"O policial mandou apagar todas as fotos" - Acidente complicado envolvendo idosos e viatura PM em Fabriciano

Os filhos de Raimunda tiveram que deixar seus compromissos em Belo Horizonte para ficarem com a mãe no Vale do Aço - Foto: Vinicius Ferreira/Portal JVA online
FABRICIANO - Um casal de irmãos vive uma situação complicada desde o último feriado, 15 de agosto. Quando Raimunda Rosa (54), diarista em Belo Horizonte, aproveitava o feriado para visitar o irmão José Cândido (64), aposentado e morador de Coronel Fabriciano, um acidente deixou os dois hospitalizados. José Cândido já está em casa, mas ficará ‘imobilizado’ por cerca de três meses. Já Raimunda passou por uma cirurgia nesta segunda-feira (22), no Hospital e Maternidade Vital Brazil, e não se sabe quanto tempo ela levará para se recuperar. O acidente que atrapalhou o feriado desta família foi causado por uma viatura da Polícia Militar de Coronel Fabriciano, envolvida em uma perseguição policial.

Segundo o boletim de ocorrência, por volta das 11h do dia 15, uma viatura da PM acompanhava visualmente um individuo que portava uma arma de fogo, em uma moto, próximo a uma farmácia. Quando os policiais iam abordar o indivíduo, começou a perseguição. Quando a perseguição estava na ponte do Bairro Santa Terezinha, o motociclista quase colidiu com dois idosos que vinham em uma ‘cinquentinha’ (de até 49 cilindradas). Os dois idosos eram José Cândido e Raimunda. Segundo José Cândido, ele chegou até a comentar com a irmã sobre os perigos do trânsito na cidade. “O cara passou andando muito doido pela gente, até comentei com a minha irmã que temos que ter muito cuidado no trânsito, porque se não nos envolvemos em acidentes mesmo andando certo. Logo depois foi a viatura que veio, aí não teve como a gente desviar”, disse o aposentado. 
Ele afirma também que a viatura não estava com a sirene ligada. O dispositivo foi acionado apenas quando já estavam a poucos metros dele.

Cuidados médicos
Dona Raimunda foi submetida a uma cirurgia nesta segunda-feira (22) e passa bem. No acidente, ela teve fratura exposta. Os filhos cogitaram a hipótese de levar a diarista para Belo Horizonte, mas, segundo Dr. Breno, ortopedista do HMVB, o translado atrasaria a cirurgia. 
José Cândido teve uma fratura na perna, na clavícula, além de outros hematomas. O problema é que o idoso mora sozinho, sem ninguém para auxiliá-lo na recuperação. A solução foi ele ficar, durante este tempo, na casa de sua mãe. Porém, ela também não tem condições de cuidar dele. José Cândido precisa ficar com a perna imobilizada por cerca de 90 dias. “Preciso que alguém me preste atenção médica. Não tenho ninguém para cuidar de mim. Minha mãe tem 86 anos, e não tem condições. Não tenho um colchão adequado aqui, não tenho como me levantar, como ir ao banheiro, como pegar água, como tomar banho”, revelou o idoso. 
Karina Teixeira, de 30, é filha de Raimunda. Ela veio com a mãe e retornaria pra BH nesta segunda. “Vieram eu, meu esposo e minha mãe, e meus filhos. Meu esposo teve que voltar para BH e eu fiquei aqui cuidando da minha mãe”, afirmou Karina. O irmão dela, Isac Manoel Teixeira, de 29 anos, deixou sua empresa em BH para cuidar de sua mãe no Vale do Aço. “A situação é grave e não posso deixar a minha mãe aqui sozinha. Eu vim de BH para revezar com a minha irmã pra ser acompanhante no hospital”, disse Isac.

Complicações
Os familiares de José Cândido reclamam que, além da polícia não estar prestando nenhuma assistência à família, eles impediram as pessoas de fotografarem o local do acidente, além de impossibilitar que familiares lessem o boletim de ocorrência. Keila Teixeira, sobrinha de José Cândido e Raimunda, foi uma das primeiras a chegar ao local. “Na hora do acidente os bombeiros foram acionados. Chegaram muito rápido. Os parentes chegaram bem rápido também. Se uniram rapidamente para socorrer. Um menino chegou até a fotografar, mas o policial mandou apagar todas as fotos”, afirmou a sobrinha. Karina também chegou rapidamente ao local junto com seu esposo e afirmou que ele também foi impedido de fotografar. “Meu esposo pegou o celular para fotografar o local do acidente e um policial mandou guardar, que não era pra ter foto nenhuma. Como estávamos com crianças no carro, e somos de outra cidade, ele preferiu não fazer as imagens”, disse Karina. Ela disse também que não deixaram os familiares terem acesso ao boletim de ocorrência na hora, querendo apenas a assinatura, sem dar-lhes a oportunidade de ler o documento. Tanto é que a copia do B.O só foi entregue aos familiares após intervenção da promotoria de justiça. Isac procurou a promotora Alice de Mello Vilela para requisitar o documento. “Só conseguimos o acesso ao B.O na quinta-feira passada (18), apenas porque a promotora de justiça emitiu uma solicitação para que o documento fosse entregue”, revelou o empresário.

PM apura o caso
Segundo a assessoria de comunicação da 178ª Cia Especial da PM de Fabriciano, a policia está tomando todas as medidas para apurar o ocorrido. Eles informaram que, no momento do acidente, o policial que conduzia a viatura prestou socorro, o que é responsabilidade do motorista. Rapidamente os bombeiros chegaram e encaminharam os envolvidos para o hospital. A direção da Polícia Militar instaurou um inquérito para apurar o grau de responsabilidade dos policiais envolvidos no acidente. O caso também está sendo analisado pela Comissão de Ética da PM.
Quanto ao auxilio que a família cobra, a Policia Militar explicou que os familiares podem requerer o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), que cobriria todos os danos relativos ao acidente.

Fonte: JVA online

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