Família encontra corpo de jovem assassinado no Bom Jardim em Ipatinga

As buscas pelo cadáver envolveram policiais militares, populares, amigos e familiares do rapaz, que havia saído da cadeia em janeiro - Foto: AKR/JVA online
IPATINGA – O cadáver do ex-presidiário Alexandre Barbosa de Souza, de 23 anos, foi encontrado na manhã desta terça-feira (5), em um matagal que dá acesso à Usipa, na região do Bairro Bom Jardim. Vítima de um assassinato, ele recebeu três tiros na cabeça e estava desaparecido desde o último domingo (3). Após uma longa busca que envolveu policiais militares e a família, o corpo foi localizado pelo irmão de Alexandre, um rapaz de 18 anos. Inquérito aberto na Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida (DACcV) irá investigar o homicídio. 

Horas antes do encontro do corpo, ainda na manhã desta terça, o pai do ex-presidiário, José Miranda de Souza, conversou com o jornal VALE DO AÇO e falou sobre o sumiço do filho. “Ontem (segunda-feira, dia 4) por volta das 19h meu genro chegou falando que tinha ouvido, lá na pracinha (Praça Waldomiro Serafim da Costa), que haviam matado Alexandre aqui no morro, perto da Usipa. Fui ao IML (Instituto Médico-Legal) e não achei nada. Liguei para as delegacias e falaram que não havia nenhuma ocorrência de assassinato nas últimas horas”, descreveu José Miranda. 

Já na manhã desta terça, o pai de Alexandre ligou para a Polícia Militar e as buscas tiveram início no local onde supostamente o cadáver estaria. “Meu filho tem 1,70 metros, moreno claro e o cabelo cortado estilo Neymar. Estava usando camisa do Santos, bermuda Cyclone e chinelo quando saiu de casa. No domingo, quando estava chegando aqui no morro, ele ligou para a mãe dele e disse que ia assistir ao jogo e depois voltar pra casa para tomar banho, mas não retornou. Eu não tenho mais esperanças de achá-lo vivo”, afirmou José Miranda ainda antes de o corpo ser localizado. Ele esteve no matagal no alto do Bom Jardim e acompanhou de perto as buscas pelo cadáver, que envolveu, além de policiais militares e a família de Alexandre, populares e amigos. 

O ex-presidiário foi visto pela última vez com vida por volta das 13h de domingo quando soltava pipa na região onde foi assassinado. 

Localização 
O local que o cadáver foi encontrado fica depois da Rua Glicínia, próximo à caixa d’água do Bom Jardim. O irmão que achou o cadáver, Jéferson Barbosa de Souza, 18, contou o quão traumatizante foi a experiência. “Acordei hoje (nesta terça-feira) de manhã e meu pai perguntou se eu ia trabalhar. Eu falei que não e ele me chamou para ajudar nas buscas pelo corpo de Alexandre. Estava sozinho quando o achei e tive uma sensação esquisita. Ver um irmão morto não é uma coisa muito boa”, lamentou Jéferson, que completou: “Resolvi sair sozinho para o meio do mato, vi meu irmão caído e chamei os policiais. Eu não suspeito de ninguém, pois quase não conversava com ele. Alexandre era viciado em drogas e saiu da cadeia em janeiro. Acho que cumpriu pena por assalto e ficou dois anos e um mês preso. Meu pai o aconselhou bastante e minha mãe também. É tudo muito triste”.

Logo depois de o corpo do filho ser localizado, José Miranda fez um desabafo. “Até que enfim... Foi um alívio, pois eu estava muito angustiado: o coração pedindo que ele estivesse vivo, mas a mente já pensando no pior”, declarou o pai de Alexandre, admitindo que o filho estava envolvido com drogas. “A gente vê essas coisas acontecerem com os outros e pede a Deus para não ocorrer com a gente, mas, infelizmente, muita das vezes acontece de fato. Agora é seguir firme e pedir a Deus que dê força para continuarmos e cuidar do resto, que ainda não se envolveu com nada errado. Tenho mais três filhos, um rapaz e duas moças. Preciso tomar conta deles”, acrescentou. José Miranda ainda finalizou: “Vamos esperar a justiça dos homens e também a de Deus. A justiça dos homens está aí para ajudar punir. Se falhar, a de Deus jamais falhará”. 

PM e perícia 
Equipes de PMs chefiadas pelo cabo Mineiro e subtenente Willian trabalharam nas buscas pelo corpo no alto do Bom Jardim. “Infelizmente é mais uma família que perde o ente querido vítima do homicídio em nossa cidade. Vamos passar a ocorrência para a Polícia Civil, que vai prosseguir nas investigações, mas já estamos trabalhando para tentar encontrar os autores desse crime”, garantiu Willian.

O local do crime foi vistoriado pelo perito Luís Carlos, da Polícia Civil, e o cadáver trazido para o Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga para exame de necropsia. Qualquer pista que indique a identificação e localização das pessoas que mataram Alexandre pode ser passada – de forma anônima – ao disque-denúncia 181. 

Tio faz desabafo e crê na “justiça de Deus”

O missionário evangélico Luciano Paiva, tio de Alexandre, esteve no local do assassinato e também ajudou nas buscas ao cadáver. “A bíblia sagrada fala: ‘Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte’. Infelizmente a droga tem levado a juventude, tem destruído lares e famílias. Nós – que servimos a tememos a Deus – continuaremos pregando a palavra. Não foi pelo fato de não termos conseguido a libertação do Alexandre que vamos deixar de fazer a obra do Senhor na terra. Vamos continuar pregando a paz, orando em favor das autoridades e pedindo a Deus para libertar essas pessoas do vício da droga”, desabafou Luciano. “Enquanto houver viciado vai haver a droga, vai haver o tráfico e a dificuldade. O que nós queremos como servos de Deus é dizer para essas pessoas que cometeram esse crime para tomar cuidado, pois os olhos do Senhor contemplam tudo. Elas vão ser levadas a juízo um dia. Quer bem, quer mal, o homem não escapará do juízo de Deus”, emendou o religioso.

Luciano Paiva acredita na junção da ajuda divina com a “justiça dos homens” para a elucidação do assassinato de Alexandre. “A justiça de Deus vai iluminar a justiça dos homens e tudo vai acabar bem. A minha palavra é essa: ‘Enquanto há a vida, há esperança’. Você que é viciado abandone as drogas em nome de Jesus e acredite que Deus tem o poder para libertar e transformar”, concluiu o missionário. 

Fonte: JVA online

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