Mãe que atirou filhos gêmeos do 4º andar reagiu com frieza


09-12-2011 10:01
Choque. Pai dos gêmeos, Tales Balduíno, e sua mãe, Ana Cristina
JOÃO GODINHO
Um clima de indignação e tristeza tomou conta do conjunto habitacional onde moram os gêmeos de 1 ano e meio que foram atirados pela janela do quarto andar pela própria mãe, na tarde de anteontem, em Sete Lagoas, na região Central do Estado. Acusada pelo crime, Gisele Pereira da Fonseca, 25, reagiu com frieza ao perceber o que fez, de acordo com vizinhos. O fato chama a atenção para os casos de pais que se descontrolam emocionalmente e agridem os filhos.

Ana Cláudia Soares, moradora que ajudou a prestar socorro às crianças, disse ter ficado em choque ao se deparar com os meninos feridos. "Eu estava chegando à portaria quando vi a avó deles correndo com os dois no colo e gritando por socorro. Um estava desmaiado e o outro chorava muito", lembrou. Moradores levaram as crianças e a avó de carro para o hospital. "O (menino) que eu segurava estava com a boca machucada e a língua roxa".

Ana Cláudia chegou a pensar que a queda tivesse sido um acidente. Ela se assustou ao saber o que realmente havia acontecido. "Quando bati à porta, percebi que tinha sido a mãe deles. Ela disse que não abriria para a polícia e para ninguém. Fiquei assustada ao ver a frieza dela".

Os moradores do conjunto habitacional viam sempre os gêmeos brincando no pátio. "São meninos lindos. Todo mundo elogia os dois. Eu não tinha contato com a mãe, mas sempre os via bem. Eles não pareciam sofrer maus-tratos", comentou outra vizinha, que preferiu não ter o nome divulgado.

Alerta. Gisele da Fonseca, que confessou o crime e está presa, já havia demonstrado a intenção de agredir os filhos, conforme contou o pai dos meninos. De acordo com o psiquiatra forense Paulo Roberto Repsold, qualquer ameaça deve ser observada. "Se a pessoa diz, ela pode fazer. Principalmente se tiver algum tipo de perturbação mental".

Segundo Repsold, os sinais devem servir de alerta para que pessoas próximas busquem tratamento psiquiátrico para o agressor. "Em muitos casos, inclusive crimes passionais, a tendência é se vingar das pessoas mais próximas. E as crianças são as mais frágeis".

A estudiosa criminal Ilana Casoy, que analisou o assassinato de Isabella Nardoni, em São Paulo, defende a educação como saída para diminuir a criminalidade em família. "Atos desmedidos como esse podem ser intencionais ou fruto de um quadro depressivo. Só um laudo psiquiátrico irá comprovar".

Quadro estávelVítimas. Os dois bebês continuavam internados, até ontem - um no HPS João XXIII, em Belo Horizonte, e outro, no Hospital Municipal de Sete Lagoas. Ambos não corriam risco de morrer e tinham quadro estável.
EX-MARIDO
´Ela disse que jogaria os meninos´
Descrita pelo ex-marido e pai das crianças, Tales Gladmir Balduíno, 23, como uma pessoa nervosa e que perde o controle por qualquer motivo, a operadora de caixa Gisele Pereira da Fonseca, 25, teria ameaçado a vida das crianças anteriormente.

"Em fevereiro, ameacei me separar e ela disse que jogaria os meninos pela janela. Ela ficava irritada e falava coisas assim, mas nunca pensei que tivesse coragem". Balduíno afirmou que vai brigar pela guarda dos filhos.

O pai das crianças se separou há três meses e disse que anteontem, quando Gisele tentou matar os gêmeos, ela ficou irritada por não ter com quem deixar as crianças já que queria passar o dia com ele. "Falei com ela para não vir para cá, mas para deixar as crianças comigo. Depois me ligaram no trabalho contando o que aconteceu".

Balduíno declarou que a ex-mulher brigava constantemente com ele e também com a mãe dela. A avó materna das crianças, que presenciou a queda dos meninos, não foi localizada para falar sobre o assunto. (KA)
MINIENTREVISTA
"Um dos bebês estava com a língua roxa"
Ana Cláudia Soares
31 anos
conferente de loja

Como você encontrou as crianças?
 Estava chegando à portaria do conjunto e vi a avó deles com os dois no colo, correndo e gritando por socorro.

Qual foi sua reação?Segurei um dos bebês, que estava chorando muito, enquanto a avó pedia carona para o hospital. Um dos meninos estava com a boca machucada e a língua roxa.

Você sabia o que tinha acontecido? Não, achei que tinha sido acidente. Quando bati à porta do apartamento, vi que tinha sido a mãe deles. Ela não quis abrir a porta e a frieza dela me assustou muito. (KA)
Doméstica asfixia e mata sobrinha com lençol
Uma empregada doméstica de 28 anos foi presa ontem suspeita ter agredido e matado, por asfixia, a própria sobrinha, de 2 anos e 9 meses. A criança foi sufocada com um lençol, na banheira de casa, no bairro Francisco Bernardino, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Segundo a soldado Natália da Silva Leite, do 27º batalhão, o irmão de 6 anos do bebê, que presenciou o crime, disse que a tia Janaína Eugênia Medeiros Amaral se irritou pelo fato de a criança ter chorado após o banho. "Ele contou à mãe que viu a mulher encher a mão de creme e forçar o rosto e pescoço da criança no lençol", disse a soldado Natália.

A empregada foi presa em um bairro vizinho, durante a fuga. Ela teria confessado o crime. (Lucas Simões)

Fonte: O Tempo

0 comentários: