Despedida. Moradores do município ficaram desolados com as mortes; maioria das vítimas era jovens |
Os investigadores tentam identificar o folião que disparou a serpentina metalizada que, segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), ao entrar em contato com a rede de média tensão, teria provocado o curto-circuito e o posterior rompimento dos cabos, que caíram sobre os foliões. O choque foi de quase 8.000 volts.
Entre dois e quatro segundos após o acidente, segundo a Cemig, houve desligamento automático da energia, mas a tragédia já estava consumada. Jatos de água foram lançados nos foliões momentos antes da queda dos cabos de energia, o que pode ter contribuído para a gravidade do acidente.
Pelo menos 3.000 pessoas participavam da festa. Cinquenta e seis ficaram feridas. Até ontem à noite, 21 ainda estavam internadas, sendo duas em estado grave.
A concessionária de energia elétrica informou que a manutenção da rede elétrica está em dia e os cabos, em boas condições. No entanto, a área técnica da empresa disse desconhecer a serpentina metalizada que provocou o acidente. "Esse material é novo para nós. Nunca houve acidente do tipo nessas proporções", informou o superintendente de relacionamento comercial com clientes da distribuição, Ricardo Rocha.
A maioria dos mortos eram adolescentes e jovens que participavam do Carnaband, que há seis anos é realizado na cidade de pouco mais de 5.000 habitantes. Os corpos foram enterrados ontem sob clima de consternação da população. A Prefeitura de Bandeira do Sul decretou luto oficial de três dias.
As investigações ficarão a cargo da Delegacia de Poços de Caldas. De acordo com o delegado Ademir Luiz Correa, que preside o inquérito, todas as pessoas que estavam na praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida serão ouvidas. "Os primeiros depoimentos são de pessoas que presenciaram o acidente. Posteriormente, vamos ouvir as pessoas que ficaram feridas", disse.
Um dos depoimentos que poderão ajudar na investigação é o da musa do Carnaval de Bandeira do Sul, a costureira Fernanda Gonçalves, 19. Ela estava em cima do trio elétrico na hora da explosão e viu o momento exato em que pedaços de papel metalizado atingiram a rede elétrica. "Foi uma questão de segundos. O papelzinho subiu e de repente estava todo mundo queimado, desmaiado, saindo fogo pelo corpo. Um filme de terror".
A jovem presenciou o momento em que o tio, Ademir Ramos do Lago, 36, tentava salvar um rapaz e acabou atingido pela forte descarga elétrica. "Foi horrível. Vi meu tio tentando salvar uma vida e depois ele estava agonizando".
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