Servidores paralisam atividades na sexta em Ipatinga

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IPATINGA - Servidores do Hospital Municipal decidiram, na tarde de ontem (25), paralisar os serviços na próxima sexta-feira. A decisão foi tomada em assembleia realizada durante boa parte da tarde desta segunda-feira e teve como principal motivo a retirada, da pauta de votação da reunião da Câmara, na última quinta-feira (21), do projeto de lei que propunha um incentivo funcional de 30% para quem trabalha no hospital. O pedido para a retirada foi feito pelo Executivo, próprio autor do projeto. Todos os servidores presentes votaram pelo início da greve.
Durante a reunião, que contou com cerca de 50 servidores, foi decidido que a partir de 7 horas da manhã de sexta-feira apenas 30% dos servidores continuarão trabalhando. "Não podemos esperar mais, eles (Prefeitura) não estão nos respeitando", disse um servidor. A greve será por tempo indeterminado. "Esperamos que a população compreenda e nos apoie. Não queremos prejudicar ninguém, queremos que os nossos direitos sejam respeitados", disse outro servidor que participou da assembleia.
Segundo Helenir de Lima, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ipatinga (Sintserpi), a administração municipal faltou com respeito ao enviar o projeto cheio de "erros" para ser votado. "Nós recebemos a notícia de que o projeto seria aprovado e o Executivo foi lá e pediu para que ele fosse retirado. Nós tínhamos que tomar uma atitude. Nós já esperamos tempo demais", afirmou.
GREVE JÁ
Durante a assembleia os servidores puderam escolher entre paralisar as atividades apenas na sexta-feira e só partir para uma greve no próximo dia 4, se o governo não procurasse a classe para resolver o problema ou já iniciar a greve na próxima sexta e por tempo indeterminado. A segunda opção foi a que obteve mais votos. "A nossa paciência já foi muito grande", contou um servidor que disse estar revoltado com o descaso da prefeitura.
Ainda durante a assembleia, foi formado um comando de greve com representantes de todos os setores, que ficará responsável, dentre outras coisas, por convidar os trabalhadores a aderirem à greve. Como o Hospital possui 560 servidores, se 70% aderirem à greve, apenas 168 funcionários estarão à disposição da população.
COMUNICAÇÃO
Para que a greve tenha validade é preciso que o sindicato informe à Prefeitura e à população sobre a decisão com 72 horas de antecedência nas atividades essenciais e 48 horas nas demais.
Geraldo Campos, secretário geral do Sintserpi, disse que o ofício será enviado à PMI na manhã de hoje e uma carta aberta será entregue à população. "Vamos começar a distribuir as cartas às 6h30 de hoje. O primeiro local será no Hospital Municipal", informou Geraldo.
DIÁLOGO
Geraldo disse que antes de tomar a decisão pela greve, um ofício foi protocolado, na última sexta-feira (22), pedindo que a administração municipal marcasse uma reunião com o sindicato. "A última coisa que a gente queria era a greve. Mas não podemos ficar esperando a boa vontade da prefeitura. Tentamos marcar a reunião, mas até hoje (ontem), ninguém entrou em contato com a gente".
PROTESTO
A proposta de um incentivo funcional de 30% para quem trabalha no hospital vem se arrastando desde o início do Governo Robson Gomes. Além dessa reivindicação, vários outros itens fizeram parte do Termo de Compromisso assinado entre o sindicato e o prefeito Robson Gomes, na época candidato ao governo, nas eleições extemporâneas.
Dentre as reivindicações estavam ainda a redução da jornada de trabalho, a garantia de conversão das Férias Prêmio em vantagens pecuniárias, a criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Negociação Coletiva, a consolidação do Estatuto dos Servidores Públicos de Ipatinga e a manutenção dos direitos já garantidos em lei.
Governo Robson enviou projeto com vários erros
IPATINGA - Após várias reuniões e ameaças de paralisação por parte dos servidores, a PMI acabou enviando, para a Câmara de Ipatinga, em setembro, o projeto de lei que, além de propor o incentivo funcional, criava cargos para o Hospital Municipal. Por apresentar uma série de irregularidades, inclusive faltando o impacto orçamentário-financeiro, o projeto não foi incluído na pauta das reuniões ordinárias do mês.
O Executivo foi comunicado, mas resolveu manter o projeto tramitando na Casa. Como o projeto não foi retirado, os vereadores resolveram incluí-lo na pauta da reunião do último dia 20, quando acabou recebendo, pela Comissão de Legislação e Justiça da Casa, parecer de inconstitucionalidade, que foi derrubado. Ainda na primeira reunião do mês, o projeto foi votado e aprovado.
No dia seguinte, a Câmara recebeu um ofício, por parte da Prefeitura, pedindo que o projeto fosse retirado e devolvido. Os vereadores, em comum acordo, resolveram retirar o projeto. Na data, o presidente da Casa, vereador Nardyello Rocha (PMDB), chegou a dizer que o projeto seria votado e aprovado, após ter recebido várias emendas modificativas, supletivas e aditivas com o intuito de corrigir os erros de origem do projeto. O vereador disse ainda que, com as emendas a questão dos cargos não seria votada, apenas a parte que fala do incentivo funcional seria apreciada.
No projeto, consta que o incentivo seria provisório, até que os cargos fossem criados. Os servidores em atividade dentro do espaço físico do Hospital Municipal receberiam um incentivo de 20% do salário base. Já os plantonistas receberiam 30% de incentivo. Porém, nada virou realidade. (Mara Martins)

fonte: Diário Popular

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