Carro antigo é negócio rentável - Alguns modelos chegam a custar R$300 mil


Apaixonado. Amauri Oliveira é presidente do Clube do Fusca de Belo Horizonte e faz restaurações "praticamente artesanais"
CRISTIANO TRAD

Para uma legião de aficionados, os automóveis são mais do que maneiras de ir do ponto A para o ponto B. São objetos de desejo, obras de arte que fazem do trajeto a melhor parte da viagem. Quando há valor histórico, o modelo ganha status de peça de museu e sustenta um mercado que movimenta mecânicos, compradores, restauradores e colecionadores.

A profissão de Amauri Oliveira é garimpar peças e trabalhar, quase artesanalmente, na restauração de Fuscas, popular modelo alemão que desde 1996 não é mais fabricado no Brasil. Ele conta que as encomendas são maiores do que a sua capacidade de atender à demanda e que existe uma lista de espera por atendimento. Amauri não gosta de falar em valores, "não se trata apenas de um negócio", diz, mas um modelo restaurado é revendido por até R$ 15 mil. As peças e a manutenção dos veículos são garantidas por uma rede de mecânicos que se conectam pela internet e trocam informações nos encontros de colecionadores e admiradores do carro. Amauri é também presidente do Clube do Fusca de Belo Horizonte, que conta com cerca de 2.000 "amigos", segundo ele. Parte desses membros se reúne uma vez por mês na capital para trocar informações, peças, contatos e para exibir seus bem cuidados exemplares.
Engenheiro civil por formação, James Mendonça possui um acervo de 45 veículos esportivos antigos, que vão do Puma ao BMW. Garimpados em exposições pelo Brasil e no mundo, alguns modelos restaurados chegam a custar R$300 mil, como é o caso de uma BMW Alpina, fabricada em 1969 e desenvolvida para pistas de corrida, mas que nunca entrou numa disputa de velocidade. Ele diz que a internet facilitou muito a busca por peças, mas que há dificuldade em encontrar mão de obra, o que dificulta o trabalho. "Às vezes, uma restauração pode levar até dois anos e a gente se apega ao carro. Eu sei que não posso ficar com todos e preciso revender alguns, mas sinto uma dor no coração abrir mão deles", diz.

A coleção do compositor Pacífico Mascarenhas começou com um modelo Packard, de 1937, que ele foi buscar em um ferro-velho. "O carro foi leiloado e iria ser desmanchado. Comprei um Cadilac, ofereci na troca e acabaram aceitando. O carro era oficial do governo de Minas e transportou o presidente Juscelino Kubistchek e a imagem de Nossa Senhora de Fátima com o bispo Dom Cabral. Hoje, é considerado o carro mais importante do Brasil", diz. Mascarenhas já teve centenas de veículos em sua coleção, mas hoje conta "com cerca de 50". Entre as "obras de arte", um Horch 1937, apenas 23 unidades fabricadas e presente de Hitler para Getúlio Vargas.

Placa preta dá direito a isenções
Veículos nacionais e importados com mais de 30 anos têm direito a isenções fiscais desde que mantenham suas características originais de fabricação.
Ao conquistarem a "placa preta", que os diferencia dos demais carros, estes veículos possuem algumas peculiaridades legais. Eles não estão sujeitos aos mecanismos de controle de emissão de gases, poluição e ruídos, além da não serem obrigados a cumprir algumas determinações de segurança que não existia à época da fabricação do modelo. (PG)
Exposição
Desfile. O Packard 1937, usado por Juscelino Kubistchek, aparece na série da TV Globo sobre o ex-presidente. O dono do carro também o ofereceu para a presidente Dilma desfilar no 7 de setembro.
Clubes na rede
Clube do Fusca
clubedofuscabh.com.br

Clube do Opala
clubeopalabh.com.br

Veteran Car Club
veterancarclub.com.br

Kharmann Ghia Club
kgcbh.blogspot.com

Clube do Carro Antigo
clubedocarroantigo.com.br
Fonte: O Tempo

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