Centro Ótico vende óculos falsos como se fossem de grife

Empresa, que foi alvo da operação "Ilusão de Ótica", comprava na China cópias de grifes famosas por R$ 0,41 e revendia a consumidores de Minas Gerais e do Paraná por até R$ 1 mil 
Portas abertas. Lojas estão funcionando; Procon informou que clientes podem pedir ressarcimento
Revelada na última sexta-feira, a operação Ilusão de Ótica, que investiga um esquema de sonegação de impostos e contrabando envolvendo a rede Centro Ótico, uma das mais tradicionais do Estado, descobriu um gigantesco golpe de falsificação contra os consumidores. O delegado Cassino Aufiero, chefe da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga (DEDC) do Paraná, onde a rede tem empresas com outros nomes, disse ontem ter provas suficientes para atestar que as óticas do empresário Francisco Sales Dias Horta vêm lesando os consumidores com a venda de armações e até mesmo lentes de grau falsificadas como se fossem de grife.

Segundo o policial, que comanda a investigação no Paraná, onde a operação foi desencadeada, grande parte dos óculos oferecidos nas lojas Centro Ótico é fabricada na China copiando modelos de marcas famosas. Com um custo de apenas R$ 0,41, as lentes e óculos pirateados chegam às mãos dos consumidores de Minas e do Paraná a preços bem mais salgados. Algumas chegam a custar até R$ 1.000.

Para chegar ao mercado brasileiros, os produtos passavam pelo Paraguai, disse o policial. "Os 100 mil óculos que apreendemos na operação estavam com lentes e em caixas lacradas com carimbo da China", afirmou o delegado Aufiero. De acordo com ele, produtos originais, mas em quantidade reduzida, também eram colocados nas vitrines apenas para não chamar a atenção. A investigação teve início há cinco meses, a partir de uma denúncia.

Até ontem, 15 pessoas haviam sido presas em Belo Horizonte e em Curitiba por envolvimento no esquema. Entre os detidos estão Adriana Sales Dias Horta e Francisco Dias Horta Neto, filhos do empresário. Ontem, a polícia protocolou o pedido de prorrogação das prisões. Francisco Sales Horta, que é apontado como chefe da quadrilha, é considerado foragido. Ele estaria na China, de onde teria falado à rádio Itatiaia. A Interpol foi acionada para capturar o empresário.

Segundo a operação Ilusão de Ótica, a rede de óticas estaria envolvida em pelo menos 12 crimes. Além do esquema de contrabando e falsificação, o grupo responde pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, estelionato e corrupção que, segundo a polícia, vêm acontecendo há pelo menos dez anos sob o comando de Francisco Horta. Uma fraude que causou um rombo de R$ 50 milhões nos cofres públicos.

Tentáculos. A operação Ilusão de Ótica também desmontou uma quadrilha de estelionatários que agia dando suporte à rede Centro Ótico. "Essas pessoas eram encarregadas de abrir empresas fantasmas e falsificar documentos para legalizar os produtos falsos e sonegados. O Francisco Horta comprava os produtos dessas empresas", disse.

O delegado explicou que os "laranjas" e as empresas de fachada eram usados para desviar a atenção da polícia. "Assim, iríamos investigar os ‘laranjas’ e não os empresários que poderiam até se fazer de vítimas. Eles poderiam alegar que compraram produtos falsos sem saber", contou Aufiero. 
PARANÁ
Consumidor lesado pede orientação
O telefone da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga (DEDC) do Paraná não para de tocar. Dezenas de consumidores que compraram óculos nas lojas da Visomax e Vega que pertencem à rede Centro Ótico, em Curitiba, estão recorrendo à polícia preocupados com a possibilidade de terem adquiriram produtos falsificados.
A recomendação do delegado da DEDC Cassiano Aufiero é que os clientes recorram ao Procon. Ele também aconselha que as pessoas levem seus óculos adquiridos no Centro Ótico para serem aferidos por um especialista.

A gerente do Procon em Belo Horizonte, Daniela Abreu Arruda, explicou que as pessoas que sentirem lesadas devem fazer a queixa levando a nota fiscal, carteira de identidade e CPF. Ela, no entanto, aconselha que o consumidor espere a conclusão da investigação para que haja uma prova concreta da fraude. "Se ficar provado que a empresa enganou o cliente, ele pode pedir a devolução do dinheiro ou um produto original". (TT)

fonte: O Tempo

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