Chacina na estrada do Revés investigada pela PC

O padrasto, a mãe e o irmão de Eduardo (no detalhe): ele tinha 17 anos e é um dos jovens oficialmente identificados
03-12-2011 09:27
IPATINGA – As investigações acerca do caso que ficou conhecido como a “Chacina do Cordeiro” – no qual quatro jovens foram assassinados – passarão para a responsabilidade da Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida (DACcV) de Ipatinga. Os homicídios estavam sendo apurados pelo delegado Carlos Alberto Bastos, da 36ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Caratinga. Entretanto, ele informou ao jornal VALE DO AÇO na tarde desta quinta-feira (1º) que mandaria o inquérito sobre a chacina para Ipatinga ainda esta semana. “Aí será mais fácil investigar as mortes, uma vez que as vítimas com certeza são do Vale do Aço”, disse, por telefone, Carlos Alberto Bastos.

No último dia 30 de outubro, um domingo, quatro corpos e um crânio – todos de pessoas que foram assassinadas – foram localizados em uma mata na estrada de acesso a Revés do Belém, no distrito de Cordeiro de Minas. O local fica a menos de 10 quilômetros de Ipatinga, mas pertence a Caratinga e, portanto, os assassinatos eram investigados pela Polícia Civil de lá. “Devo mandar o inquérito para Ipatinga ainda hoje (nesta quinta-feira, dia 1º) ou no máximo amanhã (sexta, dia 2). Estávamos aguardando apenas os relatórios das exumações e as coletas de materiais para exames, que já estão prontos”, informou o delegado Carlos Alberto Bastos.

Duas das vítimas já foram oficialmente identificadas: Eduardo Dias Gomes, de 17 anos, e Nilson Nascimento Campos, 16. Eduardo residia na Rua Olinda, no Bairro Caravelas, em Ipatinga. Já Nilson era morador da cidade de Periquito, mas atualmente perambulava pelas ruas de Ipatinga e residiu por vários anos no Caravelas. Há a suspeita de as outras duas vítimas serem os desaparecidos John Enison da Silva, 15, e Felipe Gomes Andrade, 16, que também moravam no Caravelas. No entanto, conforme o delegado, só exames de DNA poderão comprovar a suspeita. “É um processo demorado. Apenas exames no instituto de criminalística da Polícia Civil em Belo Horizonte comprovarão se os corpos são mesmo de John Enison e de Felipe. Tudo indica que os cadáveres sejam mesmo deles, mas não há a confirmação oficial”, comentou Carlos Alberto Bastos. 

Participação de policiais 
No dia 24 de outubro, Nilson e John Enison foram presos pela Polícia Militar na Rua Lorena, no Bairro Caravelas. Os dois foram detidos juntamente com outros dois homens. Com os quatro a PM localizou uma bucha de maconha, cinco pedras de crack e R$ 30, além de um telefone celular. Na ocasião, Nilson e John foram encaminhados à 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (1ª DRPC) de Ipatinga, ouvidos e liberados. Questionado sobre a possível participação de policiais na chacina, o delegado Carlos Alberto Bastos não descartou a hipótese. “Todos (Eduardo, Nilson, John Enison e Felipe) estavam envolvidos com drogas. Eles foram presos dias antes de serem encontrados mortos. A gente não sabe e pode ser que sim (que haja a participação de policiais). Vemos diariamente nos noticiários a atuação de milícias (muitas compostas por policiais) na ajuda do combate ao crime. Isso não acontece só aqui no Rio de Janeiro: tem ocorrido é em todos os cantos do nosso país. Mas, agora, quem vai apurar se policiais estão ou não envolvidos nessa chacina é a delegacia de Ipatinga”, discorreu.

Exumação 
Após a descoberta da chacina, os corpos foram examinados pela perícia da Polícia Civil de Caratinga, fotografados e sepultados no cemitério de Revés do Belém. Familiares de Eduardo e Nilson viram as imagens dos cadáveres e tiveram quase certeza de que se tratava de seus entes queridos. Para ratificar a identificação, o delegado Carlos Alberto Bastos solicitou que os corpos fossem exumados. A exumação teve início na tarde do dia 1º de novembro com a presença de um médico-legista e de um auxiliar de necropsia. Depois de os restos mortais de Eduardo e Nilson terem sido retirados dos túmulos, os familiares confirmaram que se tratava mesmo dos corpos deles. 

Encontro dos corpos 
Pouco depois das 13h do dia 30 de outubro, trabalhadores que monitoravam a área de plantação de eucaliptos da Cenibra acionaram a Polícia Militar e relataram que próximo ao talhão 5, do projeto Lagoa Bonita, havia três cadáveres em estado de putrefação. PMs foram ao local e verificaram que se tratava, na verdade, de quatro corpos em decomposição e de um crânio já em osso. Cerca de 70 metros do local onde as vítimas estavam foi encontrada uma carteira com uma identidade e uma certidão de nascimento em nome de Helberton Semeão Moraes. Ainda perto dos corpos havia três ‘maricas’ – espécie de cachimbo improvisado utilizado para fumar crack, além de R$ 9,30. 

O corpo do crânio já em osso não havia sido encontrado até o fechamento desta edição. Pelas características que foram encontradas, o crânio estaria ali há mais tempo e seria de outro crime sem ligação com a chacina. Ainda também não ficou estabelecida nenhuma relação das mortes com os documentos encontrados no local. A Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida (DACcV) de Ipatinga está atualmente sob a responsabilidade da delegada Irene Angélica Franco. Qualquer informação que ajude na captura dos criminosos que cometeram a chacina pode ser repassada ao disque-denúncia das polícias, o 181. 



Fonte: JVA Online

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