15-12-2011 20:20
IPATINGA – O disparo que matou o estudante universitário Johnes Martins, de 21 anos, na madrugada da última sexta-feira (9), durante uma festa no Clube do Cavalo, saiu do revólver calibre 38 do investigador da Polícia Civil Isael Júnior Dias, de 29 anos, lotado na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (1ª DRPC) de Ipatinga. Conforme versão apresentada pelo policial, o tiro aconteceu de forma acidental depois de a arma ter caído. Entretanto, duas testemunhas que estavam a 10 metros do local dos fatos e terão os nomes preservados por motivos de segurança, foram taxativas em afirmar ao jornal VALE DO AÇO que Isael sacou o revólver e apertou o gatilho à queima-roupa em Johnes. O caso é investigado pela Polícia Civil de Caratinga.
A informação de que o disparo saiu da arma do investigador foi dada na tarde desta terça-feira (13), em coletiva à imprensa concedida pelo delegado João Xingó de Oliveira, chefe da 1ª DRPC. “Isael se apresentou espontaneamente nesta segunda-feira (12), por volta das 18h, na 1ª DRPC. Ele estava com seu advogado e deu a sua versão aos fatos”, disse Xingó, que emendou: “Eu gostaria, em nome da Polícia Civil, de levar os nossos sinceros sentimentos aos familiares do Johnes Martins, um jovem que perdeu a sua vida prematuramente aos 21 anos de idade. Nós só temos a lamentar esse fato e dizer aos familiares que, com certeza, a justiça será feita”.
Corporativismo
O delegado regional garantiu que as investigações acerca do homicídio transcorrerão normalmente. “Nós não vamos ser corporativistas. Como qualquer cidadão brasileiro, Isael tem direito a uma ampla defesa e, conforme previsto no Código Penal, fora da prisão em flagrante ele responde ao processo e ao inquérito policial em liberdade. Poderá sim ser pedida a sua prisão caso fique comprovado que cometeu um crime hediondo ou bárbaro”, declarou Xingó.
Fatos
O chefe da 1ª DRPC foi quem colheu o depoimento do investigador e passou, com detalhes, o que o seu policial lhe disse. Segundo Xingó, Isael entrou para a Polícia Civil há nove anos e, semanas atrás, foi aprovado na primeira fase do concurso para delegado. “Isael é de Iapu. Na quinta-feira (8), por volta das 20h, ele veio a Ipatinga para ir às aulas de um cursinho, pois está se preparando para a segunda etapa do concurso para delegado. Mas ocorre que as aulas não aconteceram e ele veio à 1ª DRPC para verificar a escala de plantão de dezembro. Ficou aqui na delegacia por algum tempo e ficou sabendo que um colega policial, que também é músico, estava cantando lá no Clube do Cavalo e resolveu passar lá”, contou Xingó, que insistia em dizer, a todo o momento, que estava apenas reproduzindo a versão de seu policial. “Nós interrogamos Isael e ele nos disse que encontrou com alguns amigos de Iapu lá no Clube do Cavalo, a Verônica, o Tiago e o Rafael. Em dado momento, o Isael foi ao banheiro e, ao retornar, tomou ciência que Tiago havia se envolvido em um entrevero, em luta corporal no interior daquele recinto”, relatou o delegado regional, que continuou: “Ao ficar sabendo que o amigo havia se envolvido em uma confusão, Isael falou: ‘Não vou ficar nesse local. É ruim pra mim. Eu estou em fase de concurso público e posso me complicar’. Ele chegou para Verônica e Tiago e disse: ‘Olha! Eu vou embora, vocês vão comigo? Eu não vou ficar, está dando muita encrenca, muita confusão aqui dentro’. Tiago e a Verônica resolveram acompanhá-lo”.
