Obras na BR-381 podem ficar pra 2012

Em trechos mais estreitos da BR-381, caminhões quase chocam suas carrocerias
Foto: AKR/JVA online
DA REDAÇÃO – Os motoristas que passam pela BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, dificilmente vão perceber sinais de mudanças ao longo do caminho ainda em 2011. Apesar do anúncio feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), no final de julho, de que as licitações para duplicação serão lançadas neste semestre – o que permitiria o início das obras nos próximos meses –, o alívio que a presença das máquinas poderia trazer, com perspectivas reais de melhorias na rodovia, deve ficar somente para o ano que vem.

A falta de datas confirmadas pelo órgão para o lançamento do edital, a obrigatoriedade de respeitar os prazos mínimos definidos na lei e as dificuldades em iniciar obras durante períodos chuvosos são apontadas por especialistas como evidências de que a obra não começa a sair do papel nos próximos seis meses. 

A suspensão dos processos licitatórios de obras em rodovias no país, determinada pelo ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento em decorrência das denúncias de superfaturamento nos projetos, terminou na última quinta-feira (4). Com isso, o órgão pôde retomar a normalidade de sua rotina administrativa. "Ficam liberadas as licitações de projetos, obras e serviços de manutenção e operação da malha rodoviária federal, bem como assinatura de contratos e de termos aditivos para empreendimentos em andamento referentes a essas atividades", diz a nota do Ministério dos Transportes. Também estão liberadas licitações para novas obras de construção, pavimentação e duplicação de rodovias ou de infraestrutura ferroviária e aquaviária.

Segundo o Dnit, os projetos executivos para os lotes 7 e 8 – que prevêem obras em 69 quilômetros, entre Belo Horizonte e Barão de Cocais – serão aprovados ainda em agosto, mas eles não têm data definida para o lançamento da licitação. Nos lotes de 1 a 6 o projeto está em fase de elaboração, e para o trecho conhecido como variante de Santa Bárbara, lotes 9 e 10, a elaboração do projeto executivo ainda não começou. A estimativa de orçamento para a primeira etapa da obra é de R$ 770 milhões. O projeto prevê uma reformulação inteira na rodovia, com redução de aclives e a redução de curvas na estrada. 
Para o especialista em trânsito e coordenador da ONG SOS Rodovias Federais, José Aparecido Ribeiro, o início das obras ainda este ano é praticamente impossível. “Já ouvi essa promessa mais de 10 vezes, mas essa obra não começa a sair tão cedo, já que seria preciso uma divisão mais rápida nos lotes. Além disso, o projeto e a liberação de verbas são insuficientes e não contemplam toda a extensão da rodovia. Será preciso lançar o edital, para que se dê a largada de um longo processo até o início efetivo das atividades na pista”, diz.

Radares
Apesar do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) ter apresentado o projeto de duplicação da BR- 381 no último dia 5 de maio, muitos mineiros estão desacreditados com a execução da obra. O projeto seria a última etapa antes do início da licitação da intervenção, que é orçada em R$ 3 bilhões de reais. Contudo, poucos acreditam que a obra sairá do papel em curto prazo.

Como medidas paliativas para a redução do número de acidentes ocorridos na rodovia, foram implantados radares de controle de velocidade em alguns trechos, que vão do Km 349, em João Monlevade, até o Km 453, em Ravena. Segundo o Dnit, a instalação dos pardais, iniciada em fevereiro deste ano, aconteceu após licitação que propôs a implantação de 2.696 equipamentos nas rodovias federais de todo o país, sendo que aproximadamente 15% desses equipamentos foram destinados a Minas Gerais.

Apesar da iniciativa, de acordo com dados da PRF e do DNIT, o número de acidentes continua sendo elevado. Ao longo de todo o percurso é possível ver as marcas desses desastres devido ao número de cruzes, principalmente em áreas com curvas, que são mais de 200.

Desacreditados
O motorista Bruno de Hermano, que dirige no trecho há 12 anos e ao menos uma vez por mês passa pela BR-381, disse que considera crítica a situação da rodovia. “Acho as condições da estrada lamentáveis, principalmente depois que colocaram esses radares. Pra mim, é mais perigoso com esses radares de 60 km por hora porque a ultrapassagem fica mais complicada. E aí juntam esses caminhões que querem ultrapassar todos juntos de uma vez. Isso aumenta o índice de risco. Nunca me envolvi em acidentes, mas sempre que passo por aqui vejo um”, conta.

Na opinião de Bruno, a duplicação é uma necessidade, que, contudo se transformou apenas em promessa. “Só quando chega eleição é que as autoridades falam em duplicação. Passa a eleição, não muda nada, mas continuam morrendo pessoas aqui”, reclama.

Em entrevista ao JVA, o caminhoneiro Vanderli Mendes, que dirige na 381 há mais de 20 anos, disse ter receio de trafegar pelo trecho. “Se pudesse pagar para não dirigir nessa estrada eu pagaria, principalmente no trecho que vai de João Monlevade a Belo Horizonte. É pessoa te ultrapassando em lugar que não pode e a BR é perigosa demais. Eu não sei como o governo não duplicou essa estrada ainda. É preferível você pagar um pedágio que dirigir em condições de risco. Prefiro dirigir com cuidado e chegar em casa mais tarde, pelo menos chego vivo”, afirma.

Fonte: JVA online

0 comentários: