BELO ORIENTE: População teme fechamento de hospital

A taxa de ocupação e permanência nos leitos hospitalares é baixa, segundo a Prefeitura de Belo Oriente
18-11-2011 11:40
BELO ORIENTE - Se a saúde pública no Vale do Aço está à beira do caos, a situação pode se tornar ainda pior com os rumores de fechamento do Hospital Municipal de Belo Oriente. Depois de passar 90 dias sem receber os salários, a equipe médica decidiu suspender os atendimentos na última terça-feira (15). Alarmados com a notícia, a população foi à0s ruas na tarde de ontem para protestar em frente à Prefeitura e cobrar maiores explicações do prefeito Humberto Lopes. 
O Hospital Municipal de Belo Oriente, situado na Alameda Cruz Souza, n° 500, no Distrito de Perpétuo Socorro, foi inaugurado em 30 de outubro de 2004, para atendimentos de urgência e emergência. 
Desde então foram gastos mais de R$ 3 milhões em equipamentos para um bloco cirúrgico pouco utilizado. A atual mantenedora da unidade hospitalar é a Fundação de Ação Social e Saúde de Belo Oriente. Todos os atendimentos feitos pelo hospital local são pelo SUS. 
Os rumores de que os funcionários seriam demitidos e a Administração Municipal anunciaria o fechamento do Hospital Municipal começaram na semana passada. Sem retorno quanto à veracidade ou não da informação, a comunidade decidiu pedir explicações. 

DIFICULDADE 
A dona-de-casa Maria Aparecida Silva, de 38 anos, moradora do distrito de Perpétuo Socorro, disse que o hospital foi transformado em Unidade de Saúde. Não há mais atendimentos durante a madrugada como deveria acontecer em uma unidade de prontoatendimento. 
"Papel aceita tudo, quero ver agora eles [a administração municipal] explicarem como vai ficar a situação do hospital. Só restaram enfermeiras e um atendente. Um dos médicos permaneceu por consideração à população. Mas ninguém trabalha de graça", comentou. 
Ela também falou da dificuldade de buscar atendimentos em Ipatinga, uma vez que os hospitais particulares não aceitam mais consultas de quem não é conveniado a planos de saúde. "Nem mesmo com dinheiro na mão se consegue atendimento em Ipatinga. Antes, se alguém passasse mal, o primeiro atendimento era feito aqui mesmo no nosso hospital e depois éramos encaminhados para outros lugares. Agora, se fechar, como vai ficar?", questionou a moradora. 
Maria tem filhos de 7 e 11 anos. Para consultá-los, ela teve que ir para a fila do hospital às 5 da manhã e esperar a marcação da consulta. Depois de conseguir a vaga, ela teve que retornar em casa e buscar a criança para a consulta médica. 
Mauriceia Silva, de 30 anos, também participou da manifestação e pediu que o hospital não pare de funcionar. No início do mês, seu filho de 4 anos passou mal durante a madrugada e permaneceu em observação na unidade hospitalar. "Não queremos que fechem o hospital, pois aqui é o único lugar que temos onde recorrer quando alguém adoece. Meus familiares sempre foram atendidos no nosso hospital e quero continuar a contar com o serviço", defendeu a dona-de-casa. 

Hospital não possui demanda, diz nota da Prefeitura Municipal 
BELO ORIENTE - Em nota, a Prefeitura de Belo Oriente informou que a taxa de ocupação e permanência nos leitos hospitalares é baixa (12,4% para ocupação e 5,23 % de permanência), quando a média da região do Vale do Aço gira em torno de quase 100%. 
Nos últimos 10 meses foram feitas apenas de 105 cirurgias, sendo 35% atendendo a pacientes de municípios vizinhos. Com um total de 36 leitos, a unidade hospitalar não tem tido demanda. 
"Buscando, como sempre, priorizar a qualidade do atendimento de saúde à população de Belo Oriente, a Administração Municipal vem envidando todos os esforços para manter o funcionamento regular do Hospital Municipal. Do alto custo de manutenção das atividades hospitalares subutilizadas, do baixo teto de faturamento SUS do Município e da não cooperação dos municípios vizinhos no sustento das atividades hospitalares", justificou. 
A Administração Municipal negou o fechamento do hospital. Mas estuda medidas para reestruturar o prontoatendimento. O atendimento deve acontecer de 7 às 22 horas, com equipes de enfermagem e funcionamento dos laboratórios, raio-x e alguns setores ambulatoriais. 
Sobre os salários atrasados, a Prefeitura esclareceu que a pendência não é de 3 meses, como foi informado inicialmente, mas de 2 meses. Informalmente foi dito que os funcionários estão sendo convocados para uma negociação. 



Fonte: Díário Popular

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