NOVA TESE Monóxido de carbono explica morte misteriosa de jovens

Um gás altamente tóxico, o monóxido de carbono (CO), liberado durante a queima da lenha de uma lareira, pode ter causado a morte dos universitários Gustavo Lage, 23, e Alessandra Paolinelli, 22. Os namorados foram encontrados no chalé de uma pousada, em Brumadinho, região metropolitana da capital, na última quinta-feira. Eles foram ao local comemorar um ano de relacionamento. 

A hipótese ganhou força com a divulgação, ontem, do laudo do exame de dosagem, realizado nos corpos do casal, que apontou índices de monóxido de carbono acima do tolerável. O resultado mostrou a presença de carboxihemoglobina na concentração de 62% em Alessandra, e de 68%, em Gustavo. Ainda de acordo com informações da perícia, a exposição, por mais de uma hora, a níveis acima de 60% levaria à morte rápida. 

A suíte onde o casal estava possuía lareira a lenha e foi encontrada completamente fechada, o que reforça a tese levantada com o laudo. Segundo a professora de química Maria Emília Caixeta, o CO está na fumaça, quando ocorre a queima incompleta de algum combustível, como a madeira. "A combustão total libera água e gás carbônico, pouco tóxico, mas, em locais onde há pouco oxigênio, ela acaba sendo incompleta. Assim, é liberado o monóxido de carbono, altamente tóxico", explicou. 

Na sequência, quando é inalado, o gás se une às hemoglobinas (células do sangue responsáveis por levar oxigênio a todas as partes do corpo). Sem oxigênio, o cérebro para de funcionar e a pessoa começa a sofrer reações diversas. "Ela segue respirando normalmente, mas a respiração em nível celular é comprometida. Por consequência, os órgãos passam a funcionar de maneira inadequada e a pessoa fica sonolenta ou mesmo inconsciente. Não dá conta de correr, nem de sair do ambiente. Tudo é muito rápido", explicou a professora. A morte ocorreria, assim, por asfixia decorrente da falta de oxigênio no organismo. 

Dados preliminares da Polícia Civil informaram que o casal teria sido encontrado na cama, ou seja, os dois poderiam estar dormindo e não ter notado a alta concentração de fumaça no quarto. O fato de estarem em um chalé, que não é ligado à sede da pousada, também pode ter dificultado um pedido de socorro. 

Antes da divulgação do exame de dosagem, a principal linha de investigação sugeria um pacto de morte entre o casal ou homicídio seguido de suicídio. Porém, desde o início, familiares dos universitários rechaçaram essas teorias, alegando que os jovens estariam felizes. 

Segundo a Polícia Civil, exames toxicológicos complementares ainda serão concluídos. Outra providência que deve esclarecer o caso é o resultado da perícia feita no local pela equipe de engenharia legal. A previsão é que esses resultados fiquem prontos em 30 dias. O advogado da estalagem, Fernando Júnior, disse que, na suíte, havia instruções de como acionar a lareira. "Se tivessem dúvidas, poderiam ter procurado os funcionários. A lareira tem chaminé, o que poderia ter liberado parte desse gás". (Com Magali Simone)



Fonte: O Tempo

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