PMs são investigados por execução e milícia no Aglomerado da Serra

Uma série de contradições coloca em xeque a versão da Polícia Militar sobre o assassinato de dois moradores do aglomerado da Serra, na região Centro-Sul, na madrugada do último sábado. Documentos com relatos da ocorrência, aos quais a reportagem teve acesso ontem, e o depoimento dado por uma moradora da Vila Marçola mostram divergências entre a versão de tiroteio contada pelos policiais e a de execução sumária denunciada pela população do aglomerado.

Nas declarações feitas a policiais civis da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), ontem pela manhã, em uma casa da vila, a moradora contou que assistiu ao momento em que Jeferson Coelho da Silva, 17, e o tio dele, o enfermeiro Renilson Veriano da Silva, 39, foram executados, sem qualquer chance de defesa, por tiros de fuzis disparados por policiais do Batalhão Rotam.

Ontem, o secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada, anunciou o afastamento de um sargento e de três soldados que participaram da ação. Eles, no entanto, continuam em atividade interna no batalhão.

O conteúdo do depoimento da testemunha foi confirmado pelo deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. Ele afirma que, conforme a moradora, tio e sobrinho passavam pela rua Bandonion sem se darem conta da operação, quando foram surpreendidos pelos militares.

Segundos depois, foi dado o primeiro tiro no adolescente. Ferido, Jeferson chamou pela mãe, identificou-se como filho de um policial militar e pediu para que o tio fosse poupado. De nada adiantou. Renilson, já rendido no chão, levou um disparo nas costas. O jovem foi morto na sequência com um tiro na barriga. "Um grupo de pessoas realmente correu. O tio e o sobrinho vinham sem ter nada a ver com a história. Eles foram executados friamente", disse o deputado.

No boletim de ocorrência, que sugere "ação de gangues", os policiais informam que suspeitos estavam vestidos com fardas da PM. No entanto, no comunicado de crime e no depoimento dado à Polícia Civil, um dos militares entrou em contradição e disse que tio e sobrinho apenas carregavam as fardas. A vestimenta, porém, não aparece na relação de materiais apreendidos.

Os trajes mostrados pelos militares, no sábado, horas após as mortes, tinham dobras e nenhuma marca de sangue. Os policiais que aparecem como vítimas no boletim de ocorrência são: os soldados Jonas David Rosa e Jason Ferreira Paschoalino e o cabo Fábio de Oliveira.fonte: O Tempo

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