Cai esquema de fraude em 14 cidades do Norte de Minas


Muitos equipamentos entregues aos hospitais estavam superfaturados

MONTES CLAROS – O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seis pessoas – quatro de uma mesma família – por formação de quadrilha e diversos outros crimes praticados contra a administração pública, por meio da falsificação de documentos, fraudes em licitações e desvio de verbas públicas, num gigantesco esquema de corrupção que também envolveu funcionários públicos municipais.

Os acusados são Hélio Rodrigues Neres, sua esposa, irmão e filha, além de dois funcionários públicos da Prefeitura de São João da Ponte, um deles irmão do atual prefeito da cidade. De acordo com a denúncia, os crimes foram descobertos durante investigação realizada por órgãos estaduais para desvendar um esquema de corrupção que envolvia vários municípios do Norte de Minas Gerais. Ao se depararem com irregularidades envolvendo verbas públicas federais, os documentos foram encaminhados ao MPF e à Polícia Federal (PF). Os denunciados irão responder por crimes como formação de quadrilha, falsidade ideológica, superfaturamento fraudulento em licitação e desvio de verbas públicas.

Nesta quarta-feira (1º), operação conjunta da PF, Ministério Público e Receita Estadual, que apura um rombo de R$ 100 milhões em 14 municípios do Norte de Minas, resultou na prisão de Hélio Rodrigues Nery, das empresas Comercial Costa Azul Produtos Hospitalar, Escola Ltda e Rio Verde Artigos para Educação e Saúde, da secretária municipal de Finanças, Rita de Cássia Dias Cordeiro, e do secretário municipal de saúde, Fagner Magela Fernandes Cordeiro, ambos de São João da Ponte. Cerca de 200 agentes participaram da operação batizada “1655”.


Os municípios investigados são Bocaiúva, Catuti, Glaucilândia, Itacarambi, Matias Cardoso, Miravânia, Montes Claros, Montalvânia, Padre Carvalho, Riacho dos Machados, Rio Pardo de Minas, Salinas, São João das Missões e Várzea da Palma, além de São João da Ponte. Os agentes da PF averiguaram as licitações feitas com estas duas empresas, além de recolherem cópia de documentos, pois o foco é analisar se ocorreu superfaturamento nos preços das mercadorias.

A Prefeitura de Montes Claros foi ocupada por 20 agentes da PF, que pediram informações sobre as compras feitas com a Rio Verde e Costa Azul, no total de R$ 30.086. No dia 8 de março de 2010, a prefeitura comprou um refrigerador por R$ 1.760 e uma TV de 42 polegadas por R$ 3.490. No dia 26 de outubro de 2009, comprou 12 arquivos de aço por R$ 5.580, uma câmera digital por R$ 379 e dois suportes metálicos de caixa acústica, por R$ 208. Em 4 de janeiro de 2010, comprou 20 armários por R$ 8.140. Em 18 de maio, comprou quatro arquivos de aço por R$ 2.600. No dia 14 de junho, um bebedouro por R$ 600 e no dia 22 de julho de 2010, um painel eletrônico de senhas usados na Seplan por R$ 5,3 mil.

O procurador-geral do município, Sebastião José Vieira Neto, explicou que todos os itens adquiridos foram apresentados à PF, que fez a fotografia e emitiu o relatório. O último item foi apresentado foi um armário em uma escola da periferia da cidade. Ele entende que a PF poderia ter requisitado a nota fiscal, que teria sido encaminhada. No dia 20 de junho de 2008, a operação “João de Barro” foi explorada politicamente pela oposição do então prefeito Athos Avelino. O procurador Vieira Neto entende que também haverá exploração desta nova operação.

O delegado Marcelo Eduardo Freitas explica que a descoberta do esquema começou em São João da Ponte, que comprou R$ 515,9 mil das empresas de Hélio Rodrigues, mas entregou R$ 195,3 mil. Ele observa ainda que as investigações do MP sobre compra de medicamentos mostraram que a prefeitura comprou os medicamentos de outra empresa e colocou no estoque, para tentar burlar a investigação. Na licitação, foram usadas empresas fantasmas.Fonte: Hoje em Dia

0 comentários: