Transporte de torres da Usiminas Mecânica - Sistema viário entra em colapso em Ipatinga

Transporte de torres da Usiminas Mecânica enlouquece o trânsito de Ipatinga, causando engarrafamento de mais de quatro horas 


Entre muitos outros incidentes, houve uma colisão entre um Fiat Stilo e uma carreta em frente à Peugeot, no Bairro Iguaçu - foto: Alysson Braga/Portal JVA online 
 Ipatinga viveu nesta sexta-feira (12), desde o início da tarde até por volta das 18h30, uma situação caótica jamais vista no trânsito. O sistema viário da cidade, um dos melhores do estado, entrou em colapso e milhares de pessoas tiveram grande dificuldade de deslocamento. A situação foi provocada pela necessidade de transporte, em carretas, de duas torres produzidas pela Usiminas Mecânica para uma refinaria da Petrobras em Ipojuca-PE. Todo o tráfego pela Av. Pedro Linhares Gomes, entre o Centro e o Bairro Horto, ficou comprometido. Muitas pessoas perderam aulas, consultas ou faltaram a compromissos inadiáveis.

De acordo com informações da Polícia Rodoviária Estadual, as peças saíram do pátio da Usiminas Mecânica, no Horto, no início da tarde. O problema maior é que não houve comunicação prévia à população e, além disso, o transporte coincidiu com a véspera de um feriadão. Com 64 metros de comprimento e aproximadamente 230 toneladas, cada uma das torres foi dividida em duas partes, ocupando então quatro carretas. Conforme o planejamento traçado, as torres seguem por vias terrestre (Ipatinga/MG–Vitória/ES) e marítima (Vitória/ES–Ipojuca/PE). 

Manobra complicada
Segundo o sargento Éder Daniel Pena, da Polícia Rodoviária Estadual, as peças saíram do pátio da Usiminas Mecânica, na BR-381, pela contramão e foi feita uma manobra no trevo em direção aos bairros Ferroviários e Ideal para que as carretas pudessem pegar o sentido correto da pista e seguir para Governador Valadares. Ali é que houve o maior gargalo. Procurando chegar mais rapidamente aos seus destinos e fugir do congestionamento, motoristas procuravam passagens alternativas, alguns deixando a BR-381 e entrando no Iguaçu. No local da manobra das carretas houve o estrangulamento do tráfego, impedindo o trânsito em todos os sentidos. “Nós precisamos deslocar o trânsito, orientando para o sentido Cariru ou Estrada das Lavadeiras, sentido Bom Jardim”, informou o sargento Éder.

Somente pouco antes das 19h o trânsito começou a fluir dentro da cidade, ficando o problema para aqueles que transitavam pela rodovia além dos limites de Ipatinga. Pouco antes do fechamento desta edição, a situação ainda era complicada na região do Veneza. Os problemas no trânsito regional devem perdurar no final de semana. Pelo trajeto traçado para o transporte, as torres ainda seguirão até Governador Valadares (já que não seria possível a passagem pelo viaduto da Vila Ipanema), retornando pela Rio-Bahia para Realeza, depois Anel Rodoviário de Vitória e Porto de Praia Mole. A previsão de chegada ao destino final é após um mês, tudo com o acompanhamento da Polícia Rodoviária Federal.


Trajeto foi planejado com dois anos de antecedência

De acordo com a assessoria de Comunicação da Usiminas, o trajeto das torres foi planejado e calculado com dois anos de antecedência pela Superintendência de Suprimentos e Logística da siderúrgica, sendo revalidado a cada seis meses. “O objetivo foi reduzir ao máximo os impactos à comunidade e ao mesmo tempo oferecer agilidade na entrega ao cliente”, acrescentou a empresa.

Inteiramente produzidas na fábrica da Usiminas Mecânica, em Ipatinga, as torres envolveram cerca de 250 empregados por mais de dois anos. 

