Plástica terá manual informativo a partir de agosto


Antes da operação plástica e resultado após a intervenção


A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) prepara um manual informativo com orientações de segurança para o exercício da atividade, com o objetivo de reafirmar as normas básicas que envolvem os procedimentos cirúrgicos e evitar danos à saúde dos pacientes. O manual será lançado em agosto e distribuído entre médicos e interessados.

O presidente da SBCP e organizador da publicação, o cirurgião plástico Sebastião Nelson Edy Guerra, diz que tem como bandeira em sua gestão a busca pela segurança, prevenção e redução de riscos cirúrgicos, antes, durante e após a intervenção. O motivo de tanta preocupação é o rápido crescimento no número de procedimentos realizados no Brasil, o que, consequentemente, aumenta as chances de complicações para a saúde do paciente e também de erros médicos.

Atualmente, segundo Guerra, são realizadas, em média, 700 mil cirurgias plásticas no Brasil todos os anos. Minas Gerais representa cerca de 15% desse total. Sobre óbitos decorrentes de cirurgias plásticas, o médico diz que são poucos, cerca de 1% do montante geral.

“Nenhum item contemplado nesse manual é novo. Todo cirurgião aprende essas normas na faculdade. Mas é sempre bom relembrar e reforçar a importância dessas medidas para se obter sucesso nas cirurgias. O Brasil é um país referência nessa área e recebe pessoas de fora para serem operadas. Nossos médicos são muito competentes, mas ainda é preciso reduzir os riscos nos procedimentos”, afirma.

O médico explica que o manual abordará as fases do pré-operatório, o momento da operação e o pós-operatório. Segundo ele, cada uma delas exige orientações diferentes, que devem ser seguidas à risca. No pré-operatório, uma das normas básicas é a realização de vários exames nos pacientes, como cardíaco, de sangue e de urina. “Vamos relembrar o básico, que algumas vezes deixa de ser aplicado. Toda cirurgia tem um risco, mas a nossa luta é reduzí-lo sempre”, diz Guerra.

O cirurgião plástico Marcelo Pereira, dono de uma clínica de cirurgia plástica em Belo Horizonte, afirma que a iniciativa é fundamental até para as pessoas que não são da área médica entenderem um pouco mais sobre o nível de exigência dos profissionais da saúde.

“É importante explicar a gravidade de uma cirurgia plástica e também tudo o que ela exige. Uma das recomendações mais importantes, no meu ponto de vista, é não realizar múltiplas cirurgias, que é quando em um mesmo procedimento várias partes do corpo do paciente sofrem intervenção. Isso é perigoso, pois quanto maior o tempo de cirurgia, maior o risco de complicações”, disse.

Pereira lembra ainda que seguir as orientações do manual não é uma opção do médico, mas sim uma obrigação. “Todos os médicos precisam se conscientizar da importância de se trabalhar com cuidado”.

Confiança no especialista é essencial

A estilista Raquel Oliveira Amorim, 38 anos, passou por vários tipos de plásticas e foi bem sucedida em todas. Há cerca de três meses fez um reparo na barriga, plástica no queixo e lipoaspiração no corpo inteiro. A segurança no profissional fez com que ela tomasse coragem para encarar tudo isso.

O primeiro passo a caminho da mesa de cirurgia foi a assinatura de um contrato entre ela e o médico. No documento, constavam explicações sobre o procedimento. “Fui super bem atendida pelo médico, que me explicou detalhadamente todos os procedimentos e riscos. Assinei o contrato, assumindo todos os riscos existentes, mas tive confiança no profissional, que demonstrou ser muito cauteloso”, conta.

Sobre o manual a ser lançado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Raquel apoia a divulgação, já que atualmente existem médicos falsos e outros que só estariam preocupados em ganhar dinheiro. “Acho uma medida viável, pois ela vai permitir que o paciente seja mais consciente do que acontece nessas cirurgias. Não existe nada 100% na vida, mas essa cartilha vai ajudar a amenizar os riscos cirúrgicos tanto de morte como de sequelas”, disse.

A dona de casa Letícia Goes de Melo Castro, 44 anos, também foi bem sucedida em suas plásticas. Hoje, 22 dias após as cirurgias, obedece a uma série de regras da fase pós-operatória. “Me preparei muito antes das plásticas para o pós-operatório. Recebi orientações detalhadas do meu médico, que tenho que seguir corretamente”, disse ela que fez plástica no abdômen, trocou a prótese de silicone nos seios e fez lipoaspiração.

Para ela, a publicação de um manual será de extrema importância, mas deveria abordar também a necessidade de o médico conversar mais com seus pacientes. Para Letícia, é importante que o médico conheça seus pacientes para que a relação se torne honesta e confiável.

“Eu não tenho do que reclamar do meu médico. Mas tenho amigas que passaram pelas mãos de cirurgiões que só pensam no dinheiro da operação. Isso é triste e também deve ser alvo de uma mobilização social”, diz. fonte: Hoje em Dia

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