Em busca da perfeição, homens mineiros se rendem ao silicone


Especialista. Ivan Abadesso reserva um dia para atender apenas aos homens em seu consultório
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Já se foi o tempo em que a beleza era uma preocupação exclusiva das mulheres. Nos dias de hoje, com a onda metrossexual e o imediatismo do mundo moderno, cada vez mais os homens deixam de lado os exercícios físicos e recorrem ao bisturi para conseguir o corpo perfeito. E, além de implante capilar, correções nas pálpebras e no nariz, cresce a procura por implantes de silicone, que até então eram um procedimento quase que restrito às mulheres.
E essa mudança de realidade chegou também a Minas. Prova disso é que o cirurgião carioca considerado o "queridinho" dos famosos Ivan Abadesso esteve em Belo Horizonte no início do mês para ensinar as técnicas de intervenções masculinas a cerca de cem cirurgiões. O médico mantém sigilo sobre a identidade de seus pacientes e se recusa a confirmar que entre eles está a apresentadora Ana Maria Braga e um cantor famoso, que já teria passado por diversos procedimentos. No entanto, Abadesso confirma: os homens são clientes cada vez mais comuns em seu consultório.

A busca tem crescido tanto que o cirurgião reserva um dia exclusivamente para o atendimento aos machões em seu consultório. "Muitas vezes, os homens vão acompanhados de suas mulheres, que são as grandes incentivadoras", conta o cirurgião, que já trabalha com próteses masculinas há dez anos.
O advogado Geraldo Washington Batista Junior, 28, é um exemplo de mineiro que recorreu ao bisturi. Depois de passar por uma cirurgia de redução do estômago e perder 85 kg, ele optou pelo implante de silicone no peitoral, procedimento campeão de procura nos consultórios.

Coloquei o silicone para dar mais harmonia ao meu corpo. A cirurgia melhorou a minha autoestima e refletiu até mesmo no meu trabalho", comemora. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não fala em valores, mas entre os pacientes há os que já gastaram até R$ 10 mil por um implante.
Em alta. Conforme a SBCP, a procura por procedimentos com silicone entre os homens cresceu 17% de 2009 a 2010 - a cada cem implantes de silicone no Brasil, 12 foram em homens.

O presidente da associação, o médico Sebastião Nelson Edy Guerra, prevê que os números de 2011, ainda não contabilizados, vão apontar um crescimento ainda maior. "Os homens estão assumindo a vaidade, buscando o bem-estar físico e emocional".
OperaçõesBisturi. Por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, cerca de 1.800 homens recorrem ao silicone - o implante pode ser feito em locais como queixo, peitoral, bíceps, panturrilha, tríceps ou glúteos.

Paciente precisa estar atento aos riscos da operação
O imediatismo de muitos pacientes tem provocado alerta entre os especialistas. Apesar dos resultados positivos na maioria das vezes, o médico Jorge Menezes, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), afirma que, assim como em qualquer procedimento cirúrgico, o paciente está sujeito a complicações pulmonares, de cicatrização, trombose, dentre outras.
Para a fisiologista Danusa Dias Soares, o implante de silicone em substituição à atividade física é resultado de uma sociedade que, cada vez mais, preza o culto à beleza. De acordo com ela, além de uma boa alimentação, os exercícios físicos são essenciais para se alcançarem resultados satisfatórios. "O imediatismo que esses procedimentos oferecem jamais será alcançado para quem malha", admite. Ainda segundo ela, uma pessoa demora em média três meses para começar a ganhar massa muscular.
Facilidade. O aumento do poder aquisitivo e a facilidade de acesso à informação são grandes contribuintes para o aumento da procura de cirurgias plásticas pelos homens. "No Brasil, a vaidade masculina começou há mais de 500 anos. Os índios já se pintavam e foram seduzidos pelo espelho. O homem tem ido além da espuma de barbear. Hoje ele descobriu os tratamentos contra a calvície, os cosméticos, e agora o silicone", afirma Menezes.
Se a decisão por recorrer à cirurgia for tomada, o médico orienta aos interessados que procurem especialistas credenciados à SBCP e referências de amigos e familiares. (CG)
Fonte: O Tempo

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