Projeto quer obrigar políticos a matricular filhos em escola pública

IPATINGA - Um projeto de lei que tramita no Senado Federal pode obrigar vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos e o próprio presidente da República a matricular seus filhos em escola pública. Pelo menos é o que pretende a proposta do senador Cristovam Buarque. 
A matéria foi apresentada em 2007. A justificativa? Se os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas, isto mostraria, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes com o ensino público.
O projeto se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa desde o dia 14 de janeiro, aguardando a designação de um relator. A intenção é que os políticos matriculem seus filhos e dependentes em escolas públicas até 2014.
"Talvez não haja maior prova do desapreço com a educação das crianças do povo, do que ter os filhos dos dirigentes brasileiros, salvo raras exceções, estudando em escolas privadas", diz a redação do projeto de lei.

IR 
O senador alega ainda que ao matricular seus filhos na rede privada, os políticos, além de deixarem as escolas públicas abandonadas, criaram a possibilidade de se beneficiarem de descontos no Imposto de Renda para financiar os custos da educação privada de seus filhos.
Pode-se estimar que os 64.810 ocupantes de cargos eleitorais deduzam um valor total de mais de R$ 150 milhões nas suas respectivas declarações de imposto de renda, com o fim de financiar a escola privada de seus filhos. As contas foram feitas considerando apenas um dependente por ocupante de cargo eleitoral.

IDEB
Para avaliar a qualidade escola e rede de ensino o governo federal criou, em 2007, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações feitas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022, pontuação correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos.
Em 2007, o IDEB das escolas de Ipatinga do 9° ano foi de 3.7. Já na avaliação feita em 2009, foi de 4.3. O 5° ano obteve média de 4.3 em 2007, e 5.1 em 2009. Na avaliação feita em todas as escolas públicas mineiras a média foi de 5.6 em 2009. 
Para Beatriz Cerqueira, diretora estadual do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), os governos federal e estadual promovem políticas de verificação na educação, sem atacar os problemas existentes nas escolas públicas.
"O IDEB mede o ensino dado na sala de aula, avalia o trabalho do professor através das provas. Mas não trabalha política de melhoria de salários. Em qualquer emprego é importante um incentivo na remuneração", comentou.
O sindicato constatou que a média de escolaridade na rede pública é de 5,2 anos. "O aluno ingressa na escola, e praticamente conclui apenas até a 5° série. Não termina sequer o Ensino Fundamental. Temos um déficit de vagas de quase 1,5 milhão de vagas na rede estadual, incluindo nesse montante a Educação Infantil e o Ensino Médio", apontou a sindicalista.

Escola pública e de qualidade
IPATINGA - Alguns políticos acreditam no potencial da escola pública. Esse é o caso do vereador Nilson Lucas - Nilsinho (PMDB). As três filhas dele, duas em idade escolar, estão regularmente matriculadas na rede pública.
Amanda, com 11 anos, e Vitória, com 15, estudam na Escola Estadual João XXIII, no bairro Iguaçu. Elas fizeram a educação básica também na rede municipal de ensino. Vitória inclusive foi a 5ª colocada na prova do PEP (Programa de Educação Profissional) do ano passado. O programa oferece educação profissionalizante gratuita de qualidade para alunos do 2º ou 3º ano do Ensino Médio da rede pública estadual. 
"Tenho que agradecer aos professores o trabalho que eles têm realizado. Minhas filhas alcançaram excelentes resultados nas escolas públicas e, o principal, adquiriram conhecimento. Os alunos que se esforçam têm oportunidade", comentou Nilsinho.
O parlamentar destaca que a presença dos pais acompanhando o desempenho da vida escolar dos filhos é fundamental. "Os mais interessados no sucesso dos filhos são os pais. Isso vai contribuir para a vida deles como um todo", defendeu.

Contratar bons professores é o caminho, acredita diretora
IPATINGA - Os parâmetros para uma educação de qualidade são professores competentes, qualificados, valorizados e zelosos com o cumprimento da missão escolar. Além de recursos didáticos, físicos e tecnológicos alinhados com um projeto pedagógico bem estruturado. 
Essas são as medidas defendidas pela diretora do Colégio Padre de Man, Ledsonia Dias Gomes Ferreira, independente de o ensino ser público ou privado. Quanto ao nivelamento do ensino público ao particular, ela disse ser relativo, pois na região existem escolas públicas muito boas que se igualam ao ensino de uma instituição particular. 
"Para as instituições públicas onde o ensino não é bom, é necessário primeiro avaliar as condições de trabalho da equipe e o perfil dos docentes. A escola precisa ter autonomia para contratar bons professores e que desempenhem bem o seu papel", declarou.
Ledsonia defende ainda a necessidade de valorizar e remunerar bem os professores. Também são necessários recursos para que os projetos sejam realizados. "Uma gestão séria da educação com investimento na formação docente. Até mesmo a fiscalização do dinheiro público, para que as verbas não 

sejam extraviadas e acabem não chegando ao seu destino, as escolas", justificou a diretora.


fonte: Diário Popular

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