Pai de estudante assassinado em Ipatinga se revolta e pede justiça


IPATINGA – Completamente revoltado com o arquivamento do processo que apurava o assassinato de seu filho – o estudante Marcos Vinícius Gonçalves Souza, 16 –, o encarregado de elétrica José Geraldo Rosa, 47, revela que, em busca de justiça, irá procurar o Ministério Público, em Belo Horizonte, e poderá até mesmo ir à Brasília. “Estou muito aborrecido. Há mais de um ano que luto por conta desse crime que vitimou meu filho. É um absurdo o que está acontecendo. Eu acho que hoje nós não temos justiça. Um assassinato desses não deveria fica impune. Todo mundo esperando uma coisa e acontece outra. A gente fica com o coração doendo. Como é que vamos fazer agora?”, desabafou. José Geraldo, mais conhecido por amigos e familiares como “Bandinha”, emendou: “É o seguinte: vamos ter que procurar uma solução. A justiça nos deu 10 dias para entrarmos com um processo. É um novo processo e uma nova briga. Vou procurar a promotoria pública de Belo Horizonte e ir até Brasília. Quero encontrar gente que ‘bata forte’, que possa de fato nos ajudar”.

Marcos Vinícius, o “Marquinhos Burn”, foi assassinado ao receber um tiro na cabeça quando estava no Parque Ecológico das Águas, no Veneza, entre a Avenida Marechal Cândido Rondon e a Rua Novo Hamburgo, no dia 7 de julho de 2009. Ele nunca se envolveu em crimes e tampouco seria usuário de drogas. Levantou-se uma suspeita de que o jovem havia sido atingido por uma ‘bala perdida’. No entanto, durante exame de necropsia no Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga, essa hipótese foi descartada. Havia resquícios de pólvora no crânio do rapaz, o que indica que o tiro que o matou foi efetuado à queima-roupa ou a curta distância. Havia um casal e outros amigos perto dele na hora em que foi baleado.

Investigações da Polícia Civil apuraram que o responsável por atirar em Marcos foi um adolescente, atualmente com 16 anos. No entanto, o promotor Fábio Finotti, da Vara da Infância e Juventude, solicitou o arquivamento do processo, pois entendeu que as provas não indicam com precisão quem foi o autor do tiro. Apenas ficou comprovado que o disparo que atingiu o estudante foi efetuado a curta distância. O juiz José Clemente, da Vara da Infância e Juventude, teve o mesmo entendimento que Finotti e determinou o arquivamento do processo esta semana. 

Polícia Civil 
O delegado Helton Cota Lopes, atual responsável pela Delegacia Adjunta de Crimes Contra a Vida, foi quem concluiu o inquérito e o remeteu à Justiça. O policial civil encontra-se atualmente em férias. Mas, na tarde deste sábado (5), por telefone, ele concedeu entrevista ao jornal VALE DO AÇO e declarou que irá se inteirar melhor das circunstâncias em que o processo foi arquivado para pode emitir qualquer tipo de análise. “O inquérito passou pelas mãos de mais dois delegados antes de mim. Eu apenas o finalizei. Quem trabalhou por mais tempo nas investigações foi o delegado Reinaldo Lima (atualmente em Belo Horizonte). Posso dizer que o trabalho de Polícia Civil foi feito e que havia bons fundamentos nas investigações”, comentou. 

GRANDE REPERCUSSÃO
José Geraldo, o “Bandinha”, lembrou que o homicídio de Marcos teve grande repercussão no Vale do Aço e que várias autoridades se empenharam na elucidação do caso. “As investigações envolveram o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a promotoria pública. A Polícia Civil apreendeu computadores, que foram levados para Belo Horizonte e ficaram um tempão por lá. Mas e aí? Esse trabalho todo para nada? Eu acho que os juízes deveriam analisar o processo melhor”, analisa. “Fui criado aqui em Ipatinga. Há 47 anos que eu moro no Vale do Aço. Aí chega uma pessoa e faz isso com a família da gente? Eu já perdi um emprego em Vitória (ES) e vim pra cá resolver esse problema. O que a justiça da terra está fazendo? Será que nós vamos ter que esperar a justiça divina?”, complementou “Bandinha”.   

O pai de Marcos acredita que ficou sim comprovado quem matou seu filho. “Será que o delegado e os peritos trabalharam errado? Será que o delegado trabalhou errado quando descobriu quem matou meu filho? Não. Está tudo certo. Agora é a promotoria pública, o juiz quem manda. Então não vai precisar de perito, não vai precisar de delegado, não vai precisar de nada. O assassino está impune. Se a justiça da terra não for feita, a justiça divina não falhará. No dia que ele chegar ao juízo final, ele vai ver o que acontece”, concluiu “Bandinha”.  


fonte: JVA online

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