O projeto
Com a entrega das duas últimas torres – são seis no total –, o projeto da Usiminas Mecânica para a Petrobras é finalizado neste mês. As peças estão sendo enviadas à Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca/PE, para atender à unidade de destilação atmosférica da nova empresa, que terá a capacidade de processar 230 mil barris de óleo por dia.

De acordo com o gerente de Projetos da Usiminas Mecânica, Juliano Fontán Souza, os equipamentos funcionarão como torres atmosféricas, uma das peças mais importantes em uma unidade de destilação de óleo cru de uma refinaria. “As torres possibilitam retornos financeiros atrativos, já que por meio delas, depois de vários processos, são extraídos querosene, óleo diesel e gasolina, que posteriormente passam por etapas complementares de processamento e tratamento”, explica Juliano.
 


Advogada fez “ginástica” para 
chegar a Fabriciano em 3 horas

A advogada Tássia Peixoto, 25, foi pega pelo engarrafamento quando saía de uma Audiência no Fórum de Ipatinga. Ela demorou três horas para conseguir ir do Estádio Lamegão, em Ipatinga, para Coronel Fabriciano. “Eu entrei no engarrafamento às 16h, na altura do estádio. Às 16h20 eu ainda estava em frente ao Panorama Tower Hotel, e depois disto só piorou. Além da peça, foram acontecendo vários pequenos acidentes, que complicavam ainda mais o trânsito. Demorei três horas para conseguir chegar em Fabriciano”, disse a advogada. Ela, para conseguir terminar o trajeto, teve que entrar no Bairro Ferroviários, onde ficou mais 40 minutos parada. Depois retornou pelo Bairro Cidade Nobre, pelo Iguaçu e Centro. Pegou a rota para Fabriciano pelo Bairro Cariru após as 18h, junto com o fluxo dos funcionários da Usiminas que estavam largando serviço, o que foi mais uma complicação em um dia caótico. Apenas às 18h50 foi que a advogada conseguiu passar em frente à Usipa e deixar a cidade de Ipatinga. Ela mora no Bairro Giovannini, em Fabriciano. 


Moto-taxistas viraram válvula de escape


Se para alguns foi só aborrecimento, para outros ainda houve ganho. O caos provocado pelas peças da Usiminas Mecânica serviu para aumentar o número de moto-taxistas rodando na cidade. Estava difícil encontrar um disponível. Com os ônibus parados, os pontos ficaram superlotados e os serviços de moto-táxi nunca foram tão acionados. Contudo, mesmo com mais trabalho, eles não comemoraram tanto. Muitos afirmaram nunca terem visto uma situação tão caótica no trânsito da cidade como na tarde desta sexta-feira.

De acordo com Paulo Ferreira, 24, que trabalha em um ponto de moto-táxi no Bairro Veneza, estava muito difícil transitar. “Tava tudo engarrafado, tudo muito perigoso. O risco de acidentes era alto porque os carros não estavam mais respeitando os outros. Queriam apenas sair de onde estavam e retornar. Tinha carro manobrando no meio da pista, ficando atravessado e correndo o risco de deixar o trânsito ainda mais confuso”, afirmou.

Paulo disse também: “Para ir do centro ao Horto gastei 45 minutos pelo Cariru. Pela BR, estava impossível”, disse.

Cristiano Oliveira, 25, trabalha há mais de cinco anos em um moto-táxi no Canaã, e também disse nunca ter visto o trânsito tão congestionado. 

A Avenida Brasil, no Bairro Iguaçu, era um dos principais desvios que os motoristas usavam para não ficar presos no trânsito. Maurício Silva, 31, trabalha em um ponto de moto-táxi na via e testemunhou: “É o maior caos que eu já vi no trânsito ipatinguense, nunca vi nada igual”.

Na internet, entre inúmeros reclames, um motorista disse que jamais pensou que fosse gastar uma hora e vinte minutos para ir do centro do Shopping.

Fonte: JVA online

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