Daslu é vendida por R$ 65 mi e terá uma loja em BH

Investigação Após ser alvo da operação Narciso, da Polícia Federal, em 2005, Eliana Tranchesi chegou a ser presa e condenada


São Paulo. A Daslu, que já foi a maior butique de luxo do país, foi vendida ontem pelos credores por R$ 65 milhões para o fundo Laep, investidor do mercado de capitais que se tornou especialista em comprar empresas à beira da falência. O fundo comprou a Parmalat em 2006 em situação parecida.

Para evitar a falência, a butique foi dividida em duas empresas, cada qual com uma das duas lojas (Vila Olímpia e Shopping Cidade Jardim), ambas na cidade de São Paulo.

A empresária Eliana Tranchesi, que chegou a ser presa acusada de contrabando, sai do negócio com o que sobrar de uma das unidades (provavelmente a da Vila Olímpia, mas a aescolha é do comprador) e sem a marca, o bem mais valioso da butique. Tranchesi vira uma "franqueada"' da marca criada por sua família e pagará 5% do faturamento.

Por outro lado, fica sem a dívida de R$ 80 milhões com credores. Porém, ela não se livra da pendência estimada em R$ 500 milhões com a Receita Federal, que ela contesta.

Já a Laep fica com a marca Daslu, a equipe de criação e a melhor das lojas, possivelmente a do Cidade Jardim. Desde julho de 2010 a Daslu estava em recuperação judicial, o mecanismo que substituiu a antiga concordata e que permite a suspensão do pagamento das dívidas enquanto se busca uma saída para a crise.

Afastada a pendência com a Receita Federal, a nova Daslu sai da recuperação judicial com endividamento equilibrado e com um plano ambicioso de abrir novas lojas ainda neste ano. O fundo Laep vai investir R$ 21 milhões na marca. A primeira loja confirmada deve ser a da Oscar Freire (região Oeste de São Paulo), aberta temporariamente no último verão, que terá agora uma versão para o inverno.

Sob o comando dos executivos nomeados pelo Laep, a Daslu pretende abrir também uma loja no Rio de Janeiro e mais sete unidades em capitais como Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza. O objetivo é conquistar novos mercados e evitar a disputa com o Shopping Iguatemi, templo de alto luxo na capital paulista.

Histórico. A Daslu passa por dificuldades financeiras desde 2005, quando foi alvo da operação Narciso da Receita Federal, Ministério Público e Polícia Federal. Cheia de dívidas, a empresa passou para as mãos dos credores, que decidiram ontem o seu futuro.

Para não perder tudo, os bancos e fornecedores deram um desconto de 60% nas dívidas da Daslu. O pagamento começará daqui um ano, em 72 prestações mensais,sem juros, corrigidas apenas pelo IPCA.

Único interessado em tocar a Daslu, o fundo Laep surpreendeu ao aparecer na assembleia de credores com um "crédito"' de R$ 44 milhões em dívidas da Daslu. O fundo comprou essas dívidas dos próprios credores, que venderam seus direitos com forte deságio paralelamente às negociações da recuperação judicial. Com esse crédito, o Laep só deve colocar R$ 21 milhões em dinheiro novo dos R$ 65 milhões totais do negócio. fonte: O Tempo

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