Tiro acidental
Conforme o depoimento prestado pelo investigador a João Xingó, quando Isael, Tiago e Verônica decidiram sair do Clube do Cavalo tudo começou a ficar complicado. “Na saída do evento os três foram surpreendidos por um bando, segundo Isael, por um grupo de mais de 10 pessoas, que começaram a espancar tanto ele, quanto Tiago. Segundo versão do meu policial, ele começou a receber pancadas de todos os lados, que eram desferidas por esse bando de jovens que estava os aguardando, que ‘estavam de espreita’. Também conforme Isael, ele foi agredido barbaramente e se recorda que uma pessoa, que ele não sabe quem é, deu uma gravata nele, imobilizando-o. Essa pessoa que ele não sabe quem é trata-se de um segurança que trabalhava no evento”, explicou João Xingó. O delegado regional completou: “Esse segurança deu a gravata e imobilizou Isael por alguns minutos. O nosso policial alega que tomou um tranco. Não sabe se foi um chute, se foi uma pancada ou um murro nas costas. Tomou esse tranco e conseguiu se desvencilhar do segurança. Assim que se desvencilhou ele escutou um estampido de arma de fogo, que abriu um clarão, pois no local onde aconteceram esses fatos tem pouca iluminação”.
Disparo
João Xingó discorreu sobre o exato momento em que, segundo o investigador, o disparo aconteceu: “Após o estampido as pessoas se afastaram, pararam de agredir tanto Isael quanto o Tiago. Nosso policial chegou perto do amigo e perguntou: ‘Tiago, você foi baleado?’. O Tiago respondeu: ‘Eu não e você, foi?’. ‘Não, eu também não’, respondeu Isael. Quando voltou as vistas para trás, ele verificou um corpo estendido ao solo, que era o cadáver de Johnes Martins. E a alguns metros do corpo, Isael viu a arma dele, que é um revólver calibre 38 pertencente à Polícia Civil de Minas Gerais. Ele foi até esse local, apanhou a arma e a colocou na cintura. Ele afirma categoricamente que em nenhum momento fez uso do revólver e que acredita que o disparo ocorreu no momento das agressões que ele sofria. A arma, como não estava em um coldre, teria caído facilmente e disparado de maneira acidental”.
Saiu do local
João Xingó revelou ter perguntado a Isael o porquê de ele ter ido embora do Clube do Cavalo após o tiro. “Ele me respondeu: ‘Doutor, eu fiquei ainda por alguns minutos, pedi as pessoas que estavam ali ao redor para acionarem o Samu e isso foi feito. Mas eu ouvi comentários de pessoas perguntando quem havia tinha atirado. Temendo por represálias à minha pessoa e aos meus colegas que estavam lá, eu resolvi vir embora. Mas antes de sair daquele local, eu dei o meu nome para um segurança, disse que era policial civil e qual era a minha função’”, relatou o delegado regional, afirmando que o segurança com quem o investigador teria conversado não foi encontrado.
O caso deverá ser investigado pelo delegado Carlos Alberto Bastos, responsável por apurar assassinatos em Caratinga. Os depoimentos das quatro pessoas colhidos no dia dos fatos, os laudos da perícia no local do crime e da necropsia no Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga serão encaminhados para ele, além da arma entregue por Isael no dia que ele se apresentou, bem como uma camisa rasgada que ele usava no Clube do Cavalo e também deu nas mãos do delegado João Xingó.
O investigador trabalhava de plantonista na 1ª DRPC, função que deixou depois da confusão que terminou com a morte de Johnes.
Segundo envolvido
João Xingó ainda foi questionado pela imprensa se uma segunda pessoa teria se apoderado da arma depois de ela cair e atirado contra o estudante. “Todas as hipóteses serão investigadas, por mais remota que seja. Eu não descarto nada em uma investigação”, resumiu.
Ainda de acordo com o delegado regional, o segurança que imobilizou Isael relatou, em depoimento, ter ouvido apenas o disparo que matou Johnes, declarando que não viu quem o efetuou. “Ele é a testemunha mais importante e acrescenta que as pessoas envolvidas na briga já haviam se envolvido em outras duas ou três confusões antes do tiro e da morte do jovem. A pistola semi-automática dificilmente dispara sozinha, pois tem uma trava de segurança. Mas um revólver 38 pode cair e disparar acidentalmente sim. Nos meus 35 anos de polícia já vi isso ocorrer algumas vezes”, concluiu João Xingó.
Fonte: As informações são do Portal JVA Online
MORTE NO CLUBE DO CAVALO: disparo que matou estudante saiu de arma de PC
às 20:23
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