MORTE DE ESTUDANTE NA "QUINTANEJA": Família de rapaz morto não acredita em disparo acidental

15-12-2011 20:02

Johnes foi morto com um tiro no peito: polícia alega que revólver .38 que estava com investigador disparou acidentalmente ao cair no chão
IPATINGA - Familiares do estudante de eletrotécnica, Johnes Martins, 20 anos, morto com um tiro no peito no Clube do Cavalo na semana passada, estão inconformados com o depoimento apresentado à imprensa na última terça-feira (14) pelo delegado regional da Polícia Civil de Ipatinga, João Xingó de Oliveira. 
Conforme as declarações do delegado, baseadas no depoimento apresentado pelo investigador Isael Júnior Dias, 29 anos, o tiro aconteceu de forma acidental depois que o revolver calibre 38 caiu da cintura do policial que trabalha como detetive há nove anos. Na versão do investigador, Ana noite do crime ele acabou se envolvendo em uma briga, enquanto saía da festa denominada "Quintaneja", no Clube do Cavalo. 

DESCRÉDITO

A família de Johnes desacredita no depoimento do policial. Marilene Gonçalves, 52 anos, mãe da vítima, disse que não consegue imaginar como a bala pode ter acertado diretamente o peito de Johnes. "Nós não acreditamos nesta versão. E acho que a polícia não vai fazer nada. É mais um crime que irá ficar impune se a gente não fizer nada", afirma. 
A indignação da mãe é reforçada com o boletim de ocorrência confeccionado no dia do crime. No relatório, testemunhas disseram que o autor do disparo sacou uma arma de fogo da cintura e efetuou um único disparo, à queima-roupa, em direção à vítima, que morreu no local com o tiro do lado esquerdo do peito. 
A mãe do rapaz diz que não descarta a ideia de pedir a exumação do corpo para que outra autópsia seja realizada. "Mesmo se a perícia constatar que o tiro foi acidental, nós não iremos acreditar. Como um revólver cai no chão e vai acertar direto o peito do meu filho? Tem algo errado nesta história. Fiquei muito triste com esta história que o delegado contou", diz Marilene. 

IMPROVÁVEL

A reportagem do DIÁRIO POPULAR procurou o Instituto de Criminalística em Belo Horizonte para esclarecer se seria possível o tiro ocorrer acidentalmente. O perito em balística, João Henrique, esclareceu que o revólver calibre 38 possui uma trava chamada "cão", responsável por não deixar o percussor atingir a espoleta que provoca o disparo. Segundo o perito, mesmo em uma queda, a arma só irá disparar se esta trava estiver com defeito ou desgastada. "Mas, é muito difícil isso ocorrer. Sempre que periciamos uma arma em uma ocorrência deste tipo, o lado sempre revela que o revólver estava com problemas. O disparo acidental só ocorre se a arma estiver com defeito", enfatiza. 
O perito explica ainda que um revólver 38 tem o alcance de aproximadamente 30 metros de distância e que em caso da arma estar com defeito e em uma queda vir a disparar, pode acertar quem estiver por perto e até mesmo longe. "Se a arma cai e dispara, quem estiver perto pode ter os membros inferiores atingidos, mas, dependendo do ângulo que a arma caiu, pode acertar até mesmo a cabeça de uma pessoa que está a metros de distância. Mas, um tiro fatal assim é como ser sorteado na loteria. Muito difícil", conclui. 

TESTES
O diretor do Instituto de Criminalística em Belo Horizonte, Kleber Abudi, reforça a explicação do perito. "Já fizemos vários testes com o revólver, engatilhado ou não. E, em uma queda, se o revólver estiver em perfeita condições, não tem como ocorrer um disparo acidental", finaliza. 
Se os pareceres dos peritos ouvidos pela reportagem estiverem corretos, a versão que consta no boletim de ocorrência está mais próxima da veracidade do caso. Ou seja, de que testemunhas viram o investigador sacar a arma e disparar.

CARATINGA
As investigações foram repassadas para a Polícia Civil de Caratinga. Caso seja provado que o tiro foi acidental, o policial poderá ser indiciado por homicídio culposo (sem intenção de matar); caso contrário, poderá responder por homicídio doloso (com intenção de matar). 
Por volta de 19h, a reportagem do DIÁRIO POPULAR ainda tentava entrar em contato com o delegado regional João Xingó, mas o celular encontrava-se desligado. Outra tentativa foi feita no telefone fixo da delegacia, mas o mesmo está com defeito.



Fonte: Diário Popular

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