Deficientes de Ipatinga pedem intervenção do Ministério Público



Ediceu Soares, 37, usa o transporte público para trabalhar e resolver problemas pessoais
06-09-2011 11:03
IPATINGA – Foi protocolada, na manhã desta segunda-feira (5), na Promotoria de Defesa do Deficiente, uma representação feita pela Associação dos Deficientes Físicos, Associação dos Deficientes Visuais e Associação dos Surdos de Ipatinga, solicitando a intervenção do Ministério Público no processo de implantação do “cartão gratuidade” previsto no decreto municipal n° 7.055, publicado em 13 de julho deste ano e aprovado em lei. Segundo a Prefeitura de Ipatinga, a previsão é de que até novembro os cartões sejam entregues aos usuários. Contudo, as mudanças vindas com o decreto deixaram as pessoas com necessidades especiais insatisfeitas. 

De acordo com o vice-presidente da Associação dos Deficientes de Ipatinga (Adefi), Eustáquio José de Oliveira, o requerimento questiona a implantação do “cartão gratuidade”, a concessão do benefício apenas para pessoas com renda familiar de até 2,5 salários mínimos e também a limitação de apenas duas viagens por dia, sendo elas “não cumulativas”. Ele aconselha que as pessoas não troquem o cartão de passe livre pelo “cartão gratuidade” até que o Ministério Público dê o seu parecer sobre o assunto. “Essa questão de limitação da renda da pessoa para que ela tenha direito ao benefício é simplesmente ridícula. Mais da metade dos deficientes de Ipatinga tem renda superior a esse valor, uma vez que já existe o benefício de um salário. E se uma pessoa da família trabalha fora, a renda já fica superior a esse valor”, declarou, salientando que a acessibilidade não se dá em função de renda e sim da necessidade humana. “Aquela pessoa que tem renda ‘alta’, automaticamente não faz uso de transporte coletivo municipal, até porque ficar aguardando o transporte coletivo nesses pontos de ônibus sem proteção e segurança é uma situação que frustra”, desabafou.

Na opinião do artesão Ediceu Soares, de 37 anos, que mora no Bairro Bethânia, a limitação do uso dos ônibus em duas vezes por dia é fora da realidade. “Como eu moro sozinho, uso cadeira de rodas e trabalho com artesanato, preciso me deslocar de ônibus várias vezes por dia tanto para trabalhar quanto para resolver problemas pessoais”, declarou, enfatizando que por ser usuário de cadeira de rodas jamais passará pela catraca eletrônica. “Alguém é que vai usar o meu cartão. Terei que confiar em uma pessoa para que ela faça por mim e isso não é bom, pois existe muita gente de má fé”, declarou.

A dona de casa Sirlene Henrique Gomes, de 34 anos, é deficiente física e faz fisioterapia no Bairro Bom Retiro. “Quando volto para casa preciso pegar dois ônibus, para não ter que atravessar duas avenidas. Já caí muito na rua, e esperar um pouco mais é melhor do que ficar caindo. Agora, com essa limitação na quantidade diária de vale-transporte, eu simplesmente não sei o que vou fazer”, lamentou.

PMI
Em nota, a Prefeitura de Ipatinga informou que segue o decreto municipal nº 7.055, publicado em 13 de julho deste ano. O cadastro para troca dos cartões está sendo feito nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e ou no programa Bolsa Família na Rua Edgard Boy Rossi, Centro. 



Fonte: JVA online

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