ITUIUTABA - A história do Rei Pelé em território mineiro tem uma nova página. Uma partida amistosa do Santos contra a União Tijucana, que nos registros históricos consta como tendo sido realizada no Rio de Janeiro, na verdade foi disputada em Ituiutaba. O adversário santista em questão é um time da cidade do Triângulo Mineiro, e, não, fluminense, como se enganaram os historiadores que produziram os dois principais livros sobre o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Em Ituiutaba, personagens daquele jogo relembram o fato marcante na Fazendinha, que recebeu 18 mil torcedores. Este número é dez vezes a capacidade atual do acanhado estádio da cidade.
O funcionário público aposentado Durval Cavalcanti, 63 anos, guarda na parede de sala de sua casa um quadro com uma foto amarelada com a formação das duas equipes. E ele diz com orgulho que enfrentou o Rei do Futebol naquela ocasião. “Olha aqui o Pelé”, aponta. “E este bem perto dele sou eu. Tive o privilégio de jogar contra o Pelé”, gaba-se. Este é um dos poucos registros da passagem do camisa 10, que completou 70 anos no último sábado, por Ituiutaba.
O encontro histórico aconteceu no dia 1º de julho de 1973, poucos anos antes de o Rei do Futebol encerrar a carreira. Marinho Peres, de falta, marcou o gol da equipe paulista, que venceu por 1 a 0.
Segundo relatos de quem vivenciou o fato, a festa depois do jogo prosseguiu em uma churrascaria da cidade e foi até de madrugada, sempre com a ilustre presença de Pelé, seguido por centenas de moradores. Na Churrascaria do Assis, no Alto da Colina, onde aconteceu a confraternização, a foto de Pelé decora o ambiente.
Quem não conseguiu entrar no estádio naquele dia teve que se desdobrar para tentar ver algum lance do astro com a bola nos pés. Foi o caso do professor de Química e Física Luiz Carlos de Oliveira, 47 anos. Ele e os amigos, todos com idades entre 10 e 15 anos, subiram em caminhões de transporte de bois estacionados ao lado da Fazendinha para tentar ver alguma coisa. “Era o jeito de conseguir ver um pouco do jogo”, conta.
Do extinto time da Tijucana, apenas três jogadores ainda estão vivos. O lateral-direito Durval divide a emoção com dois amigos e ex-atletas daquela equipe. Um deles é o comerciante Dejaniro Sebastião de Paula, 65 anos, zagueiro e capitão do time. Foi dele a responsabilidade de marcar Pelé. “Ele é muito inteligente. Tinha facilidade de carregar a bola com o pé direito, mas se você viesse marcá-lo por este lado, passava a bola para o pé esquerdo com a mesma facilidade. Era um jogador difícil de ser marcado”, relembra o zagueiro, que já tinha jogado contra Pelé, quando atuava pelo Botafogo (SP). Segundo Dejaniro, as chegadas firmes em cima de Pelé fizeram o Rei chamar sua atenção, mas tudo com muita humildade e simplicidade.
O terceiro personagem dessa marcante passagem é o aposentado Marco Aurélio de Castro, 62 anos. Ex-volante da Tijucana, Marron, como é conhecido, também se emociona a relembrar daquele dia. “Foi o momento mais marcante da minha carreira. Tentei tirar uma foto sozinho ao lado dele, mas foi impossível. Era muito gente em volta o tempo inteiro”, lembra.
TIJUCANA: Nelson; Durval, Carlos Martins, Dejaniro e Jaci; Marron, Marquinhos, Luis Marques e Canhoto; Léo e Lôro. Técnico: Oldair Tito.
SANTOS: Cejas; Hermes, Marinho Peres, Vicente e Zé Carlos; Léo, Brecha e Pelé; Jair da Costa, Euzébio e Ferreira. Técnico: Pepe. GOL: Marinho Peres, aos 13 minutos do primeiro tempo. ÁRBITRO: José Márcio da Costa (SP). PÚBLICO: 18.000 pagantes.
RENDA: Cr$ 205.000
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