Irmãs siamesas de Timóteo permanecem ‘indivisíveis"

VITÓRIA E VIVIANE, com mais de 15 dias de vida, não poderão ser operadas e permanecem com situação indefinida - Foto: Divulgação Vital Brasil
Após mais de 15 dias do nascimento, as gêmeas Vitória e Viviane, que nasceram no Hospital Vital Brazil, em Timóteo, permanecem internadas no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, sem poderem ser operadas. Segundo boletim médico, "as gêmeas siamesas estão evoluindo, apesar da cardiopatia complexa, com estabilidade e sem alterações do quadro clínico. Encontram-se clinicamente estáveis, funções fisiológicas presentes e normais, recebendo dieta pela sonda nasogástrica e oxigênio por cateter nasal".  

Ainda de acordo com o boletim médico, Vitória e Viviane já foram submetidas a vários exames laboratoriais e de imagens. Até o momento, foi constatada a cardiopatia congênita complexa, saco pericárdio único, dois átrios – que se comunicam –, duas válvulas átrio-ventriculares, três ventrículos – sendo que dois comunicam-se entre si –, duas aortas e duas artérias pulmonares. “A anatomia é normal de um coração. Avaliadas pela equipe cardiovascular, foi constatada a inviabilidade cirúrgica”, divulga o Hospital Santa Casa.

O pediatra Dênio Siqueira, que acompanhou as gêmeas siamesas após o nascimento no Hospital Vital Brazil, em Timóteo, explica que a impossibilidade da cirurgia se deve ao fato de haverem vasos do coração que se comunicam e seria inviável a separação deles. “É como se elas tivessem um coração misturado, com três ventrículos e dois átrios. O coração é considerado um órgão nobre, assim como o cérebro, por isso a situação é complexa”, explica Dênio. Ele também esclarece que Vitória e Viviane precisam permanecer internadas na Santa Casa de Misericórdia por tempo indeterminado. “Elas estão estáveis, mas vão precisar constantemente de oxigênio, soro na veia e dieta por sonda”, explica Dênio.

Novos exames
Segundo o pintor estabelecido em Coronel Fabriciano, Renato Bragança, pai de Vitória e Viviane, elas devem passar por mais exames. “Pelo que os médicos disseram, só foi feito o eletrocardiograma e ainda será feita a tomografia, para saber ao certo se há algum outro órgão compartilhado, além de parte do coração”, descreve.

De acordo com informações do hospital, a tomografia será realizada nesta segunda-feira (27). O médico Dênio Siqueira explica que os demais exames serão feitos para o detalhamento da situação das siamesas. “A tomografia será feita apenas com o objetivo de estudos, para o protocolo do caso”, declara o pediatra.
Não há definição de até quando as gêmeas permanecerão na Santa Casa. “Quanto ao futuro, se elas vão continuar no hospital ou vão voltar para o local de origem, não se sabe ainda. Como é um caso que não tem possibilidade de cirurgia, não tem nada definido”, afirma Dênio.

Os pais
A mãe, Fernanda Oliveira, de 17 anos, foi para Belo Horizonte na manhã desta quinta-feira (23), juntamente com seu pai, para acompanhar os exames e o quadro clínico das filhas recém-nascidas. Na capital, ela atendeu a uma ligação telefônica da reportagem do jornal VALE DO AÇO mas, ainda abalada, prefere não falar sobre a situação das filhas. 

De acordo com o pai das garotas, Renato, os médicos teriam exigido a presença do casal em Belo Horizonte para acompanhar as siamesas. “Mas eu não pude ir para lá porque estou trabalhando”, explica Renato, que ganha a vida como pintor. Ele esclarece que a mãe e o avô das crianças foram por conta da Prefeitura de Coronel Fabriciano e permanecerão na capital por tempo indeterminado. “Eles foram em um carro da prefeitura e estão ficando em uma casa de apoio de Fabriciano”, informa Renato.
Na atual circunstância, Renato afirma que ele e Fernanda estão mais tranqüilos. “A gente tem que ser forte, senão não agüenta. Nem sei como expressar o que eu estou sentindo, mas ainda espero que tenha solução”, declara o pai.


Casal fez pré-natal, mas sem ultra-som
O acompanhamento de pré-natal – por razões financeiras, feito de forma incompleta pela mãe, o que fez com que o caso das siamesas fosse uma surpresa para todos - trata-se da realização de consultas médicas durante o período de gestação. Com o objetivo de detectar e tratar possíveis doenças, são feitas avaliações globais da gestante e do crescimento do bebê, além de diversos exames laboratoriais. O pré-natal deve ser iniciado assim que for considerada a possibilidade de gravidez.

De acordo com o pai das siamesas Vitória e Viviane, a mãe foi submetida a seis consultas, embora não tenha realizado nenhuma ultra-sonografia durante o pré-natal. As consultas foram cumpridas no posto de saúde do Bairro São Domingos, em Coronel Fabriciano. “A gestação foi normal, só não foi feito o ultra-som, porque tinha que ser particular”, conta Renato.

No mesmo hospital, siamesas
viveram juntas por quatro anos

O pediatra Dênio Siqueira conta que quando fazia residência na Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, havia gêmeas siamesas que viveram até quatro anos no hospital. “Elas eram unidas pelo tórax e abdômen, moravam lá no hospital. Quando fizeram quatro anos, passaram pela cirurgia de separação”, comenta Dênio. Ele explica que essas gêmeas compartilhavam membros não vitais e só foram operadas após os médicos estudarem o caso detalhadamente.

Outro caso na Santa Casa de Misericórdia foi o de gêmeas siamesas de Cariacica, no Espírito Santo, unidas pelo tórax e abdômen, que possuíam apenas um coração. Elas não sobreviveram e a família não quis divulgar muitas informações.

A Santa Casa de Misericórdia é conhecida por sua experiência em casos de bebês xipófagos, ou siameses. 

Operação marcada
No último mês de abril, nasceram gêmeos siameses, do sexo masculino, em Oricuri, no Sertão de Pernambuco. A intervenção cirúrgica para separação deles foi marcada para agosto deste ano. A decisão da equipe médica responsável pelo caso foi dada depois de uma série de exames que constataram que o fígado é o único órgão comum aos dois irmãos.

Na Austrália, médicos realizaram com sucesso uma cirurgia de 25 horas para separar gêmeas siamesas. Isso ocorreu em novembro de 2009. As gêmeas Trishna e Krishna, que tinham quase três anos na época, eram unidas pelo topo da cabeça.

15 anos juntas
Já na Índia, as gêmeas siamesas Saba e Farah, de 15 anos, são unidas pelo crânio e não puderam ser separadas. O pai das meninas está fazendo um apelo ao governo do país para permitir a morte das duas, que sofrem de dores extremas na cabeça e nas juntas, além de terem desenvolvido problemas na fala.

Fonte: Informações do Portal JVA online

0 comentários: