Futuro de militar acusado de matar missionária está nas mãos da Justiça

A missionária Anelise foi assassinada e teve o corpo jogado na lagoa Silvana
IPATINGA - Ainda este ano o judiciário da comarca de Ipatinga deverá decidir o futuro do cabo da Polícia Militar Joel Fernandes dos Reis, denunciado pelo Ministério Público pelo brutal assassinato da missionária Anelise Teixeira Monteiro Carlos, 38, encontrada morta dentro da lagoa Silvana no dia 17 de janeiro de 2007. A delegada Adelina Xavier, atualmente em Belo Horizonte, foi quem apurou o envolvimento do militar no crime e o indiciou por homicídio qualificado com pena que pode chegar a 30 anos de prisão. O Ministério Público assumiu paralelamente as investigações do crime e em novembro de 2009 denunciou o militar. Até hoje o judiciário da Comarca não decidiu se irá ou não determinar que o acusado seja levado a júri popular. Isso somente deverá ocorrer após uma audiência agendada para agosto deste ano. A motivação do crime permanece em segredo de justiça. O corpo de Anelise foi encontrado por um pescador, boiando à margem da lagoa Silvana. Ela tinha um profundo corte no abdômen, técnica usada por criminosos experientes, apontou profissionais do IML, com objetivo de manter o corpo submerso.

RELACIONAMENTOS
A imprensa não teve acesso ao processo e muito menos às declarações de parentes ou de pessoas próximas à vítima. A única informação obtida pela reportagem junto a uma fonte era de que a missionária mantinha relacionamentos extraconjugais. No entanto, a polícia não confirmou se a sua morte teria motivação passional. O ponto de partida para se chegar ao nome do policial foi o depoimento de Daniel Silva Araújo, 45, que estava preso no Ceresp pelo crime de tentativa de homicídio. O seu depoimento estabeleceu forte ligação do cabo da Polícia Militar com o assassinato de Anelise. Em uma acareação realizada entre Daniel e o militar ficou registrado nos autos o seguinte depoimento de Daniel: "Eu tomei conhecimento da morte de Anelise por meio do Joel Fernandes, que esteve no meu lajavato". O curioso é que na data em que Joel procurou Daniel o corpo de Anelise estava sem identificação no Instituto Médico Legal (IML) de Ipatinga. 

PROCESSO
O processo de dois volumes com mais de 100 páginas está na 1ª Vara Criminal da Comarca de Ipatinga. Mesmo que o judiciário pronuncie o cabo da Policia Militar, sua defesa poderá entrar com recurso no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG). 

QUEIMA DE ARQUIVO
No dia 9 de abril de 2010 o motorista Daniel Silva Araújo, que denunciou o envolvimento do militar no assassinato de Anelise, foi executado na zona rural de Ipatinga. Na ocasião, com 48 anos de idade, a vítima foi executada com oito tiros nas costas quando estava debruçado sobre o balcão de um bar na avenida José Antônio, Pedra Branca, zona rural de Ipatinga. O assassino chegou ao estabelecimento com um capacete de viseira escura na cabeça e fugiu sozinho em uma motocicleta Honda Titan prata. Daniel chegou a testemunhar contra um cabo da PM no inquérito da Polícia Civil sobre o assassinato da missionária Anelise, mas a equipe da homicídios de Ipatinga não acredita que a execução de Daniel tenha ligação com a denúncia contra o militar.

Conheça o caso passo a passo

Manhã de 17 de janeiro 2007
Pescador aciona a Central de Operações da Polícia Militar (COPOM) de Ipatinga. A testemunha informa a existência de um cadáver do sexo feminino boiando à margem da lagoa Silvana.

18 de janeiro 2007
Laudo do Instituto Médico Legal (IML) atesta morte por estrangulamento e corte com precisão cirúrgica no corpo da vítima.

24 de janeiro 2007
Parentes e amigos de Anelise reconhecem como sendo o seu, o corpo sem identificação na câmara frigorífica do Instituto Médico Legal. Irmãos da vítima pedem apuração rigorosa para o caso.

21 de fevereiro 2008
A delegada Adeliana Xavier, atualmente em Belo Horizonte, indicia o cabo da Polícia Militar por envolvimento no brutal assassinato de Anelise. O processo de dois volumes com mais de 100 páginas está na 1ª Vara Criminal da Comarca de Ipatinga. A motivação está em segredo de justiça.

05 de novembro 2009
O Ministério Público acata a apuração da Polícia Civil e denuncia o militar pelo assassinato da missionária. O judiciário decide ainda neste ano de 2011 se o acusado será levado a júri popular.

09 de abril 2010
O motorista Daniel Araújo, 45, que denunciou o envolvimento do militar no assassinato de Anelise, é executado na zona rural de Ipatinga. A vítima recebeu oito tiros efetuados por um homem que estava em uma motocicleta prata. O autor até hoje não foi identificado. A equipe da Homicídios de Ipatinga não acredita que a execução de Daniel tenha ligação com a denúncia contra o militar. fonte: Diário Popular

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