Mãe pede ajuda para filho viciado em Ipatinga


raimunda
A mãe emocionada mostra os desenhos que o filho fazia antes de se tornar usuário de droga
IPATINGA - A artesã Raimunda Abreu sofre há um ano com o vício do filho Gilmar Aparecido Abreu, 31 anos. O rapaz é viciado em drogas, portador do vírus HIV, surdo e perdeu o movimento dos dois braços.
"Já faz seis meses que não tenho paz. Tem um ano que percebi que o Gilmar estava diferente, ele começou a sair muito e chegar de madrugada e também ficou agressivo em casa. Mas esse ano as coisas ficaram mais graves, ele tem piorado a cada dia mais e já não suporto essa situação. Preciso de ajuda antes que aconteça algo pior com o meu filho, pode acontecer uma tragédia na minha família se eu não conseguir ajudá-lo de alguma forma", declarou a mãe emocionada.



Gilmar Raimundo Abreu ficou surdo ainda criança devido ao uso de medicamentos fortes. Com 9 meses de vida o menino precisou se submeter a uma cirurgia por causa de uma infecção no intestino. A mãe relatou que depois da operação o filho sofreu uma queda do berço ainda no hospital, deslocou a bacia e quebrou os dois braços. "Fui buscar meu filho no hospital depois da cirurgia e o encontrei caído no chão. Ele quebrou os dois braços, mas os médicos não puderam engessar porque ele era um bebê", informou Raimunda.
Segundo a artesã, logo em seguida o filho ficou muito doente e chegou a ser desenganado pelos médicos: "Morava em Vitória ainda e os médicos me disseram que meu filho não sobreviveria, pois o quadro clínico dele piorou muito. Eu fui até o hospital e pedi permissão para eu levar meu filho para morrer em casa. O médico me autorizou e depois acabou voltando atrás por precaução, mas eu o peguei e levei embora assim mesmo. Aí minha luta começou. Fui pra Belo Horizonte tratar o meu filho e fiquei com ele em casa 8 meses em coma, mas com o passar do tempo ele foi respondendo aos tratamentos. Os remédios que ele tinha que tomar eram muito fortes e por isso ele foi perdendo a audição até ficar surdo", relatou.
Durante 14 anos, Gilmar recebeu tratamento para se reabilitar. "A minha luta foi recompensada porque meu filho sobreviveu e aprendeu a andar", comemorou dona Raimunda.

APAE
Quando o filho já estava recuperado, Raimunda pegou o dinheiro da venda da casa em Vitória e comprou um barraco no bairro Vale do Sol em Ipatinga, onde mora até hoje. Na cidade o menino continuou o tratamento na Apae onde permaneceu até completar 16 anos. "A Apae foi uma segunda mãe pro Gilmar, ele aprendeu muita coisa lá e começou a conseguir se comunicar. Ele conseguiu ler os lábios da gente e entender o que eu falava com ele", informou a mãe. 
Dona Raimunda contou que o filho tinha uma profissão antes de se tornar usuário de drogas, Gilmar fazia desenhos e caricaturas. Além do dinheiro que recebia pelos desenhos, Gilmar recebe um salário de aposentadoria por invalidez. 
Antes de se envolver com drogas, segundo a mãe, o filho era um rapaz tranquilo e de bom relacionamento com a família. Gilmar é casado com uma moça que também é surda, mas Raimunda informou que teve que pedir para a esposa do filho deixá-lo porque ele começou a ficar muito agressivo e ela temia que ele judiasse da mulher.
Gilmar tem o relacionamento difícil com a família e para ajudar a mãe, o filho mais novo alugou uma casa para que a artesã trabalhasse e pudesse guardar os pertences. 

HIV
Segundo Raimunda, foi a sogra de Gilmar que solicitou que ele fizesse um exame de sangue para saber se ele tinha alguma doença. "A sogra dele pediu pra ele e a esposa fazerem alguns exames, aí descobrimos que meu filho tem Aids. Graças a Deus a esposa dele não contraiu o vírus".
A mãe declarou ainda que nos últimos meses o filho se recusa a continuar o tratamento da doença. "Ele não quer mais saber dos remédios, tá tudo aqui em casa, mas ele não quer mais se tratar. Só fala em morrer, ele inclusive tentou se matar já, quando o encontrei ele tinha pegado uma corda e tava querendo se enforcar. Por isso que não posso ficar longe dele, fico na casa em frente, mas toda hora venho aqui ver como ele está", informou a mãe.

AJUDA
No mês passado, Gilmar ficou muito agressivo, agrediu a mãe e quebrou objetos em casa. Raimunda chamou a polícia para tentar acalmá-lo e o filho passou a noite na delegacia. "Eu não quero que eles levem meu filho preso, o que quero é que eles me ajudem. Ele precisa ser internado e não preso. Eu levei o boletim de ocorrência a prefeitura de Ipatinga e pedi ajuda mas fui informada que tenho que esperar até que eles analisem o caso do meu filho. Mas eu vou esperar até quando?" 
Raimunda usa a casa que o filho alugou, montou uma oficina de artesanato e dá aula para crianças do Vale do Sol. "Eu ajudo essas crianças porque não quero que elas fiquem na rua. Pelo menos enquanto eu estou ensinando artesanato eu sei que as crianças estão bem. Não quero que aconteça com ninguém o que aconteceu com meu filho", concluiu Raimunda.



Fonte: Diário Popular

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