Lojistas calculam prejuízos causados pelo apagão no Vale do Aço

Márcia Maciel diz que é comum a queda de energia em datas próximas a feriados: “Não sei se isso é coincidência ou algum problema da rede”
14-10-2011 09:42
IPATINGA – Comerciantes do Centro de Ipatinga passaram esta quinta-feira (13) contabilizando os prejuízos e transtornos causados pela falta de energia elétrica na tarde da última terça-feira (11), data que antecedeu o feriado da Padroeira do Brasil e o Dia das Crianças. Conforme já foi divulgado pelo jornal VALE DO AÇO, segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) a chuva forte que caiu em algumas regiões do estado foi o que causou o problema, deixando 2,3 milhões de unidades consumidoras sem o abastecimento. Segundo o Operador Nacional do Sistema de Elétrico (ONS), a interrupção do abastecimento atingiu a maior parte do estado, e a energia começou ser recomposta imediatamente. Ainda de acordo com a ONS, a região Leste e o Centro de Minas Gerais, incluindo a Serra da Mantiqueira, foram as mais atingidas pelo problema. 

Com a falta de energia no Vale do Aço, os semáforos pararam de funcionar, os bancos e lotéricas fecharam as portas e várias pessoas ficaram presas dentro de elevadores. Além disso, alguns telefones fixos e aparelhos celulares pararam de efetuar e receber ligações. No entanto, a Polícia Militar e os Bombeiros informaram que nenhum acidente relativo à queda de energia foi registrado. Ainda conforme os militares, os semáforos voltaram a funcionar gradativamente sem que fosse necessária a interferência humana.

Reclamações
As maiores reclamações referentes ao problema se concentraram entre os lojistas, principalmente os que atuam em estabelecimentos voltados para o público infantil. Gerente de uma loja de artigos de R$ 1,99, Regiane Barreto reclamou do ‘imprevisto’. “Ficamos três horas com as portas fechadas justamente quando o movimento no comércio aumentou. Como em nossa loja há muitos artigos pequenos, até que conseguimos fechar parcialmente as portas, para bloquear a entrada e saída de pessoas, aconteceram vários pequenos furtos. Foi uma situação muito desconfortável, pois com as portas fechadas a loja ficou muito quente, abafada... Isso sem falar que devido à falta de energia as máquinas não estavam passando cartões e por conta disso algumas pessoas desistiram das compras já no caixa”, reclamou.

A gerente realça que o prejuízo é estimado em cerca de 30% para as vendas do dia. “Lembrando que era uma data em que a gente esperava grande movimento, véspera do Dia das Crianças. A Cemig devia ter pelo menos dado uma explicação pra gente em relação ao ocorrido. O Centro estava lotado, o prejuízo foi geral. Agora estamos descendo todo o estoque natalino, que deveria ganhar as prateleiras só no fim do mês, para ver se reduzimos um pouco os impactos desse dano”, comentou.

Proprietária de uma loja de roupas infantis, Doralice da Luz Campos Torres também calcula o prejuízo. “Eu não precisei fechar a loja, mas muitas pessoas deixaram de comprar porque a máquina do cartão não estava funcionando. Hoje em dia, poucas são as pessoas que andam com dinheiro na carteira”, pontuou.
Já numa tradicional loja de brinquedos de Ipatinga, a gerente do estabelecimento, Márcia Maciel, acredita que tenha perdido pelo menos 10% das vendas do dia, por conta da queda de energia. “Não dá para estimar o valor do prejuízo, mas que ele foi grande, isso sem dúvida. Nossa primeira medida logo que a energia acabou foi baixar as portas da loja para prevenir furtos, pois com a falta de luz, o alarme, as câmeras e os sensores param de funcionar. Todo o ano é quase que uma regra a falta de energia em datas como o Dia das Crianças, o Natal e na véspera da volta às aulas em janeiro. Não sei se isso é uma coincidência ou algum problema propriamente dito, mas para evitar que nós sejamos vítimas disso novamente, já estamos providenciando um gerador para a nossa loja”, desabafou.

Usiminas
A reportagem do jornal VALE DO AÇO teve a informação de que na Usiminas o prejuízo foi milionário, e a falta de energia atingiu inclusive o setor de produção. Entretanto, a empresa não confirmou a informação. “A Usiminas possui gerador e a queda de energia elétrica afetou apenas algumas áreas como o setor de comunicação social”, alega a empresa.

Por sua vez, a assessoria de Comunicação da Cemig informou que caso prejuízos tenham ocorrido dentro da área da Usiminas, o problema será acertado entre o alto escalão da empresa e a gerência da companhia de energia. “A Usiminas tem um gerente específico pra ela, por se tratar de uma grande empresa, com abastecimento próprio. Portanto, se aconteceu qualquer prejuízo, esse problema será tratado e resolvido internamente”, explicou a assessoria, destacando que consumidores que se sentiram lesados com o abastecimento devem ligar para a central de atendimento 116, tendo a conta de energia em mãos e os detalhes sobre o equipamento danificado.

Sindieletro atribui demora no restabelecimento da energia 
à redução no quadro de pessoal da Cemig


Para o coordenador regional do Sindieletro-MG no Vale do Aço, Marcos Túlio, o maior problema na tarde da última terça-feira (11) não foi a falta de abastecimento elétrico, mas sim a demora na recomposição do serviço. “O que a gente do Sindicato vem reclamando há tempos é a contratação de pessoal. A Cemig tinha 19 mil funcionários em 2003 e hoje tem 8,5 mil. Terceirizou o serviço e, com isso, pôs em cheque a qualidade. Na nossa campanha salarial, que está em andamento, a gente cobra a prestação do serviço público de qualidade e mais investimentos da manutenção da rede. Pedimos a contratação de 3 mil pessoas através de concurso público e solicitamos mais cuidados com a saúde e segurança do trabalhador. Somente esse ano foram registrados seis acidentes fatais na empresa, e isso não é normal. A sociedade como detentora dessa empresa tem que ter serviço público de qualidade. A cada ano a empresa vai perdendo a confiança dos mineiros. E isso vai ser refletido no atendimento à população. A nossa campanha salarial esse ano é para prestar serviço de qualidade, emprego de qualidade”, finalizou.

Ainda conforme o sindicalista, a Cemig tem mais do que a obrigação de dar uma resposta aos consumidores sobre as quedas de energia que ocorrem durante o ano. “A Cemig tem uma das tarifas mais caras do Brasil, a população paga tarifa cara por um serviço que não está sendo tão bom mais. A deficiência no atendimento no Vale do Aço foi constatada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que em 2010 ficou com o 5° pior índice de qualidade de abastecimento no estado. A nossa campanha salarial para mudar esse quadro”, finalizou.

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