Mesmo no eixo Brasília-BH, Perrella segue na presidência do Cruzeiro

Zezé Perrella assumiu a presidência do Cruzeiro em 2008 e fica até o fim do ano
O presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, continuará no comando do clube, apesar de ter herdado a vaga no Senado deixada pelo ex-presidente Itamar Franco, que faleceu no último sábado. O fato de ter que se deslocar constantemente de Belo Horizonte para Brasília (DF) não vai afetar o trabalho na equipe celeste, na avaliação do senador. De acordo com a assessoria de imprensa da Raposa, não há nada no estatuto do clube que impeça o mandatário de possuir cargo público e continuar exercendo a presidência.

Dessa forma, Perrella permanecerá no cargo até o fim do ano, quando encerra o seu mandato na equipe do Barro Preto. Segundo informações da assessoria, ele não sabe ainda se concorrerá à reeleição, mas não vê nenhum problema em dar continuidade. A situação ainda estaria sendo analisada por ele. E ainda segundo a assessoria, não existe nenhuma manifestação contraria por parte dos conselheiros diante desse quadro. Há, segundo ela, em resposta aos questionamentos da reportagem, "uma forte manifestação dos conselheiros para que Zezé Perrella se candidate à reeleição".

Mas nem tudo são flores para Zezé Perrella. O presidente cruzeirense assume o cargo de senador em meio a uma polêmica. Acusado de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, Perrella é investigado pela Polícia Federal. Há suspeitas também sobre uma fazenda localizada na cidade de Morada Nova de Minas, avaliada em aproximadamente R$ 60 milhões. No entanto, Perrella declarou seu patrimônio em apenas R$ 490 mil à Justiça Eleitoral, esquecendo assim da propriedade, cujo faturamento seria de aproximadamente R$ 20 milhões anuais. Em sua defesa, o dirigente celeste disse que não possui cotas da empresa Limeira Agropecuária, dona da fazenda. Segundo ele, as porcentagens estão divididas entre os filhos e um sobrinho.

E assumir um cargo público não será uma novidade para o presidente cruzeirense. Perrella foi eleito deputado estadual em 1996 e, em 1998, se tornou deputado federal pelo PFL (atual DEM). Em 2002, perdeu e eleição para o Senado, ao ficar em quarto lugar, com 2.945.103 votos, o que corresponde a 18,35% do total de votos válidos.

No ano passado, Itamar se aliou ao então governador Aécio Neves (PSDB) para enfrentar as candidaturas do PT e do PMDB. Ambos saíram vitoriosos, assim como Perrella, então suplente de Itamar. Além da vitória no Senado sem ter levado um voto sequer, o dirigente cruzeirense também fez de seu filho Gustavo Perrella, de 28 anos, deputado estadual. Gustavo Perrella também assume duas funções: além de legislador, é um dos vice-presidentes de futebol do Cruzeiro.

A mistura de política e futebol também não é novidade no Brasil. Aproveitando do prestígio dos clubes, dirigentes se apoiam nos torcedores para conquistar maior projeção. Além de Perrella, que já exerceu os cargos de deputado estadual e federal, o polêmico Eurico Miranda também já se aventurou na vida parlamentar. Em 1990, o ex-presidente do Vasco decidiu se candidatar a deputado federal pelo PL, apesar de já ter o cargo de vice-presidente do clube carioca. Não conseguiu ser eleito, mas nas eleições de 1994 voltou a se candidatar, agora pelo PPB, e conseguiu a vaga para deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro.

Em 1998 foi novamente eleito, mas em 2001 foi pedida a cassação do seu mandato por efetuar uma operação de câmbio não autorizada. Eurico foi acusado de evasão de divisas. Apesar disso, ele voltou a concorrer nas eleições de 2002, porém não foi eleito, perdendo assim a imunidade parlamentar, que Perrella agora obteve.

Em 2006, Eurico teve a sua candidatura indeferida pelo TRE do Rio de Janeiro. Segundo o argumento da juíza Jaqueline Montenegro, por falta de condições morais para exercer um mandato. Porém, Eurico recorreu da decisão e no mês seguinte teve a sua candidatura confirmada pelo TSE. 

Fonte: Hoje em Dia

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