Os filhos de Raimunda tiveram que deixar seus compromissos em Belo Horizonte para ficarem com a mãe no Vale do Aço - Foto: Vinicius Ferreira/Portal JVA online |
Segundo o boletim de ocorrência, por volta das 11h do dia 15, uma viatura da PM acompanhava visualmente um individuo que portava uma arma de fogo, em uma moto, próximo a uma farmácia. Quando os policiais iam abordar o indivíduo, começou a perseguição. Quando a perseguição estava na ponte do Bairro Santa Terezinha, o motociclista quase colidiu com dois idosos que vinham em uma ‘cinquentinha’ (de até 49 cilindradas). Os dois idosos eram José Cândido e Raimunda. Segundo José Cândido, ele chegou até a comentar com a irmã sobre os perigos do trânsito na cidade. “O cara passou andando muito doido pela gente, até comentei com a minha irmã que temos que ter muito cuidado no trânsito, porque se não nos envolvemos em acidentes mesmo andando certo. Logo depois foi a viatura que veio, aí não teve como a gente desviar”, disse o aposentado.
Ele afirma também que a viatura não estava com a sirene ligada. O dispositivo foi acionado apenas quando já estavam a poucos metros dele.
Cuidados médicos
Dona Raimunda foi submetida a uma cirurgia nesta segunda-feira (22) e passa bem. No acidente, ela teve fratura exposta. Os filhos cogitaram a hipótese de levar a diarista para Belo Horizonte, mas, segundo Dr. Breno, ortopedista do HMVB, o translado atrasaria a cirurgia.
José Cândido teve uma fratura na perna, na clavícula, além de outros hematomas. O problema é que o idoso mora sozinho, sem ninguém para auxiliá-lo na recuperação. A solução foi ele ficar, durante este tempo, na casa de sua mãe. Porém, ela também não tem condições de cuidar dele. José Cândido precisa ficar com a perna imobilizada por cerca de 90 dias. “Preciso que alguém me preste atenção médica. Não tenho ninguém para cuidar de mim. Minha mãe tem 86 anos, e não tem condições. Não tenho um colchão adequado aqui, não tenho como me levantar, como ir ao banheiro, como pegar água, como tomar banho”, revelou o idoso.
Karina Teixeira, de 30, é filha de Raimunda. Ela veio com a mãe e retornaria pra BH nesta segunda. “Vieram eu, meu esposo e minha mãe, e meus filhos. Meu esposo teve que voltar para BH e eu fiquei aqui cuidando da minha mãe”, afirmou Karina. O irmão dela, Isac Manoel Teixeira, de 29 anos, deixou sua empresa em BH para cuidar de sua mãe no Vale do Aço. “A situação é grave e não posso deixar a minha mãe aqui sozinha. Eu vim de BH para revezar com a minha irmã pra ser acompanhante no hospital”, disse Isac.
Complicações
Os familiares de José Cândido reclamam que, além da polícia não estar prestando nenhuma assistência à família, eles impediram as pessoas de fotografarem o local do acidente, além de impossibilitar que familiares lessem o boletim de ocorrência. Keila Teixeira, sobrinha de José Cândido e Raimunda, foi uma das primeiras a chegar ao local. “Na hora do acidente os bombeiros foram acionados. Chegaram muito rápido. Os parentes chegaram bem rápido também. Se uniram rapidamente para socorrer. Um menino chegou até a fotografar, mas o policial mandou apagar todas as fotos”, afirmou a sobrinha. Karina também chegou rapidamente ao local junto com seu esposo e afirmou que ele também foi impedido de fotografar. “Meu esposo pegou o celular para fotografar o local do acidente e um policial mandou guardar, que não era pra ter foto nenhuma. Como estávamos com crianças no carro, e somos de outra cidade, ele preferiu não fazer as imagens”, disse Karina. Ela disse também que não deixaram os familiares terem acesso ao boletim de ocorrência na hora, querendo apenas a assinatura, sem dar-lhes a oportunidade de ler o documento. Tanto é que a copia do B.O só foi entregue aos familiares após intervenção da promotoria de justiça. Isac procurou a promotora Alice de Mello Vilela para requisitar o documento. “Só conseguimos o acesso ao B.O na quinta-feira passada (18), apenas porque a promotora de justiça emitiu uma solicitação para que o documento fosse entregue”, revelou o empresário.
PM apura o caso
Segundo a assessoria de comunicação da 178ª Cia Especial da PM de Fabriciano, a policia está tomando todas as medidas para apurar o ocorrido. Eles informaram que, no momento do acidente, o policial que conduzia a viatura prestou socorro, o que é responsabilidade do motorista. Rapidamente os bombeiros chegaram e encaminharam os envolvidos para o hospital. A direção da Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar o grau de responsabilidade dos policiais envolvidos no acidente. O caso também está sendo analisado pela Comissão de Ética da PM.
Quanto ao auxilio que a família cobra, a Policia Militar explicou que os familiares podem requerer o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), que cobriria todos os danos relativos ao acidente.
Fonte: JVA online
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