Fabriciano decreta estado de calamidade na saúde

Fechado há uma semana, o único pronto-socorro de Fabriciano deixa de atender 4 mil pessoas por mês
FABRICIANO - O prefeito Chico Simões (PT) decretou nesta quinta-feira (21) que a cidade está em estado de calamidade pública com relação à saúde pública. O documento explicando as causas que levaram a cidade a essa situação foi enviado para a Secretaria de Saúde do Estado, Ministério da Saúde, Tribunal de Contas do Estado e da União, além da Gerência Regional de Saúde, que regula os gastos com a saúde nos municípios que representa.
Uma cópia do decreto também deverá ser entregue nesta sexta-feira aos representantes do Ministério Público Federal durante uma audiência entre Município, Estado e Governo Federal, que tem como objetivo tentar uma conciliação entre os representantes de cada esfera de poder para reabrir o Hospital Siderúrgica, fechado há uma semana.

MEDIDAS
Ainda na tarde de ontem, Chico Simões e o secretário municipal de saúde, Rubens Castro, anunciaram que passarão a destinar o dinheiro aplicado no Hospital Siderúrgica para o atendimento básico da saúde no próprio município.
Segundo o chefe do Executivo, os mais de R$ 100 mil mensais serão aplicados na contratação de mais profissionais para o atendimento primário, compra de ambulâncias para levar pacientes a outros hospitais da região a qualquer horário, e também na assessoria jurídica aos fabricianenses - de acordo com Simões, uma medida que pretende evitar possíveis constrangimentos de pacientes da cidade em outros municípios. 
O próprio prefeito afirmou que essas medidas não irão resolver o problema da saúde em Fabriciano, mas que será um paliativo enquanto o Siderúrgica não retorna ao seu funcionamento.
De acordo com o secretário Rubens Castro, a região do Vale do Aço possui uma realidade de um leito para cada mil habitantes. Ele ainda destacou que o problema não é exclusivo da região e citou os casos dos hospitais João XXIII e Odete Valadares, em Belo Horizonte, que nos últimos meses restringiram seus atendimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

CRISE
A crise na saúde de Coronel Fabriciano vem se agravando há cerca de dois anos, quando as dívidas se acumularam em cerca de R$ 12 milhões. No ano passado, o único pronto-socorro da cidade e hospital mais antigo do Vale do Aço chegou a paralisar os plantões noturnos e realizar apenas internações, contando com apenas dois médicos. O problema durou três meses e foi solucionado em julho, quando o governo do Estado liberou verba de R$ 1,5 milhão, dividido em três parcelas. 
Porém, a ajuda estadual não continuou e os problemas se agravaram com a negação, por parte do Ministério da Saúde, de um certificado de Assistência Social que permitiria o repasse de R$ 120 mil por mês ao Siderúrgica.
Sem perspectiva de ajuda, a Associação Beneficente de Saúde São Sebastião (ABSSS), mantenedora do Siderúrgica, decretou o fim dos atendimentos do hospital que administrava.
Os Ministérios Públicos Estadual e Federal foram acionados e passaram a brigar pela causa. Promotores de Ipatinga, Fabriciano e Timóteo estiveram reunidos na semana passada e decidiram processar o tanto o município quanto o Estado e a União. Como forma de pressionar os poderes, eles pediram que fosse realizada uma audiência entre os três entes para tentar chegar a uma solução para o problema da saúde.
Essa audiência acontece hoje, na sede da Justiça Federal, em Ipatinga. Além dos poderes, foram convidados para participar a direção dos hospitais Márcio Cunha e Municipal, de Ipatinga, e Vital Brazil, em Timóteo para que possam dar esclarecimentos e ajudas em uma possível conciliação.

ENCONTRO
Acionados pelo Ministério Público (MP), representantes do governo do Estado visitaram a região na última terça-feira a fim de conhecer os problemas de perto. Eles estiveram reunidos com promotores, secretários de saúde e gestores de unidades hospitalares das cidades de Ipatinga e Fabriciano para discutir a questão da assistência hopistalar no Vale do Aço, assim como o déficit de leitos e também a falta de uma atenção primária mais eficiente nas unidades de saúde para evitar que os pacientes procurem diretamente o Hospital.
De acordo com o superintendente regional de saúde, Anchieta Poggiali, a cidade busca uma gestão compartilhada do Siderúrgica, o que traria mais financiamentos para a saúde na cidade. A resposta dessa reunião deverá ser apresentada hoje durante a audiência com o Ministério Público Federal.

Fonte: Diário Popular

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