coronel Fabriciano durante os primeiros meses deste ano levaram a Polícia Civil da cidade a propor uma força-tarefa para dar andamento aos inquéritos policiais pendentes na delegacia. O delegado Gustavo Cecílio relevou que as estatísticas apontam que quase 95% dos crimes de homicídios estão relacionados com acerto de contas ou disputa por pontos de drogas. "Hoje, nós temos 26% dos inquéritos com o autor definido. Atribuímos a autoria a determinada pessoa e recomendamos a prisão nos casos em que se faz necessário", disse. 
Até o dia do mutirão de depoimentos, haviam sido registrados 18 homicídios consumados e quatro tentativas de homicídios em que as vítimas acabaram morrendo. Durante as oitivas foram convocadas quase 200 testemunhas para depoimento. "Em 97% dos inquéritos sabemos quem é o autor. Contudo, não conseguimos transformar essa informação em elemento de prova dentro do inquérito. Isso ocorre porque as testemunhas chegam na delegacia e não querem falar por receio. Elas preferem se silenciar e isso atrapalha a investigação", analisou o delegado. 
Do total de pessoas convocadas a depor pela polícia investigativa, 83% compareceram. O restante que não se apresentou vai ser intimado novamente.
"Não tem como apontar no inquérito que o autor é tal pessoa e por isso pedir ao juiz a prisão dele. O magistrado não vai acatar o pedido de prisão e essa pessoa vai continuar impune. Precisamos mais do que nunca do apoio da sociedade, que nos informe e ajude, para que o serviço policial seja prestado de forma efetiva na nossa cidade", pediu.

PRISÕES
Dos casos investigados, cerca de 20 inquéritos foram concluídos nas últimas semanas. Neles, a Polícia Civil solicitou a prisão de 13 pessoas. Agora os documentos devem ser encaminhados ao juiz da Vara Criminal para análise.
"Seja vítima, autor ou testemunha. O mais difícil de comparecer são as vítimas. Não tem crime sem vítima. Ela deveria ser a maior parte interessada e demonstrar interesse. Mas não é isso que acontece, muitas vezes por medo", comentou.
A intenção dos delegados de Coronel Fabriciano é priorizar os depoimentos de todos os envolvidos nos inquéritos de homicídio. fonte: Diário Popular

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